Desde o início do ano, o ChatGPT vem fazendo bastante sucesso em todo o mundo. O chatbot de inteligência artificial (IA), capaz de executar quase qualquer tarefa , surpreendeu muitos usuários, despertando a curiosidade de alguns e o medo de outros.
O grande diferencial desse chat automatizado é que ele foi criado e treinado através de um modelo de IA que permite que ele interaja com as pessoas com uma linguagem natural, soando como um humano.
No nosso dia a dia, usamos diversas ferramentas de inteligência artificial, como os algoritmos de redes sociais, aplicativos de tradução e filtros de fotos, mas o que o ChatGPT fez foi mudar a nossa percepção sobre este tipo de sistema. Embora ele traga avanços tecnológicos, ele não é considerado uma tecnologia disruptiva. Por outro lado, sua adesão e sua fama foram, sim, revolucionárias.
“O ChatGPT vem revolucionando a maneira como nós entendemos o chatbots”, afirma Juliana Roman, pesquisadora e líder de projeto no Instituto de Referência em Internet e Sociedade (IRIS). “Nós já tínhamos a inteligência artificial no dia a dia, mas ninguém colocava necessariamente nesses termos dela respondendo tudo. Muitos tópicos da tecnologia da informação ainda são misteriosos para os não técnicos, e o ChatGPT fez a inteligência artificial entrar em pauta”, completa.
O futuro da inteligência artificial
Além do ChatGPT, muitos outros sistemas que usam inteligência artificial têm ganhado fama nos últimos meses, embora não na mesma proporção do chatbot. Alguns softwares são capazes, por exemplo, de criarem ilustrações , vozes e músicas inéditas. Esses sistemas funcionam de forma similar ao ChatGPT no que diz respeito à utilização de informações presentes em bancos de dados para aprenderem sobre determinado tópico e, depois, criarem produções novas.
Essas novidades devem passar a fazer mais parte do cotidiano das pessoas com o passar do tempo, auxiliando em tarefas básicas. Ao mesmo tempo, tecnologias que usam IA estão cada vez mais presente nas empresas, facilitando processos e estando presentes no cotidiano de todos, mesmo que os usuários finais não se deem conta disso.
O próprio ChatGPT, embora possa ser usado por qualquer pessoa, ainda está em fase de testes, o que significa que novas atualizações chegarão em breve e com frequência, fazendo com que o sistema melhore as tarefas que já executa e passe a realizar novas funções.
No último mês, as gigantes de tecnologia Google e Meta anunciaram seus próprios sistemas de inteligência artificial que trabalham com linguagem, assim como o ChatGPT. Enquanto o Google afirmou que deve disponibilizar sua tecnologia para usuários finais em breve, a Meta afirmou que seu sistema, por enquanto, será destinado apenas a pesquisadores que desenvolvem soluções na área de IA.
Inteligência artificial traz desafios
Desde que foi apresentado ao público, o ChatGPT já apresentou diversos problemas, como a possibilidade de disseminar desinformação e discurso de ódio. Esse tipo de situação levanta a discussão de que desafios já presentes na internet com as redes sociais serão potencializados conforme a inteligência artificial passa a estar mais presente no nosso cotidiano.
Juliana afirma que os sistemas podem ser usados para fins positivos e para fins maliciosos, e esse tipo de análise deve ser prevista pelos desenvolvedores das aplicações. “A inteligência artificial nunca vai substituir a pessoa humana nessa ponderação”, afirma. “Por mais que um software ganhe tamanha repercussão, nós vamos precisar de reguladores e de uma governança da inteligência artificial”, completa.
A especialista afirma que, da mesma forma que o uso de dados pessoais se tornou uma discussão popular nos últimos anos por conta da chegada da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), é importante que os riscos da inteligência artificial também ganhem as conversas dos usuários, assim com o ChatGPT o fez. “Tem que existir esse entendimento social”, defende.
Atualmente, a discussão em torno do tema é a de estabelecer regras para a criação de novas inteligências artificiais, de modo que não haja uma dependência do bom senso das empresas de tecnologia de anteciparem riscos. Parâmetros de transparência, testes e antecipação de riscos precisam ser previstos por lei, e isso já está em discussão mais avançada na Europa e no Canadá, por exemplo.
No Brasil, existe o Projeto de Lei 21/2020, conhecido como Marco Legal da Inteligência Artificial, que foi aprovado no plenário da Câmara dos Deputados em 2021, mas não chegou a ser votado no Senado.
No ano passado, uma comissão de juristas do Senado elaborou um substitutivo a partir deste PL da Câmara e de outros dois apresentados no Senado, trazendo avanços. O substitutivo ainda precisa ser discutido antes de ser votado nas duas Casas.
Fonte: IG TECNOLOGIA