O sociólogo e membro da direção do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, Boaventura de Sousa Santos foi suspenso dos cargos na instituição após cinco acusações de assédio sexual. A medida passa a valer a partir desta sexta-feira (14). Quatro ex-alunas e uma ativista indígena argentina relataram casos que se enquadram em assédio.
Boaventura nega o conteúdo das acusações, e diz que na realidade tem passado por um “cancelamento”. Em um e-mail enviado aos alunos do CES, ele é categórico em dizer que a decisão do afastamento partiu dele próprio.
Das cinco acusações, uma é relatada por uma ex-aluna brasileira e se mantinha em anonimato até esta sexta-feira. A deputada estadual Bella Gonçalves (PSOL-MG) falou pela primeira vez acerca do caso.
Além de Boaventura, o investigador do CES, Bruno Sena Martins, também recebeu acusações de assédio sexual, sendo afastado da instituição. O CES enviou uma nota à imprensa, e diz que as suspensões se mantém até o final das investigações. Elas serão feitas por uma comissão independente da faculdade.
Os casos foram denunciados após a publicação de um artigo no livro “Sexual Misconduct in Academia – Informing an Ethics of Care in the University” (Má conduta sexual na academia – para uma ética de cuidado na universidade). A publicação do livro ocorreu no final de março pela editora Routledge, famosa pelos livros acadêmicos. Ele é escrito por três autoras de diferentes nacionalidades: a belga Lieselotte Viaene, a portuguesa Catarina Laranjeiro e a norte-americana Myie Nadya Tom.
Após a denúncia, um manifesto de apoio as ex-alunas que acusam Boaventura juntou mais de 150 assinaturas em poucas horas, contando com a manifestação de professores universitários, escritores, artistas e políticos, quase todos de Portugal.
No documento intitulado “Nós Sabemos”, há um e-mail para que sejam feitas novas denúncias de má condutas nas universidades. As vítimas podem enviar a denúncia no endereço sabemostodas@gmail.com .
O documento ainda pede que medidas sejam tomadas quanto as denúncias pela ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, Elvira Fortunato, e a ministra adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes. A Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) também é convocada para se manifestar sobre o caso.
Fonte: Internacional