O embaixador do Brasil em Tel Aviv, Frederico Meyer, foi chamado de volta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Brasil para consultas. A informação é da coluna da jornalista Mônica Bergamo.
Na ausência de Meyer, a embaixada brasileira será liderada temporariamente por um encarregado de negócios.
Entenda o caso
A medida é tomada quando um país quer explicitar contrariedade com os atos de outra nação. Não é, ainda, um rompimento de relações diplomáticas.
Neste caso, essa é uma resposta ao fato de Israel ter convocado o diplomata para uma reprimenda ao Brasil depois que o petista comparou o que ocorre na Faixa de Gaza ao Holocausto.
As declarações de Lula abriram uma crise diplomática com o governo israelense. Nesta segunda (19), o Ministério das Relações Exteriores do governo de Binyamin Netanyahu declarou o líder brasileiro “persona non grata”.
Mais além, a pasta fez uma reprimenda ao embaixador brasileiro Frederico Meyer no Memorial do Holocausto, o Yad Vashem. O gesto foi classificado por um diplomata brasileiro como “show”. Normalmente, advertências a embaixadores são feitas nas sedes das chancelarias.
Agora, Lula convoca o diplomata Meyer para voltar ao Brasil. Mais cedo, uma mensagem da primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, defendendo o presidente deixou claro que Lula não pretende recuar de suas falas, nem pedir desculpas a Israel, como o governo de Binyamin Netanyahu exige.
Memorial do Holocausto
A decisão de promover o encontro com Meyer no Memorial do Holocausto pode ser vista como uma mensagem. Criado em 1953, o espaço em Jerusalém reúne vários museus, centros de pesquisa e educação sobre o Holocausto nazista, que matou 6 milhões de judeus.
No local estiveram o chanceler Israel Katz e o embaixador Frederico Meyer. O ministro israelense deu declarações à imprensa e também mostrou ao diplomata brasileiro a lista com nomes de seus próprios familiares vítimas do regime nazista.
Declaração do presidente Lula
Lula afirmou no domingo (18) que as ações militares de Israel na Faixa de Gaza configuram um genocídio e ainda fez um paralelo com o extermínio de judeus promovido por Adolf Hitler. “Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o petista.
O premiê Netanyahu já havia dito que Lula “cruzara uma linha vermelha” com suas declarações, e alguns deputados federais aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) usaram o tema politicamente e chegaram a aventar um pedido de impeachment do petista.
Fonte: Nacional