Segundo dados divulgados pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos em 2022, mais de 50% da população brasileira se identifica como preta ou parda. Porém, os direitos e inclusão da diversidade em diversos campos do mercado ainda são totalmente representados. Isso acontece quando nos tratamos da indústria de cosméticos, em que a pele negra ainda não ganhou completamente sua inclusão.
Mas, a pergunta que permanece é: Estamos sendo representados de forma precisa quando se trata da cor de nossa pele? Para responder a essa pergunta, a farmacêutica esteta Arina Gabriela, criadora da “Seja sua Pele”, fala sobre alguns aspectos do colorismo e das inclusões da pele negra no mercado.
“É fundamental analisar as escalas utilizadas atualmente, e um exemplo notável é a escala de Fitzpatrick, que, apesar de sua obsolescência, ainda é empregada para classificar os diferentes tipos de pele. Esta escala reconhece apenas três tons de pele negra, o que claramente não é suficiente para abranger a rica diversidade de tons de pele que encontramos em nossa população”, inicia.
Segundo a especialista, durante muitos anos, as personalidades da TV e da música não refletiam a rica pluralidade do colorismo presente na sociedade contemporânea. “Quando falamos sobre representatividade na TV e no cinema, muitas vezes nos deparamos com um cenário onde ainda somos minoria em papéis de destaque e, mesmo aqueles que conseguem chegar ao topo, muitas vezes enfrentam desigualdades salariais em relação às pessoas brancas em posições similares”, explica.
Com a ascensão da indústria de skincare, é possível observar que muitas marcas se dizem inclusivas. Porém, Arina afirma que na prática isso não funciona muitas vezes com a pele negra.
“Uma virada de jogo acontece quando observamos o crescimento da indústria de skincare e cosméticos. Muitas marcas se autodenominam como inclusivas, mas falham em atender às reais necessidades da pele negra, seja em relação à composição, textura, variedade de cores ou absorção dos produtos. Isso resulta em uma lacuna frustrante e no descontentamento daqueles que tentam usar essas marcas. O problema vai além disso, pois quando o público de pele negra finalmente encontra seu ‘tom’ ideal, muitas vezes fica preso a um único produto que nem sempre é benéfico, dependendo do estado da pele e das condições climáticas”, reflete.
A especialista diz que para que haja uma maior diversidade e representatividade da pele negra no mercado, as empresas devem considerar todos os tons de peles, seja pelas condições climáticas ou nas diferenças genéticas e que isso atenda à maioria da população brasileira. “É essencial que personalidades da TV e da música assumam um papel proeminente nessa mudança, liderando marcas de cuidados com a pele e promovendo representatividade de forma contínua”, diz Arina.
“A inclusão não deve ser uma exceção, mas sim a norma em nosso país. É hora de abraçarmos a diversidade de tonalidades de pele, celebrando a beleza em todas as suas formas e criando um mundo do Skincare brasileiro mais inclusivo, onde todos se sintam representados e atendidos em suas necessidades únicas. Essa revolução estética não é apenas uma tendência passageira, mas sim uma necessidade premente para construir um Brasil mais diverso e igualitário”, finaliza.
Fonte: Mulher