Você sabia que a ocorrência de arritmias cardíacas difere entre homens e mulheres? As arritmias são alterações elétricas que provocam modificações no ritmo das batidas do coração e podem se dar das seguintes formas: taquiarritmia ou taquicardia, quando o coração bate rápido demais; bradiarritmia ou bradicardia, quando as batidas ficam mais lentas; e ainda há casos em que ocorre descompasso, isto é, o coração pulsa de forma desordenada.
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A condição atinge mais de 20 milhões de brasileiros e gera mais de 300 mil mortes súbitas ao ano no país, informa a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC).
É importante salientar que arritmia é diferente de ataque cardíaco. Enquanto uma arritmia cardíaca se dá por distúrbios elétricos no coração, o ataque cardíaco é, na verdade, uma obstrução do fluxo de sangue nas artérias. “O ataque cardíaco geralmente se refere à parada cardíaca, e a parada cardíaca, por sua vez, pode ser consequência de alguns tipos específicos de taquiarritmia, bradiarritmia ou infarto”, explica a médica cardiologista e membro da SOBRAC Luciana Holtz.
Por alguma razão, não 100% conhecida, alguns tipos de arritmias são mais comuns em mulheres do que em homens, especialmente as chamadas “taquicardias supraventriculares”, que se iniciam nos átrios e chegam a ser duas vezes mais frequentes em pessoas do sexo feminino do que do masculino.
Uma das possíveis explicações para isso, segundo especialistas, é que, em média, o coração da mulher tem dimensões menores do que o do homem e, portanto, o volume de sangue ejetado também é menor.
“Na menarca [primeira menstruação], podem surgir alguns tipos de taquicardia que são subdiagnosticadas. Por exemplo: as taquicardias sinusais, que são taquicardias normais, mas são exacerbadas. E quando as meninas são instruídas adequadamente sobre a importância do exercício físico, pode-se prevenir a fadiga na adolescência”, diz a médica.
“Já no período da menopausa, algumas comorbidades quase duplicam, como a fibrilação atrial [descompasso] e as taquicardias extrassístoles, assim como a gente sabe que há aumento da ocorrência de hipertensão, diabetes, insônia… Existe outra arritmia mais grave que pode ser mais frequente nas mulheres, principalmente no período de puerpério, que é a síndrome do QT longo [intervalo que as células cardíarcas demoram para se recuperarem eletricamente depois de uma contração do coração]. Então, nós temos que ter atenção redrobrada na saúde da mulher”, completa.
Outro ponto que merece destaque é que há maior incidência de arritmias cardíacas durante a TPM (tensão pré-menstrual) e o ciclo menstrual — a depender do fluxo de cada mulher —, quando ocorre aumento de progesterona (hormônio sexual).
O tratamento hoje em dia raramente é feito por cirurgia, é por intervenção através de cateter, que a gente chama de “ablação por radiofrequência”. Existem também as medicações para arritmia, mas muitas não estão disponíveis no Brasil.
“A grande maioria das arritmias pode ser tratada com suplementos de magnésio, medicações betabloqueadoras, mas também existem os antiarrítmicos propriamente ditos, que infelizmente, aqui no Brasil, nós só temos três tipos disponíveis, enquanto no resto do mundo, existem pelo menos três vezes mais antiarrítmicos disponíveis para a população”, comenta Luciana Holtz.
Em geral, as medicações são consideradas semelhantes ao que já tem no país, e muitas vezes, por um custo mais elevado, acabam não sendo comercializadas, segundo a médica. “Entretanto, para nós, especialistas, isso acaba sendo uma limitação significante. Quando a gente trata arritmia, a gente precisa de uma individualização do tratamento, e mesmo que duas medicações sejam semelhantes, para um quadro específico do paciente, é melhor a medicação A do que a medicação B”.
Embora possam variar de pessoa para pessoa e, em alguns casos, se darem de forma assintomática, em geral, as arritmias cardíacas provocam sintomas como sensação de cansaço constante, palpitações no peito, tontura e desmaios repentinos, ainda de acordo com a SOBRAC.
Entre os fatores de risco para o surgimento de arritmias cardíacas estão o tabagismo, consumo excessivo de bebidas alcoólicas, cafeínas ou substâncias ilícitas, sedentarismo, sobrepeso ou obesidade, hipertensão e predisposição genética.
“Apesar de, em geral, as mulheres serem mais atentas às consultas de check-up , ao autocuidado, por outro lado, a gente ainda tem uma negligência aos sintomas como palpitação, dor no peito, tontura, e isso tem que ser avaliado de maneira detalhada, porque, na maioria das vezes, estão associados a fatores benignos, mas também merecem atenção, uma vez que podem aumentar o risco de AVC e morte súbita”, finaliza a cardiologista.
Não raramente esses sintomas são atribuídos pelas mulheres a fatores emocionais, como crises de pânico, estresse ou ansiedade, o que acaba por retardar o diagnóstico e o tratamento preventivo.
Fonte: IG Mulher