Os primeiros anos de vida da criança são caracterizados por mudanças drásticas no desenvolvimento, durante a transição de recém-nascido para a infância. O sono é uma das necessidades primárias do cérebro durante o desenvolvimento inicial e desempenha um papel importante no desenvolvimento cognitivo e psicossocial saudável no início da vida.
Dormir o suficiente e a qualidade do sono são vitais para a saúde e bem-estar. Enquanto dormimos, o corpo trabalha para apoiar a função cerebral e manter a saúde física. E para os bebês, este é o momento em que seus corpos e mentes crescem e se desenvolvem.
O sono é reconhecido como um estado de repouso, concomitante com um estado de intensa atividade cerebral. De acordo com estudos multidisciplinares do Cincinnati Children’s Hospital Medical Center, de Ohio, Estados Unidos, é nesse período que acontece a maturação do sistema nervoso central (SNC) dos bebês.
A professora Aline de Souza Santana, de 39 anos, mãe de Fernando (6) e Bruno (4), conta que até os dois anos, o mais velho tinha muitos problemas para dormir. “O Fernando, por exemplo, após dormir, se mudássemos de posição ou de local, ele acordava e chorava por horas. Se dormisse no carro, no bebê conforto, e nós tentássemos colocar no berço, ele não deixava mais ninguém dormir, era um sufoco”, relembra a mãe.
A educadora parental e neurocientista especialista em sono e comportamento infantil Jéssica Africano destaca que casos como o do Fernando são comuns, afinal não nascemos sabendo dormir e, por isso, os bebês sentem tanta dificuldade e, quando não dormem, a família também não. Por mais fisiológica que seja, a forma como adormecemos é moldada pelos comportamentos e hábitos adquiridos. “O momento de dormir é o mais vulnerável do dia do bebê. Para que ele se desligue, é se necessário sentir seguro emocionalmente”, diz.
O sono é fundamental no crescimento e desenvolvimento das crianças, pois é um momento em que acontecem importantes reações metabólicas e a liberação de hormônios fundamentais, controle da pressão arterial da glicose, aumento de imunidade, limpeza das células e regulação do humor e do apetite.
Por outro lado, a falta de hábitos de sono na infância também pode afetar o funcionamento psicológico, desempenho cognitivo e estado de desenvolvimento geral da criança, causando problemas de internalização, como timidez, inibição, depressão e ansiedade de separação — comportamentos que, muitas vezes, são confundidos com hiperatividade e ansiedade.
A neurocientista explica que, durante o sono, o cérebro repassa tudo que foi aprendido durante o dia, depois transfere para a memória de longo prazo e armazena as informações em áreas específicas do cérebro. Por isso, o sono é fundamental para que a criança se desenvolva emocional, física e cognitivamente.
“Aprender a dormir com autonomia é um processo parecido com o de aprender a andar. Uma criança que dorme bem consegue desenvolver seu sistema neurológico, se autorregular, aprender melhor e fortalecer seu sistema imunológico”, finaliza a especialista.
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Fonte: Mulher