Com a iminência da estreia do filme protagonizado pela personagem Barbie, surge uma oportunidade para refletir sobre o impacto que essa boneca tem tido nas mulheres reais e nas crianças, tanto no passado quanto no presente. Segundo o especialista em concursos de beleza, Evandro Hazzy, a Barbie é uma boneca que representa o ideal máximo.
Ela serve como uma fonte de inspiração para crianças ao redor do mundo, sendo considerada um ícone da moda. Além disso, a Barbie possui uma casa incrível, os melhores amigos e o parceiro perfeito, que é completamente apaixonado por ela. Para as meninas do Brasil, a Barbie se torna um sonho inatingível e irreal.
“A realidade vivida pelas crianças que crescem em regiões periféricas é completamente oposta ao conceito representado pela Barbie. A única semelhança reconfortante que podemos encontrar entre essas crianças e a boneca é a disposição constante em apoiar e torcer pelos amigos, independentemente dos desafios que enfrentem”, declara Evandro.
“Apesar de ter 64 anos, o mercado, a tecnologia e a medicina evoluíram, e é hora da boneca acompanhar esse processo de envelhecimento. Ao longo dessas décadas, seu rosto permaneceu o mesmo nas prateleiras. Eu criaria uma nova versão da Barbie na melhor idade. Sonhar é maravilhoso, mas precisamos enfrentar a realidade”, afirma o especialista em beleza.
A Barbie se transformou em algo muito além de um simples objeto e se tornou um poderoso símbolo de inspiração na moda e na busca por ideais de beleza. Evandro Hazzy possui sua própria opinião a respeito: “A Barbie é um mundo irreal. Seu corpo não reflete as mulheres de hoje, que são sonhadoras e lutadoras, mulheres que acordam cedo e batalham por um futuro melhor! A Barbie é pura imaginação e precisa ser vista como um brinquedo. Eu não consigo trazê-la para a nossa realidade. Eu respeito sua história comercial e isso encerra o assunto”.
Como um grande conhecedor e promotor desse segmento da beleza, Evandro fez história e é reconhecido como um dos profissionais mais importantes na história do Miss Brasil. Além de ter guiado oito jovens à vitória, ele trouxe destaque novamente ao concurso com o polêmico caso de Juliana Borges, que passou por 19 cirurgias para obter um rosto de boneca. O resultado foi a vitória da Miss e uma projeção internacional para ela e o evento. “Na minha infância, eu sempre brincava de Barbie. Elas eram como misses, e eu as preparava para desfilar na passarela. Desde então, eu já sabia qual era o meu objetivo final”, concluiu o missólogo.
Corpo de plástico
Cirurgião plástico pioneiro da lipoaspiração no Brasil e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Dr. Luiz Haroldo Pereira também comenta a influência das curvas delineadas e do corpo extremamente magro da boneca mais famosa do mundo nas salas de cirurgia e os riscos do excesso para atingir o padrão Barbie.
“Com pouco mais de 60 anos de história, a Barbie foi um fenômeno mundial. Sempre muito magra e com traços extremamente finos, tornou-se um padrão de beleza, assim como o Ken, que surgiu logo depois. Vistos como a estética perfeita, todo mundo começou a sonhar em se tornar uma Barbie, já que as bonecas eram vendidas e admiradas no mundo inteiro”, diz o médico.
A cirurgia plástica foi evoluindo ao mesmo tempo e obviamente sendo influenciada pelo padrão que estava em alta. “Então os pacientes começaram a querer ficar cada vez mais magros, sendo que muitas pessoas estavam bem acima do peso e é impossível fazer uma lipoaspiração para o emagrecimento, porque diferente do que se imagina, a lipo não é uma ferramenta para emagrecer e sim para retirar a gordura localizada. Então os riscos começaram a surgir”, conta Haroldo Pereira.
Além disso, passou-se a desejar a face cada vez mais fina, retirando a gordura das bochechas e afinando também o nariz cada vez mais. Como consequência, quem embarcou direto nessa e não pensou no futuro e nos exageros, começou a lidar com o aspecto do exagero e as complicações.
“Precisamos principalmente observar a individualidade de cada um. Diversas pessoas já chegaram ao meu consultório com a fotografia de algum artista ou até mesmo da própria Barbie, achando que poderiam ficar igual. Isso vai muito além da estética e passa a ser um problema psicológico. Um bom cirurgião não aceita operar nesses casos. Cada pessoa tem seus defeitos e até deformidades que podem ser corrigidas na cirurgia, mas sem exageros e sem modismos”, alerta o médico.
“Hoje a SBCP tem orientado muito mais aos seus membros desde a formação para não cair nos exageros e nos riscos como operar em consultórios com a promessa de cirurgias rápidas de pronta recuperação e com isso provocando riscos até de morte”, assegura Haroldo Pereira.
Para o médico, a beleza vem do interior, então é cada vez mais importante não buscar por resultados surreais que se vê na internet. “Todos são a Barbie nas redes sociais e nós sabemos que a realidade é bem diferente.”
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Fonte: Mulher