1ª brasileira com paralisia cerebral passa por reprodução assistida

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Advogada é a primeira brasileira com paralisia cerebral a aderir a um procedimento de reprodução assistida
Reprodução/Instagram

Advogada é a primeira brasileira com paralisia cerebral a aderir a um procedimento de reprodução assistida

A advogada e psicóloga Nathalia Blagevitch, de 32 anos, se tornou a primeira brasileira com paralisia cerebral a aderir a um procedimento de reprodução assistida para realizar o sonho de ser mãe. Ainda na adolescência, Nathalia passou por uma frustração ao ouvir de uma ginecologista que, por causa de sua deficiência, não poderia engravidar normalmente.

Aos 26 anos, já acompanhada por outra profissional, a advogada decidiu congelar óvulos pela primeira vez. À época, ela começou a sentir dores e precisou tomar medicação para tratar uma fibromialgia. Tomou um susto ao ler a bula, que indicava que o remédio poderia comprometer a fertilidade. “Na hora, eu liguei pra minha médica, e ela disse: ‘Agora é a hora de congelar'”, afirma Nathalia em entrevista ao iG Delas .

Paula Fettback
Arquivo pessoal

A ginecologista Paula Fettback é especializada em reprodução assistida

À época, Blagevitch teve seis óvulos congelados. E no ano passado, voltou à clínica para realizar o descongelamento. Sentiu que era hora de dar mais um passo rumo à maternidade independente. Mas foi embora com mais dúvidas do que respostas, até que seu caminho cruzou com o da médica Paula Fettback, ginecologista especializada em reprodução assistida, que passou a acompanhar o seu caso.

“Em termos médicos, ela me informou que não havia nenhum impedimento por causa da paralisia. A única coisa que ela não aconselha é o parto normal. Aquela foi a primeira vez que eu me vi revoltada com a minha deficiência. Eu queria poder sentir como é uma vida saindo de forma natural. Mas hoje eu já entendi que, se eu ou o bebê não estivermos correndo nenhum risco, a gente não vai para o parto normal, mas eu posso esperar a bolsa romper, sentir as contrações. Eu quero sentir tudo isso”, afirma Nathalia.

Criopreservação (congelamento de óvulos)

Hoje, Nathalia Blagevitch tem 12 óvulos congelados. A Dra. Paula conta que as duas optaram pela criopreservação porque a decisão de fazer ou não uma produção independente ainda era algo que precisava ser avaliado pela paciente. Ou seja, Nathalia poderia eleger um doador por meio de um banco de esperma ou ainda usar os óvulos congelados com um futuro parceiro.

“Quanto mais jovem a paciente for, melhor a qualidade dos óvulos. Quando você tem óvulos congelados, principalmente antes dos 35 anos de idade, as chances de engravidar serão muito maiores do que se passar dos 35. E os óvulos congelados dão uma maior autonomia para a mulher”, explica a ginecologista.

Blagevitch decidiu pela produção independente. Após a escolha do doador e com a amostra em mãos, o próximo passo é a Fertilização In Vitro. “A gente injeta o espermatozoide em cada óvulo para gerar o embrião em laboratório, e esse embrião é transferido para o útero da mulher. Eventualmente, podemos ter mais de um embrião, dois, três, quatro embriões. E como a gente transfere um de cada vez, se ela engravidar de primeira, ainda terá esses embriões congelados para uma segunda, terceira gestação, e assim por diante”.

Paula Fettback reforça que não existe um tempo máximo determinado na literatura para que os embriões permaneçam congelados. Em outubro do ano passado, os Estados Unidos assistiram ao nascimento de gêmeos que se desenvolveram a partir de embriões congelados há mais de 30 anos. Mas, caso o procedimento não seja bem-sucedido, a paciente poderá ter que passar por uma nova coleta de óvulos.

O número de óvulos coletados e congelados varia de pessoa para pessoa, a depender da reserva ovariana da mulher (que diminui com o passar da idade). Outra coisa que também precisa ser avaliada é a qualidade do embrião. E o pré-natal, assim como em qualquer outro caso, leva em consideração a própria indicação obstétrica da paciente.

A princípio, Nathalia poderia engravidar de forma espontânea, mas decidiu optar pela criopreservação por escolha própria. “Se eu pudesse dar um conselho para qualquer mulher na casa dos 20 ou 30 anos, eu diria: ‘Congele. Nem que depois você doe, mas congele!’. Eu não acho que exista um momento certo para ser mãe. Na verdade, se a gente falasse em coisas certas para a maternidade, eu também não estaria nesse cenário: uma mulher com deficiência, a maternidade independente sendo um tabu…”.

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Fonte: Mulher

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