Não são apenas os cuidados e a atenção que um recém-nascido demanda que fazem a mulher deixar a vida sexual de lado após o parto. Questões fisiológicas também estão envolvidas durante esse período. Segundo especialistas, um dos motivos para isso é porque os níveis de estrogênio aumentam de forma significativa durante a gravidez e, após o nascimento da criança, a produção desse hormônio cai abruptamente, causando ressecamento vaginal. Além da falta de lubrificação, o aumento da prolactina, hormônio responsável pela produção do leite materno, é outro fator que interfere no desejo sexual.
A privação de sono, cansaço e estresse, comuns nessa fase, também provocam queda da libido. Normalmente, a orientação para a retomada da vida sexual após o parto é respeitar o tempo de resguardo (ou “puerpério”), que dura, em média, 40 dias. Mas, além disso, para a especialista em sexualidade Isabela Cerqueira, CEO da Good Vibres, nesse momento, é muito importante respeitar o próprio tempo e não se comparar com outras mães: “Cada uma tem uma dinâmica diferente de vida, um histórico diferente, um parto diferente, uma estrutura familiar diferente. Então, é não comparar a sua retomada à vida sexual com a de outras mulheres”.
É comum sentir dor ou desconforto durante a relação sexual após o parto?
Mesmo respeitando o período de resguardo indicado pelo ginecologista, dores e desconfortos podem surgir durante a relação. Por isso, o uso de lubrificante à base de água é bem-vindo. “Ele ajuda bastante nessa questão da redução do estrogênio, em que ocorre a redução da lubrificação. Então, o lubrificante vem aí como um superaliado, tanto para prevenir fissuras, como também para deixar o sexo mais confortável”, afirma Isabela.
A fala é apoiada por Débora Pádua, fisioterapeuta pélvica especialista em sexualidade e dor na relação. Ela diz que não existe um momento “certo” para retomar a vida sexual, mas o cuidado é para que tudo aconteça aos poucos. “Talvez seja interessante iniciar somente pelas preliminares, sem penetração”, pontua ela. “O incômodo não pode durar muitas relações. Caso isso aconteça, é necessário investigar, pois algo pode estar errado. Passar meses com dor para ter relação não é normal”, alerta Débora.
O tipo de parto (vaginal ou cesárea) interfere na retomada da vida sexual pós-parto?
Além da alteração hormonal, que acontece tanto no parto vaginal, quanto no cesárea, o corpo da mulher ainda leva um tempo para se recuperar após o nascimento do bebê. “O parto vaginal pode ou não apresentar cicatriz por episiotomia, que é um corte pequeno, entre 3 a 4 centímetros, feito na entrada do canal vaginal para ajudar na passagem do bebê, mas ele não é regra. Também pode haver laceração. Ambos requerem um tempo sem relação, pois precisam cicatrizar. Já a cesariana é considerada uma cirurgia e, por isso, precisa de um tempo um pouco maior para cicatrização “, explica a fisioterapeuta pélvica.
E como os parceiros podem apoiar as mulheres no puerpério?
Para os parceiros que querem ajudar as mulheres nesse período, Isabela Cerqueira explica o “segredo” para retomar à vida sexual de forma saudável, tanto para a mulher em si quanto para o casal. “Em primeiro lugar, é não cobrar nem botar ainda mais pressão nesse retorno às atividades sexuais, porque cada mulher tem o seu próprio tempo, e esse período já é bastante conturbado”, avalia. “E, além disso, cumprir seu papel e dividir as tarefas para reduzir a carga psicológica e física dessa mulher, que está em um momento de muita transformação”, acrescenta a especialista em sexualidade.
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Fonte: Mulher