Uma pesquisa da Zuban Córdoba y Asociados , que ouviu 1400 argentinos maiores de 16 anos nos dias 13 e 14 de dezembro revela que apesar do resultado eleitoral, a maioria dos eleitores desconfia do futuro do governo do novo presidente, Javier Milei.
De acordo com os dados, 38,5% dos eleitores relata “muita desconfiança” sobre o futuro do novo governo, enquanto 11,5% responderam que sentem “desconfiança”.
No sentido contrário, 17,1% sentem “confiança” sobre o futuro da gestão, enquanto 31,6% declararam ter “muita confiança” no governo de Milei. Há ainda 1,3% de eleitores que não souberam/não opinaram.
Se somarmos os percentuais, 50% desconfiam do futuro do novo governo em alguma medida, e 48,7% do eleitorado relata confiar na gestão do novo presidente.
A pesquisa também aponta as escolhas eleitorais dos entrevistados. Analisando a votação do primeiro turno, o índice de “muita confiança” mais alto foi de eleitores do próprio Milei (66,5%), seguidos dos eleitores de Patricia Bullrich (46,9%).
No extremo oposto, a maior parte dos eleitores que relatou “muita desconfiança” votou em Sergio Massa (80,6%), em Juan Schiaretti (51,5%) ou Myriam Bregman (47,5%).
No segundo turno, 60,3% dos eleitores que sentem “muita confiança” no futuro do governo votaram em Javier Milei, e 2,6% em Sergio Massa. Entre os que relatam “muita desconfiança” em relação ao governo Milei, 78,2% votaram em Massa, e 6,2% votaram no atual presidente.
Aumento de preços
Javier Milei tomou posse no dia 10 de dezembro de 2023. O início deste mês foi marcado pelo aumento da já elevadíssima inflação na Argentina, especialmente nos preços de produtos essenciais.
Buscando mensurar a opinião popular em relação a essa elevação nos preços e os responsáveis por ela, os pesquisadores questionaram os entrevistados com a seguinte pergunta: “Para você, quem é o responsável pelos brutais aumentos de preços dos produtos essenciais nos últimos 10 dias?”.
Para 48,8%, a culpa é do governo anterior, de Alberto Fernández, enquanto 31,6% culpam a gestão do recém-empossado Javier Milei.Há ainda 18,9% que enxergam uma “responsabilidade compartilhada” por ambos, e 0,7% dos entrevistados não sabem ou não responderam.
Mais ou menos?
A pesquisa também buscou aferir a percepção do eleitorado em relação aos índices de concentração de riqueza, segurança, repressão policial , especulação financeira, pobreza, dívida externa, privilégios dos mais ricos e dos políticos, entre outros aspectos, com a ascensão de Milei ao poder.
Os resultados mostram que 72,4% dos entrevistados acredita que haverá mais repressão policial, enquanto 14,8% pensam o contrário e 12,8% não sabem; 59,5% creem num aumento da concentração de riqueza, 27,4% esperam uma redução e 13,1% não sabem; além de 53,3% que apostam em mais segurança, enquanto 36,8% esperam uma piora e 9,9% não sabem.
No que diz respeito à especulação financeira, 52,9% creem num aumento, enquanto 29,7% acreditam que haverá uma queda e 17,4% não sabem. Além disso, 50,7% acreditam que os índices de pobreza vão subir, 42,6% esperam uma redução e 6,7% não sabem.
A maior parte dos entrevistados acredita que o governo Milei trará menos privilégio políticos (53,2%), menos educação pública (49,2%), mais dívida externa (47,6%), mais privilégios para os ricos (48,8%) e mais honestidade (49,5%).
Plano Motosserra
Em sua primeira semana na presidência, Javier Milei anunciou um plano de reajuste econômico, que está sendo chamado de “plano motosserra”, numa referência à campanha eleitoral do novo mandatário.
Em alguns dias, o novo chefe do Executivo da Argentina desvalorizou o câmbio oficial, anunciou cortes nos subsídios aos transportes e energia, além de reduzir os gastos públicos de uma vez, sem um período de transição.
Diante da pergunta “você considera que as medidas de ajuste propostas por Milei vão prejudicar você ou a sua família?”, 78,8% dos entrevistados responderam que sim, 13,1% disseram não, e 8,2% não sabe.
Os pesquisadores também apresentaram algumas afirmações para medir o quão de acordo a população está ou não em relação a cada uma delas. A ideia de “realizar um forte ajuste econômico” conta com a aprovação de 37,7% dos entrevistados, que declararam estar “totalmente de acordo” com a proposta. Outros 14,2% “concordam parcialmente”, 5,2% discordam parcialmente, enquanto 41,5% discordam totalmente e 1,4% não sabem.
Já a frase “realizar um ajuste econômico gradual” agradou totalmente a 14,6% e tem a aprovação parcial de 33,2%, enquanto desagrada parcialmente a 14,3% e não têm apoio nenhum de 34,6%, além dos 3,3% que não sabem.
Novo empréstimo
Na sexta-feira (15), o banco de desenvolvimento da América Latina e Caribe (CAF) aprovou um empréstimo de 960 milhões de dólares – o equivalente a R$ 4,74 bilhões – para que a Argentina não fique inadimplente no pagamento de um empréstimo anterior contraído junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
A pesquisa – que foi realizada antes da concessão do novo crédito – questionou o eleitorado sobre a possibilidade do país pedir um novo empréstimo em dólar. O resultado mostra que a esmagadora maioria – 57,8% – são totalmente contrários ao novo empréstimo, enquanto apenas 5,2% dão total apoio à decisão de pedir mais crédito.
Fonte: Internacional