Nesta quarta-feira (03), uma procissão foi feita para marcar os quatro anos de morte do general iraniano Qassem Soleimani, morto em 2020 pelas forças dos Estados Unidos, durante um ataque com drones. A marcha acabou em tragédia, após duas bombas explodirem próximo ao local de sepultamento do militar, deixando ao menos 103 mortos e 141 feridos na cidade de Kerman, no sul do Irã.
A informação foi dada pelos noticiários iranianos, que classificam o ataque como terrorista , embora até o momento nenhum grupo tenha reivindicado a autoria.
Qassem Soleimani
Nascido em 1957, em Qanat-e Malek, no Sudeste do Irã, Soleimani se mudou para Kerman ainda pequeno. Trabalhou durante parte adolescência na construção civil, entrando para a recém-criada Guarda Revolucionária após a Revolução Iraniana. Comandou a 41ª Divisão durante a Guerra Irã-Iraque (1980-1988), onde participou das operações de destaque do conflito, com o intuito de defender a fronteira orinetal do país.
Conhecido como “comandante-sombra” do país persa, Soleimani foi um dos homens mais poderosos do Irã. Foi chefe da Força al-Quds da Guarda Revolucionária entre 1998 e 2020. A divisão é uma unidade de elite do Exército ideológico da República Islâmica, responsável por cuidar das operações do país no exterior. Os Estados Unidos, no entanto, classificou a organização como terrorista.
Durante a liderança de Soleimani, a Força al-Quds estabeleceu alianças, que possibilitaram que pudessem atuar em diversas regiões do Oriente Médio. O Irã iniciou o aporte financeiro para o treinamento militar dos soldados, os houthis no Iêmen. O general ficava encarregado pelas negociações com os líderes locais, indo aos campos para treinar e lutar ao lado das milícias.
Soleimani era visto como um homem carismático e evasivo, sendo alvo de mitos e memes nas redes sociais. Acabou se tornando nos últimos anos de sua vida uma figura mais popular, ganhando documentários, reportagens e até músicas pop.
Foi considerado como herói de guerra e peça chave no aparato de segurança, pois trabalhou em um aparato de segurança que impedia uma ação direta das potências estrangeiras contra o Irã. O aiatolá Ali Khamenei, líder máximo no país, o descrevia como “mártir vivo”.
No dia 3 de janeiro de 2020, aos 62 anos, Soleimani foi morto quando deixava o aeroporto de Bagdá, junto a integrantes de uma milícia armada iraquiana que era aliada do Irã. O bombardeio feito através de drones foi ordenado pelo então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
A morte de Soleimani teria ocorrido após manifestantes invadirem a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, tendo confrontos com as forças norte-americanas locais. Segundo o Pentágono na época, o líder iraniano teria aprovado o ataque.
A morte do general levou a um aumento nas tensões entre Washington e Teerã. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, prometeu uma “vingança severa” contra os “criminosos” responsáveis. O governo americano foi condenado por um tribunal iraniano a pagar US$ 50 bilhões por perdas e danos causados pela morte do general, que era a peça-chave no aparato de segurança local.
Fonte: Internacional