Datafolha: 45% são contra privatizações, mas favoráveis crescem

Economia
Edifício sede da Petrobras
Fernando Frazão/Agência Brasil

Edifício sede da Petrobras

Em meio a discussões sobre reversão de privatizações feitas no último governo , e remoção de estatais da “fila de espera” para leilão, o governo Lula tem uma boa notícia: grande parte da população (45%) se diz contrária a privatizações.

O número de pessoas favoráveis às vendas, no entanto, está no maior patamar desde 2017, quando começou a série de pesquisas, atingindo 38%. Cinco anos atrás, esse percentual era 20%. No geral, homens apoiam mais (46%) do que as mulheres (30%).

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Na última rodada da pesquisa, em setembro de 2022, apenas 26% se diziam a favor da transferência de empresas e serviços públicos ao setor privado, enquanto 66% eram contrários.

A virada na tendência da pesquisa acontece após o segundo turno, quando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é derrotado com discurso de diminuição do tamanho do Estado para o atual presidente, que propõe maior intervenção estatal na economia.

Segundo o Datafolha, 70% dos apoiadores do PL são favoráveis às privatizações. Entre os simpatizantes do PT, apenas 28%.

Depende do setor

Quando o assunto é Petrobras, a adesão à privatização é ainda menor (37% a favor, 53% contra; os demais são indiferentes ou não sabem). O mesmo acontece em relação aos bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica federal (36% a favor, 55% contra). No caso dos Correios há um virtual empate entre os favoráveis à privatização (45%) e os contrários (46%).

Quanto a setores que já receberam investimentos privados, como rodovias, o apoio cresce: 48% dos entrevistados são a favor das privatizações; 44%, contra.

No setor de aeroportos, 47% apoiam a privatização, enquanto 42% são contra.

No saneamento básico, em que quase a metade da população ainda não tem esgoto tratado, 49% dos brasileiros apoiam a privatização; 44% são contra.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira (7) a retirada dos Correios e outras estatais de programas voltados para a privatização.

No total, foram sete empresas excluídas do Programa Nacional de Desestatização (PND) e três do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI). Veja quais:

PND

  • Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT);
  • Empresa Brasil de Comunicação (EBC);
  • Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência (Dataprev);
  • Nuclebrás Equipamentos Pesados S.A. (Nuclep);
  • Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro);
  • Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias S.A. (ABGF);
  • Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada S.A. (Ceitec).

PPI

  • Armazéns e imóveis de domínio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab);
  • Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural S.A. – Pré-Sal Petróleo S.A. (PPSA);
  • Telecomunicações Brasileiras S.A. (Telebras).

O Datafolha aponta ainda que quanto maior o grau de escolaridade e renda, maior a adesão às privatizações. Mas, mesmo entre as famílias mais pobres, com renda até dois salários mínimos, o apoio não é muito discrepante da média da população —34% e 38%, respectivamente.

Qualidade dos serviços

O Datafolha coletou também informações sobre a percepção de qualidade dos produtos e serviços entregues pela iniciativa privada em comparação aos de estatais. A maioria (54%) considera melhores os privados; 25% os acham piores; 6% consideram iguais e 15% não souberam responder.

Quanto aos preços, 67% responderam que o valor cobrado pelas empresas privadas é mais caro, enquanto 19% consideram os públicos mais baratos. Quanto mais pobre a família, maior a percepção de que os preços privados são mais elevados.

Em termos etários, 63% dos que têm entre 16 e 34 anos consideram os produtos e serviços privados melhores do que os estatais. Para os acima de 60 anos, só 42% têm essa avaliação. Os mais jovens, no entanto, acham mais caros os produtos e serviços privados do que os mais velhos.

A pesquisa Datafolha ouviu 2.028 pessoas com 16 anos ou mais em 126 municípios nos dias 29 e 30 de março, e tem margem de erro de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Fonte: Economia

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