Na última semana estudantes da zona sul do Rio de Janeiro foram denunciados por utilizarem a IA para praticar atos infracionais descritos como crime contra adolescentes femininas de idades entre 15 a 16 anos ao usarem fotos de, pelo menos 20 destas meninas, fazerem montagens, simulando nudes e distribuírem em grupos de whatssap e até em redes sociais. São as chamadas “pornô fake”. Qual o impacto desse tipo de ação para essas vítimas? Como lidar com essa ameaça? O que motiva essas atitudes dos infratores?
É crime divulgar fotos ou vídeos íntimos de outra pessoa sem a permissão e autorização desta, principalmente, ser for um “pornô fake”, uma mentira, de meninas jovens que estão sendo expostas a sérios danos emocionais e pessoais.
E quais seriam as consequências desta exposição íntima? Infelizmente, o compartilhamento indevido de fotos ou vídeos pode levar a pessoa a um adoecimento mental tão severo, despertando sintomas característicos de ansiedade generalizada, depressão, alucinações, fobias intensas e até mesmo o suicídio. Inclusive, muitos jovens já atentaram contra a própria vida, por sofrerem essa violência e não serem capazes de conseguir lidar com os efeitos de uma exposição não consentida.
Ou seja, impactos psicológicos que podem se tornar irreparáveis, caso não haja uma intervenção e acompanhamento de um profissional de saúde mental, além do acolhimento de uma rede de apoio preparada e estruturada para amparar as vítimas.
O vazamento indevido e sem consentimento de uma imagem íntima, ainda mais fraudulenta, gera impacto negativo na estrutura emocional, provocando a sensação de constrangimento, vergonha e humilhação da vítima, uma vez que atinge a honra e arrasa a saúde mental e psíquica desta. O grande gatilho motivador do adoecimento psicológico é a desapropriação do corpo da pessoa que teve sua intimidade exposta, já que ela deixa de ter o controle de onde aquela imagem chegará.
É um abuso psicológico de grande intensidade, pois na cabeça de quem sofre, seu corpo não mais lhe pertence, ele passa a ser escravo e objeto do desejo alheio. Uma sensação próxima de um abuso sexual, mesmo que não haja o contato físico. Um ato desumano que integra a cultura do estupro. Um verdadeiro trauma que interfere na construção da autonomia, da segurança, do amor próprio e da autoestima.
Motivado pelo prazer de expor do abusador e de se sentir pertencente a um grupo que tem a necessidade de pertencimento de expor o outro, praticar o crime e se juntar ao grupinho que pratica a maldade e se sente invencível.
Enfim, episódios como esse devem ser denunciados e punidos com muito rigor. Psicanaliticamente falando, a superação do trauma passa por um processo terapêutico de reconstrução da dignidade e restauração da autoconfiança.
É possível ressignificar a dor, harmonizando e usufruindo de um equilíbrio interior mais adequado e preciso, através de um trabalho mental de autoconhecimento que contribua de forma a trazer leveza, segurança e estabilidade emocional para o indivíduo apesar do “pornô fake” ferir a intimidade e expor o corpo e a alma da vítima.
As vítimas precisam ser acolhidas em sua rede apoio para evitar que consequências irreversíveis sejam detectadas e que possam gerar violências ainda maiores a ponto de causar danos de efeitos danosos do ponto de vista emocional e físico.
Fonte: Mulher