A Petrobras anunciou nesta terça-feira (16) a alteração na política de reajuste de preços dos combustíveis . Na prática, a estatal passa a depender menos do Preço de Paridade Internacional (PPI), que leva em consideração as variações internacionais do petróleo e do dólar, e começa a levar em consideração também outros aspectos, tendo mais flexibilidade.
A novidade foi recebida, de modo geral, positivamente pelo mercado, embora ainda haja algumas ressalvas por parte de investidores. Após o anúncio, as ações da Petrobras subiram mais de 3% .
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o perfil geral do Portal iG
“Nenhuma novidade em relação ao nosso cenário base, que previa alteração da PPI em maio e continuidade da precificação lastreada em referências externas, aliada à questões regionais. A Petrobras segue com uma política de mercado e entendemos que a reação deve ser positiva, uma vez que havia muita desconfiança pairando sobre esse anúncio”, afirma Frederico Nobre, líder da área de análise da Warren.
Heitor De Nicola, especialista de Renda Variável e sócio da Acqua Vero, concorda que o mercado recebeu bem a mudança porque ela não foi “tão radical como o esperado”.
“A ideia é que abdicando da obrigatoriedade de seguir a PPI, a Petrobras consiga ser mais competitiva em alguns mercados, sem ferir a rentabilidade da companhia”, analisa Frederido, que diz que “ajustes baixistas tendem a continuar ocorrendo mais rápido do que os altistas”.
Amance Boutin, especialista em combustíveis da Argus, diz que é possível esperar preços mais baixos dos combustíveis do que quando a política baseada exclusivamente no PPI estava em vigor.
Ressalvas do mercado
Apesar de ter visto a novidade com positividade, setores do mercado ainda têm algumas ressalvas quanto à mudança. Heitor afirma que nova política pode impactar os resultados da Petrobras e, portanto, a arrecadação do governo.
“Tais mudanças na precificação podem impactar os resultados da empresa no médio e longo prazo, uma vez que os lucros ficam mais dependentes de um aumento nas vendas para compensar os preços menores praticados na nova política”, analisa.
Há analistas que ainda apontam para risco de escassez de combustíveis por conta da nova política de preços. Além disso, há críticas ao fato da Petrobras não ter deixado claro quais custos estão incluídos no custo da empresa, um dos novos critérios para reajustar os preços.
“Isso dá margem para medidas discricionárias em relação aos preços dos combustíveis para conter artificialmente a inflação”, avalia Pedro Raffy Vartanian, Professor Doutor do Mestrado Profissional em Economia e Mercados da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Fonte: Economia