Educação positiva: como aprender a criar os filhos com calma

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Autora explica o que é educação positiva
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Autora explica o que é educação positiva

Após o enorme sucesso de “A raiva não educa. A calma educa”, a pedagoga e educadora parental Maya Eigenmann volta à carga com o lançamento de seu segundo livro, “Pais feridos, filhos sobreviventes e como quebrar este ciclo”. Em entrevista exclusiva ao iG Delas, Maya Eigenmann, fala sobre os conceitos de educação positiva, da calma como caminho na criação dos filhos e sobre como os pais podem superar os próprios traumas no processo.

O que é a educação positiva?

Maya Eigenmann : A educação positiva é um caminho para se relacionar com as crianças de forma a respeitá-las integralmente. O embasamento da educação positiva é a inteligência emocional, o desenho original do ser humano, a ciência do desenvolvimento e o apego seguro. Nos baseamos nesses quatro pilares para entender a infância e compreender a preciosidade de proteger a infância, de reduzir traumas para que as crianças cresçam com mais saúde.

De que forma os traumas dos pais podem influenciar na educação?

Na verdade, os traumas influenciam diretamente na própria saúde da criança, conforme ela vai amadurecendo e se desenvolvendo. Quando os traumas dos pais são passados para frente, são compartilhados em forma de dor. Por exemplo, vamos imaginar que um adulto, na infância, não pudesse chorar e, quando chorava, talvez, os próprios pais brigavam, batiam e xingavam. O cérebro dessa criança associou o choro a algo perigoso. Essa criança se tornou um adulto e agora tem uma criança que chora. Se ele não cuidar dos próprios traumas, vai acabar exercendo esse mesmo controle sobre o filho para evitar que ele chore, porque o cérebro foi condicionado a acreditar e a sentir que a raiva e o choro têm que ser controlados e aniquilados. Quando o adulto começa a cuidar dos traumas, entende que essa associação negativa vem da própria infância, e a redução de danos significa permitir que o próprio filho chore.

Como quebrar o ciclo de violência?

Quebrar o ciclo de violência é tomar consciência de como a minha história e as vivências que me feriram, caso não olhe para elas, vão respingar nos meus filhos, inevitavelmente. Não só nos filhos, na verdade, mas em todas as relações, principalmente, com os filhos, porque eles não saberão se defender das reações. Então, o caminho é essa tomada de consciência.

Quais dicas você dá para os pais para que tenham uma relação saudável com os filhos?

A dica principal é se permitir olhar para a própria história e tomar consciência do que se viveu para não continuar o ciclo desse trauma transgeracional. Meus livros – “A raiva não educa. A calma educa” e “Pais feridos, filhos sobreviventes e como quebrar este ciclo” – ajudam nessa tomada de consciência, principalmente, para entender o que é violência, justamente porque, muitas vezes, normalizamos violência contra crianças. No geral, as pessoas entendem que não podem bater, mas tem muitos outros tipos de violência mais sutis que praticamos diariamente, e nem prestamos atenção. Nos meus livros, tento abrir os olhos em relação a isso, então acredito que podem realmente auxiliar os adultos nessa tomada de consciência para que eles possam construir uma relação a partir disso.

Como ter calma com os filhos?

A questão da calma não é criar a ilusão de que vamos estar sempre calmos. Pelo contrário, é abraçar e reconhecer a nossa volatilidade emocional e entender que vamos ter momentos de raiva e frustração. Ao invés de tentar engolir essa raiva, vamos nos conscientizar e cuidar dela. Então, por exemplo: acordei super irritada e comecei a ficar ríspida com a minha família toda, meus filhos e meu marido. Preciso perceber e falar: ‘Gente, não é isso que fazemos aqui em casa. Nosso compromisso é com o respeito’. Nomeio, peço desculpa e digo que não estou na minha melhor versão. É importante trazer esse esclarecimento para que os filhos, principalmente, saibam que eles não são os responsáveis pelas reações, porque a criança sente a culpa. Assim, alivio a criança dessa responsabilidade. Em casos assim, tomo um banho e fico me conectando com memórias e lembranças boas com os meus filhos e com meu marido. Me regulando. Saindo do banho, peço para o meu marido me dar um abraço longo e demorado, também para regular o meu sistema nervoso. Consigo estar melhor para as minhas crianças e para a minha família. A redução de danos é o nosso foco.

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Fonte: Mulher

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