4ª Feira Nacional da Reforma Agrária vai reunir 500 toneladas de alimentos saudáveis em São Paulo

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Após alguns anos sem ser realizada em São Paulo, a Feira Nacional retoma suas atividades em 2023 no tradicional Parque da Água Branca de 11 a 14 de maio

Foto: Priscila Ramos

As cores, os sabores e os aromas da Feira da Reforma Agrária já começam a ocupar São Paulo, anunciando a realização da 4ª edição Nacional da atividade organizada pelo MST. Em lançamento público, o Movimento anunciou os números da próxima edição da Feira. A expectativa é de que durante os dias 11 a 14 de maio, os mais de 1200 feirantes vindos de 24 estados, devem reunir 500 toneladas de alimentos in natura e industrializados.

De acordo com Delweck Matheus, da direção do MST em São Paulo, o quantitativo de produção equivale a mais de 50 caminhões de alimentos vindos para a capital paulista. “A nossa Feira tem o principal objetivo de expor a verdadeira importância da Reforma Agrária na produção de alimentos saudáveis a partir de um outro paradigma de produção, que produz a partir de outra relações humanas, com os bens naturais e com a saúde”, destacou o dirigente em coletiva de imprensa de lançamento da Feira.

Ainda segundo Delweck, a Feira contará ainda com 30 cozinhas no espaço “Culinária da Terra”, produzindo cerca de 95 pratos diferentes. “Traremos para São Paulo, a partir da Culinária da Terra, uma mostra da cultura alimentar do povo brasileiro, promovendo um verdadeiro encontro com os sabores de todas as regiões do país”, sinalizou.

Após alguns anos sem ser realizada em São Paulo, a Feira Nacional retoma suas atividades em 2023 no tradicional Parque da Água Branca, na região central da capital, e já mobiliza milhares de camponeses e camponesas em todo o país para a sua realização.

Também na coletiva de imprensa, Ceres Hadich, da direção nacional do MST, reforçou o papel da Feira na relação com a sociedade, como parte da construção do projeto de Reforma Agrária Popular. Segundo Ceres, o diálogo permanente com a população que está na cidade é fundamental para o fortalecimento da luta pela terra e pela produção de alimentos.

“Essa aproximação construída ao longo dessas décadas de existência do MST, foi fundamental para que atravessássemos nossos 40 anos de organização, com apoio popular, e chegar até aqui”, refletiu Hadich.

Para a diriegente, a relação com a sociedade impulsionada e fortalecida através das Feiras, seja em sua edição nacional ou nos estados, é central frente aos desafios da luta popular camponesa nesse período. “Esparramar e disseminando nosso jeito de ser, de fazer arte, de fazer luta, é um pilar da nossa relação com a sociedade que nos permitiu chegar até aqui e, com isso, compreender também o papel da Reforma Agrária para aqueles e aquelas que vivem nas cidades”.

“Fundamentalmente a Reforma Agrária, e a gente busca expressar a partir das Feiras, quer discutir com a sociedade qual é o nosso projeto de agricultura e como ele dialoga com o projeto popular que nós queremos para o Brasil”, concluiu Ceres.

Lançamento da Cozinha Escola pra Dona Ilda Martins. Foto: Junior Lima

Ato Político

Reunindo ministros, deputados, representantes de organizações e movimentos populares, a Feira foi oficialmente lançada no ato político que inaugurou ainda a Cozinha Escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins.

O ato contou com a presença dos ministros do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, e Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais, além da Secretária Nacional de Diálogos da Secretaria Geral da Presidência, Kelli Mafort. Estiveram presentes ainda uma diversa bancada de parlamentares, entre eles o deputado estadual Eduardo Suplicy (PT), o deputado estadual Simão Pedro (PT), Elaine Mineiro (PSOL), vereadora por São Paulo, pelo mandato Coletivo Quilombo Periférico, além do deputado federal Rui Falcão (PT).

João Pedro Stédile, da coordenação nacional do MST, reafirmou o papel do Movimento Sem Terra na produção de alimentos saudáveis e na construção de um novo modelo de agricultura para o campo brasileiro. “Esse momento é muito importante, pois é dessa forma que realizamos o verdadeiro sentido da Reforma Agrária. A função da agricultura e do MST mudou nos últimos 40 anos”, refletiu Stédile. “No início a gente achava que bastava ocupar terra e estaria resolvido os problemas. Agora nós compreendemos que a função da Reforma Agrária e da Agricultura é produzir alimentos saudáveis para todo o povo”.

Entre falas de apoio ao MST e de destaque à importância da realização da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, o ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar reforçou o compromisso do governo com a agricultura e o combate à fome. “O próximo passo do governo Lula é lançar o programa emergencial de Reforma Agrária. Precisamos continuar lutando para combater a pobreza no Brasil, democratizar a terra, dar oportunidades, produzir alimentos de qualidade e ter comida farta na mesa do povo brasileiro”, comentou o ministro reafirmando o compromisso do governo com a Reforma Agrária.

Cozinha Escola

Também como parte das cerimônias do dia, a atividade realizou a inauguração da Cozinha Escola Pra Brilhar Dona Ilda Martins. Uma parceria com a campanha Gente é Pra Brilhar, Não Para Morrer de Fome, o Grupo Prerrogativas e o MST que teve como ato de fundação a realização de um baquetaço para cerca de 500 pessoas no Galpão da Alameda Eduardo Prado, local onde a cozinha funcionará.

Homenageando Dona Ilda Martins, militante de São Paulo que, a partir da luta por moradia nas periferias, ingressou nas trincheiras do MST, sendo assentada na cidade de Itapeva (SP) e materializou, em sua prática militante, a aliança campo e cidade a partir das ações de solidariedade, a Cozinha Escola pretende ser mais um espaço de articulação coletiva no debate e nas ações em defesa da alimentação saudável e contra a fome.

No cardápio do primeiro dia de funcionamento da Cozinha, uma variedade de pratos com base de arroz, representando a culinária de todas as regiões do país. Desde o baião de dois típico do Nordeste, ao arroz com jambú e tucupi da região Amazônica, a variedade das receitas deram uma potente demonstração do potencial da Cozinha em articulação com os coletivos da capital paulista.

Banquetaço no lançamento da Cozinha Escola pra Dona Ilda Martins. Foto: Junior Lima

Com informações do MST

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