Apesar dos avanços, a presença de mulheres em cargos de liderança ainda é tímida. Uma pesquisa feita pela Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, mostrou que 70% das executivas entrevistadas se sentiam uma fraude no trabalho. De acordo com um outro estudo feito em 2020 pela consultoria de gestão KPMG, a síndrome da impostora abala a confiança de 75% das mulheres no mercado.
Como se não bastasse a desigualdade de gênero, as poucas lideranças femininas enfrentam dificuldades para se estabelecer nos cargos. Dentre as 700 executivas entrevistadas, 56% temiam que as pessoas ao seu redor não acreditassem que elas eram tão capazes quanto o esperado. Já um relatório do Fórum Econômico Mundial sinaliza que vamos levar 136 anos para atingir a equidade de gênero.
Considerando o senso de urgência e mudanças, o Opinion Box, em parceria com a StartSe, elaborou um panorama de estudo sobre liderança feminina no Brasil. Com o título: “Liderança Feminina: a visão delas sobre os desafios de gestão”, a pesquisa – que tem como objetivo compreender quais são as principais barreiras mentais enfrentadas pelas mulheres durante suas jornadas nas empresas – revelou dados surpreendentes sobre as percepções das mulheres no meio corporativo.
Entre as 15 barreiras mentais identificadas pelo panorama, as que mais chamam a atenção é o fato de muitas mulheres terem medo de falar sobre suas conquistas. De acordo com a pesquisa, 52% das líderes afirmaram ter esse medo por parecerem vaidosas e orgulhosas demais, e 46% consideram um desafio recorrente ter que lidar com o estereótipo de que as mulheres são demasiadamente emocionais.
“Infelizmente, isso é muito comum entre as lideranças femininas, porque ainda existe o estereótipo de que a mulher é o ‘sexo frágil’, ou que somos mais emocionais do que racionais. O grande erro está em não observar o contexto. A sensibilidade das mulheres dentro das corporações é benéfica, pois tendemos a desenvolver um papel essencial na construção de um ambiente acolhedor, criativo e com alta performance”, ressalta a psicanalista e CEO do Ipefem (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas), Ana Tomazelli.
Por essa razão, se faz necessário a criação de programas de liderança focados em mulheres. Segundo um estudo feito pelo Diversity Matters, as empresas que possuem lideranças equilibradas (entre homens e mulheres) possuem 14% mais chances de obterem uma performance superior à concorrência.
“A máxima de que ninguém nasce sabendo deve ser a força motriz para que as empresas invistam em ações que promovam cada vez mais inserção de mulheres em cargos de liderança. É preciso dar oportunidade para mais mulheres assumirem sua primeira liderança. Além disso, é importante que quem almeja essa função busque se preparar e se capacitar. Existem muitas formas de fazer isso: cursos, livros, palestras e, principalmente, coletivos de apoio”, explica Ana.
É muito motivador ver grandes empresas se comprometendo nesse sentido. A pesquisa feita pelo Opinion Box revela que 64% das mulheres acreditam que a situação das mulheres no meio corporativo irá melhorar. Considerando as ações de incentivo que muitas instituições promovem, não temos dúvidas de que um novo cenário se aproxima.
Em suma, é fundamental enfatizar a importância de estimular mais mulheres a assumirem cargos de liderança. Além de incentivá-las a falar sobre seus objetivos e da importância em traçar planos e estipular metas. “Temos que ser agentes de mudanças para que outras mulheres possam garantir o futuro profissional que desejam”, conclui a profissional.
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Fonte: Mulher