A entrevista concedida pela atriz Larissa Manoela, relatando a relação conturbada com os pais, demonstra a toxicidade das distorções de afeto e cuidado no seio familiar. Segundo relatos da jovem atriz, cantora e empresária, os laços maternos e paternos, sempre sofreram a influência da necessidade do controle do poder e do dinheiro, através da manipulação psicológica sofrida por ela. As discussões financeiras geraram consequências emocionais dolorosas, culminando no seu afastamento dos pais.
Discussões familiares são muito comuns, principalmente em tempos atuais, onde as pessoas estão mais críticas e a urgência da vida faz com que sejamos cada vez mais ativos e participativos nas interações sociais. No entanto, devemos encarar essas divergências como saudáveis, pois crescemos quando encontramos opiniões contrárias, não somos donos de verdades absolutas.
Porém, quando esses desencontros estão alicerçados em abuso do poder, manipulação psicológica, toxicidade, estelionato emocional, interferências narcisistas ou qualquer outra distorção praticada por algum membro do núcleo familiar, certamente, o prejuízo mental da vítima deste desequilíbrio será evidenciado.
O abuso das imposições e manipulações descabidas praticados por quem exerce a autoridade (pais), faz com que os filhos que estão sob o comando desse poder tenham maior dificuldade em se posicionar e construir o senso de autonomia para seguir, de forma saudável, na vida adulta. Principalmente quando o fator determinante da relação deixa de ser o amor, o afeto, a proteção e o cuidado e passa a ser o dinheiro e as questões financeiras.
Trazendo esses aspectos para uma análise psicológica, fica fácil compreender que o papel dos pais em ensinar e transmitir valores, moral, empatia, segurança e amor, pode ser deturpado quando a família idealizada por nós, se transforma na família tóxica e doente. Neste sentido, a relação se torna desequilibrada e as consequências são brigas intensas, surgimento de possíveis transtornos mentais como depressão, fobias, pânico, TOC, distúrbios de humor, ou até mesmo afastamentos prolongados. O que não podemos esquecer é que dentro de todo adulto adoecido emocionalmente, tem uma criança cujas feridas nunca foram olhadas.
Claro que essa constatação não é para legitimar as falhas e os erros de um ou de outro, mas para salientar que tanto o filho quanto os pais precisam de ajuda, acompanhamento psicoterápico, em meio a situações de conflito. É preciso abrir a mente para que cada um deles possa compreender até onde vai seu limite dentro do processo de ensinamento e aprendizado ao longo da vida. Qual o papel de cada um deles no seio da família? Responsabilidades? Deveres e diretos? Afinal, somos seres em eterna evolução, passíveis de deslizes e frágeis pelo olhar das incompletudes humanas.
Enfim, a história de vida de Larissa Manoela reflete a triste realidade das toxicidades das relações familiares que, muitas vezes, ultrapassa o limite do respeito e dos valores. Porém, nada pode ser maior que a necessidade em se manter relacionamentos saudáveis e equilibrados. As divergências financeiras, culturais ou pessoais devem ser superadas em prol do amor e da empatia.
Pois, um ambiente doente, adoece a todos e aumenta ainda mais os conflitos pessoais, contribuindo para um racha familiar, motivado pelo ego e pela sede de poder. A solução passa pela busca de entendimento, através de uma comunicação assertiva, objetiva e o autoconhecimento através de terapia familiar para afastar os anseios egóicos que destroem lares e relações afetivas.
Fonte: Mulher