Priscila Gregati: Olimpíadas 2024, a disputa pelo direito delas

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Olimpíadas 2024: a disputa pelo direito delas
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Olimpíadas 2024: a disputa pelo direito delas

Os Jogos Olímpicos foram criados na Grécia no ano de 776 a.C. Naquela época, a participação feminina era completamente proibida, tanto nas competições como nas arquibancadas, pois a presença de mulheres era considerada “persona non grata”, que no latim pode ser traduzido como “pessoa não agradável” ou “não bem-vinda”.

Somente em 1900 – sim, pasme, mais de 2 mil anos após os primeiros indícios de jogos olímpicos – foi registrado a presença de mulheres nas Olimpíadas, com a participação de 22 representantes, o que significava 2,2% dos atletas totais. O cenário do esporte não deixava de refletir o lugar que as mulheres ocupavam na sociedade da época, sem direitos e reconhecimentos.

No entanto, eventos e marcos históricos como a Revolução Industrial e a Primeira e Segunda Guerras Mundiais implicaram na necessidade de ter a classe feminina mais ativa e independente. Isso resultou, cada vez mais, em mulheres buscando seus direitos e autonomia como cidadãs. No esporte também houve esse movimento de atletas mulheres lutarem para alcançar o reconhecimento, igualdade e, principalmente, o devido espaço para competirem.

Natação, golfe, tênis e vela foram os esportes que começaram a introduzir as mulheres nas Olimpíadas. Outros esportes como futebol, qualquer tipo de luta e esportes em equipe no geral eram considerados, na época, como incompatíveis com a feminilidade. O argumento era defendido pelos principais organizadores das Olimpíadas, como Pierre de Coubertin.

Nesse contexto, surgiu Maria Lenk, primeira nadadora brasileira a estabelecer um recorde mundial, tornando-se a principal referência da natação no país; a britânica Charlotte Cooper, primeira medalhista de ouro no tênis; Larissa Latynina, a ginasta russa e a mulher com mais medalhas na história dos Jogos Olímpicos, entre várias outras.

O futebol

Uma das modalidades que sofreu diversas pressões para ser incluída nas disputas femininas foi o futebol. No ocidente, a modalidade é uma das mais populares – se não a mais popular – com registro de crescimento significativo na participação do esporte entre as mulheres em todo o mundo, já no ano de 1950.

No entanto, parece inacreditável, mas somente nas Olimpíadas de Atlanta, nos Estados Unidos, em 1996, há somente 28 anos atrás, é que o futebol feminino passou a integrar os Jogos Olímpicos, enquanto o futebol masculino é um esporte olímpico desde 1900.

Decidido às pressas, as oito primeiras seleções colocadas na Copa do Mundo de Futebol Feminino de 1995 disputaram o pódio em Atlanta. O Brasil, que foi classificado para a disputa inédita, terminou as Olimpíadas de Atlanta em quarto lugar. Naquele ano, as anfitriãs levaram o ouro.

A história da participação feminina nos Jogos Olímpicos é muito recente. Foi em 2020, nas Olimpíadas de Tóquio, que registraram, pela primeira vez, 48,8% de participação feminina nas disputas. Talvez um primeiro passo na caminhada pela igualdade de gênero nos esportes, pois sabemos que para atingir essa isonomia não significa apenas encaixar o maior número possível de mulheres na delegação, mas sim dar a elas as condições para que tenham um desempenho igual e a mesma chance de vencer que seus colegas homens. E isso inclui muitos passos e lutas pela frente.

Para as Olimpíadas de Paris 2024, minha torcida vai para todas elas que lutaram, lutam e lutarão para vencer essa história.

Fonte: Mulher

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