O ator Bruce Willis recebeu o diagnóstico de demência frontotemporal (DFT) , doença que causa alterações comportamentais, comprometimento da linguagem e, eventualmente, pode também gerar transtornos de memória , e afetar a capacidade de planejar e executar algumas tarefas.
O anúncio foi feito por meio de comunicado da família publicado nas redes sociais nesta semana.
Astro de filmes como Duro de Matar, O Sexto Sentido e O Quinto Elemento, Bruce Willis havia anunciado a aposentadoria no ano passado devido ao diagnóstico de afasia, que, na verdade, trata-se de um dos sintomas da DFT . O distúrbio afeta a capacidade de comunicação e já vinha se tornando um obstáculo para o ator.
De acordo com a Dra. Rosemary Moreno, neurologista do Hcor, a demência frontotemporal se refere ao comprometimento e à perda de neurônios nos lobos frontais e temporais, responsáveis pelo controle do juízo crítico e pela linguagem.
Diferença para o Alzheimer
Conforme a médica, a DFT é relativamente rara, equivalendo de 10% a 15% das demências, além de começar de forma mais precoce, entre 45 e 65 anos, em comparação com o Alzheimer , por exemplo, que se inicia a partir dos 65 anos.
Embora as duas sejam doenças neurológicas , existem diferenças entre elas. Segundo a neurologista, enquanto o Alzheimer se dá pela perda de neurônios nas áreas da memória — com o comprometimento da linguagem acontecendo de forma tardia —, a DFT começa por danos nos lobos frontais e temporais.
Dessa forma, na demência frontotemporal, os principais sintomas são a afasia e as alterações comportamentais, sendo que a memória, nas fases iniciais, ainda é preservada.
“A demência frontotemporal é marcada pela modificação da personalidade, com falas e comportamentos inadequados, como desinibição sexual e agressividade. A linguagem, na emissão ou compreensão, torna-se pobre e vazia”, afirma Rosemary Moreno.
A alteração comportamental, de acordo com Dr. Fernando Freua, médico neurologista da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, pode fazer com que o paciente atinja um dos dois extremos: a pessoa pode ter um embotamento afetivo, tornando-se mais retraída e isolada, ou ficar mais desinibida.
“Os sintomas se manifestam de acordo com a região do cérebro que é comprometida”, explica Freua.
A DFT tem cura?
Assim como outros tipos de demência, a DFT não tem cura.
Embora a grande maioria dos casos de demência frontotemporal aconteçam de forma esporádica, ela tem fator hereditário mais significativo que o Alzheimer , por exemplo. Ou seja, pode se manifestar em mais membros de uma mesma família.
“A doença não tem tratamento específico e é rapidamente progressiva, mas fonoterapia para linguagem e suporte cognitivo são indicados nas fases iniciais. O tratamento médico é dirigido para controlar os sintomas comportamentais da doença, e não a sua causa”, explica a médica do Hcor.
Também não há como evitar a demência, mas é possível tomar algumas medidas para tentar diminuir a incidência de casos, como adotar hábitos saudáveis, evitar alimentos ultraprocessados e praticar atividades físicas.
Além disso, segundo a neurologista, alguns marcadores genéticos da doença estão associados a fatores ambientais, como o tabagismo e o abuso de álcool .
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Fonte: IG SAÚDE