Educação positiva é igual à permissiva? Especialistas explicam

Entretenimento

Sammy Sampaio utiliza as redes sociais para mostrar seu método de educação com o filho
Redes sociais

Sammy Sampaio utiliza as redes sociais para mostrar seu método de educação com o filho

Nas últimas semanas, uma discussão sobre educação dos filhos tomou a internet após a influenciadora Sammy Sampaio demonstrar um certo desconforto com o tratamento que o filho recebeu durante uma apresentação na escola. A influencer afirmou que uma professora teria “repreendido” os sentimentos do seu filho com o hipnólogo Pyong Lee, Jake, e completou que pratica a “educação respeitosa” na criação do pequeno.

“Infelizmente a escola que o Jake estuda não tem base na educação respeitosa, é tradicional. Óbvio, eu que trabalho com isso fiquei tipo… vendo ele chorar. Por isso que é tão importante espalhar sobre a educação respeitosa (…) tratam as crianças como se fossem robôs, mas ele estava super emocionado”, afirmou Sammy.

O termo “educação respeitosa” acabou ganhando grande repercussão na internet. Também conhecida como “educação positiva”, a maneira visa promover uma interação mais saudável com os filhos. Entretanto, muitos a confundem com uma ideia de “educação permissiva”, e criticam o método ao afirmar que se trata de um método que não aplica limites à criança.

Mas afinal, o que é educação positiva?

Segundo a consultora educacional Juliana Palma, trata-se de um método de criação “que visa promover o desenvolvimento saudável e equilibrado das crianças, focando em aspectos como respeito mútuo, empatia, encorajamento e a construção de habilidades socioemocionais. A base teórica dessa educação vem de diversas áreas, incluindo a psicologia do desenvolvimento, a teoria da autodeterminação e os estudos sobre inteligência emocional. Entre os principais teóricos estão Alfred Adler e Rudolf Dreikurs, que enfatizam a importância de relações de igualdade e respeito entre pais e filhos.”

Cinco pilares formam esse método: Teoria do Apego Seguro; Ciência do Desenvolvimento Humano; Inteligência Emocional; Desenho Original do Ser Humano e Estudos Sociais.

Entretanto, a abordagem acaba sendo erroneamente confundida com uma educação permissiva, método descrito pela neuropedagoga com pós-graduação em Educação Positiva, Maya Eigenmann, como “o adulto se isenta de suas responsabilidades enquanto cuidador e guia de uma criança. O problema é que a educação permissiva é apenas o outro lado da moeda da educação autoritária, porque, em ambas, a criança continua invisível. Na educação autoritária, o adulto é o centro – ele conduz, manda e faz tudo – e, na permissiva, o adulto se isenta totalmente, mas a criança continua com suas necessidades não atendidas.”

Diferenciação entre educação positiva e permissiva

Para Maya, não há como comparar as duas linhas de educação. “Não tem como comparar porque, na educação permissiva, a criança não é levada em consideração, e, na Educação Positiva, a criança é o centro de tudo. As pessoas podem se confundir por acharem que Educação Positiva é sobre deixar a criança fazer o que ela quer. Mas não é isso. A Educação Positiva é sobre respeitar profundamente a criança e tratá-la com dignidade. Na educação permissiva não há dignidade, porque há uma isenção do adulto na relação.”

Juliana completa a colega e afirma que “pais permissivos tendem a evitar conflitos e permitem que as crianças façam suas próprias escolhas sem muita orientação ou controle, resultando em uma falta de estrutura e disciplina”.

Uma educação sem limites pode resultar em crianças inseguras e confusas, sem saber o que é esperado delas, além de levar a comportamentos impulsivos, desrespeito e dificuldade em lidar com frustrações.

“O problema da educação permissiva é que a criança acaba tendo que cuidar de si mesma. Só que uma criança não consegue cuidar de si mesma. Com essa ausência do adulto, a criança fica sem referência, sem apoio emocional, sem chão. Mas crianças abandonadas emocionalmente não conseguem desenvolver saúde emocional e psicológica porque falta o fundamento que deveria ser levado pelo adulto”, afirma Maya.

A neuropedagoga afirma que há maneiras de se desvencilhar das ideias permissivas e autoritárias e caminhar para uma educação positiva: “Vou precisar aprender a olhar para criança, coisa que não é feita nesses tipos de educação. Será o mesmo esforço de enxergar essa criança e suas necessidades emocionais e construir nessa relação os quatro ‘P’s do apego seguro: previsibilidade, proteção, proximidade e play, que é brincar em inglês. Preciso começar a construir isso na relação com a criança, independentemente se venho da permissividade ou do autoritarismo.”

Maya cita exemplos de quando uma pessoa pode acabar esbarrando em uma abordagem permissiva ou autoritária: “Digamos que, em um momento de birra, a criança quer um pirulito e o adulto não quer dar. Na educação permissiva, eu não dou conta da manifestação emocional da criança, sinto que preciso remediar o que ela está sentindo e entrego o pirulito como uma forma de consolo. Mas, ao fazer isso, não estou realmente atendendo a necessidade da criança e, sim, simplesmente calando a frustração dela. Na Educação Positiva, se entendo que não é o momento de dar o pirulito, não vou abrir mão disso – não de forma autoritária, dizendo ‘quem manda aqui sou eu’, mas acolhendo o que essa criança está sentindo, porque ela tem direito de se expressar. Não vou desviar a atenção dela, calar, brigar ou entregar o pirulito para ela parar de chorar. Vou dar espaço para ela expressar o que precisa expressar.”

Perigos de uma educação permissiva

Segundo as profissionais, a longo prazo, a falta de acolhimento adequado impede a criança de desenvolver inteligência emocional, obrigando-a a buscar a atenção do adulto por meio de comportamentos desafiadores ou adoecendo. Tanto a educação autoritária quanto a permissiva negligenciam as necessidades da criança, resultando em consequências negativas.

A educação permissiva pode levar a crianças com dificuldades em autocontrole, respeito pelos outros e gestão de frustrações. Por outro lado, a educação autoritária pode criar um ambiente de medo e ressentimento, prejudicando o desenvolvimento emocional e social da criança. Ambas as abordagens falham em fornecer os elementos fundamentais necessários para o crescimento saudável.

Em contraste, a educação positiva cria um ambiente seguro e estruturado onde as crianças se sentem amadas e respeitadas. Com limites claros e consistentes, as crianças aprendem a se comportar adequadamente, desenvolvendo autocontrole, responsabilidade e habilidades sociais. A comunicação aberta e o diálogo constante fortalecem o vínculo entre pais e filhos, atendendo às necessidades emocionais e psicológicas das crianças.

Como trabalhar uma educação positiva sem esbarrar na permissividade?

Juliana Palma lista algumas abordagens para fugir da permissividade da educação. Algumas estratégias incluem: estabelecer e comunicar claramente as expectativas e limites, aplicar consequências consistentes e apropriadas, manter a comunicação aberta e respeitosa, e modelar comportamentos positivos. A profissional ainda lembra da importância de manter um equilíbrio entre o carinho e o apoio emocional com a firmeza na aplicação das regras.

  • Defina limites claros e consistentes: Explique os limites à criança de forma simples e direta, sempre com amor e respeito.
  • Seja um modelo positivo: As crianças aprendem observando os adultos ao seu redor. Seja um exemplo de comportamento positivo e responsável.
  • Pratique a comunicação aberta: Converse com a criança sobre seus sentimentos e necessidades, criando um ambiente de confiança e diálogo.
  • Ofereça opções e escolhas: Dê à criança a oportunidade de tomar decisões dentro de limites seguros, incentivando sua autonomia.
  • Consequências com amor: É essencial aplicar consequências de maneira amorosa e educativa, sempre com o objetivo de promover a aprendizagem e o crescimento da criança. As consequências são discutidas com respeito, para que eles entendam que não é um castigo, mas uma consequência lógica de sua falta de responsabilidade. A diferença entre focar no comportamento que causou o problema e simplesmente punir é fundamental. Castigos como proibir a criança de ir a uma festa ou mandá-la para o quarto pensar não ajudam a refletir sobre o comportamento. Consequências educativas, por outro lado, ensinam a criança sobre a relação entre suas ações e os resultados.

Quer ficar por dentro das principais notícias do dia? Clique aqui e faça parte do nosso canal no WhatsApp


Fonte: Mulher

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *