Bolsonaristas pretendem usar CPI do MST para evitar punição pelo 8/1

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Ricardo Salles e Kim Kataguiri
Lula Marques/ Agência Brasil – 24.05.2023

Ricardo Salles e Kim Kataguiri

Iniciada nesta terça-feira (23) na Câmara dos Deputados, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga as invasões de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) pelo Brasil começou com intensos bate-bocas e com um forte idealismo comandado por deputados bolsonaristas.

Tendo como ponto de partida o próprio presidente da CPI, o deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), que é investigado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul por suposto apoio aos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, a chapa eleita para presidir a investigação tem na relatoria o ex-ministro do Meio Ambiente de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles (PL-SP), e o deputado Kim Kataguiri (União-SP) na primeira vice-presidência.

Segundo avaliações de especialistas, os deputados bolsonaristas devem usar a CPI para ganhar uma visibilidade não adquirida até o momento. No entanto, tal exibição pode ser de risco já que vários deles são investigados em outras CPI’s.

Além disso, eles devem tentar usar a CPI conseguir um possível apoio do agronegócio tentando evitar uma punição ao 8 de janeiro. No requirimento de abertura da comissão, os deputados afirmam terem sido motivados pelas recentes invasões do movimento em 2023. Já que, de janeiro a abril, o MST realizou 33 invasões de imóveis rurais no país – número recorde desde 2017.

Bate-boca e corta de fala

A CPI do MST começou nesta terça-feira (23) e já ocorreram os primeiros confrontos entre a base governista e a oposição . Em menos de uma hora, houve trocas de acusações, muito bate-boca e até socos n mesa do plenário. O mais exaltado foi deputado federal Valmir Assunção (PT-BA), que se irritou com a fala do parlamentar Éder Mauro (PL-BA).

“São poucos os assentados que realmente produzem alguma coisa. Queremos levantar quem está à frente desses atos criminosos, dessa marginalidade que invade terras produtivas”, afirmou Éder.

Assunção não se segurou e começou a gritar contra o colega de Câmara. Ele deu socos na mesa e avisou para todos os presentes que não ficaria calado diante das acusações. “Sou deputado federal. Não sou marginal. Você não vai generalizar”, declarou o deputado.

Éder chegou a reclamar da situação e disse que estava sendo interrompido pelo colega. No meio do bate-boca, Talita Petroni (PSOL-RJ) e Sâmia Bomfim (PSOL-SP) saíram em defesa do deputado petista e lembraram que Mauro foi investigado por um suposto envolvimento em crime de tortura.

“Quem está acusando é quem apoia tortura”, disseram as deputadas. Porém, o processo foi julgado improcedente pela Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal, ou seja, o deputado é inocente.

Ainda durante a comissão, a deputada federal Sâmia Bonfim (PSOL-SP) teve o microfone cortado pelo Tenente-coronel Zucco (Republicanos-RS), presidente da CPI do MST, após inserir na sua fala a informação de que ele voltou a ser investigado pela Polícia Federal por conta da suspeita de envolvimento em atos golpistas .

“Acabou de sair a noticia de que o Moraes autoriza a Polícia Federal a retomar a investigação do presidente da CPI do MST pela participação em atos antidemocráticos. Que até agora o senhor estava dizendo que era mentira”, dizia a parlamentar quando, neste momento, teve o áudio interrompido por Zucco.

Logo na sequência, o Tenente-coronel afirma que não iria permitir o que chamou de “ataques pessoais”, e que o assunto levantado pela deputada do PSOL não era pauta da CPI em questão.

“Deputada Sâmia, eu aceitei a questão de ordem do deputado Kim. Nós não vamos permitir ataques pessoais. Sobre essa nota que a senhora falou, já tinha sido publicada. Deputada Sâmia, isso não é pauta dessa CPI”, ressaltou o presidente da Comissão.

Objetivos da CPI do MST

A Comissão Parlamentar de Inquérito do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra foi aberta na manhã do dia 17 de maio por conta da pressão feita pela bancada de oposição ao governo do presidente Lula.

A CPI tem como objetivo principal apurar quem são os financiadores das recentes ocupações feitas pelo Movimento dos Sem Terra, que totalizam 60 ações desde que Lula assumiu a presidência.

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Fonte: Nacional

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