Segundo o Atlas Mundial da Obesidsde, o Brasil terá quase um terço de crianças com sobrepeso até 2035. A obesidade deve atingir 23% das meninas e 33% dos meninos daqui a 12 anos. Em 2020, 12,5% das meninas e 18% dos meninos estavam nessa condição.
Os números alarmante levantam dúvidas sobre como alimentar corretamente as crianças, para evitar que entrem nas estatísticas. Segundo Caroline dos Santos, nutricionista materno infantil da Clínica Neném da Nutri, a obesidade é uma doença complexa, então pode envolver muitos fatores, mas é claro que não podemos negar que o aumento desta está sendo muito associado com a elevação do consumo de ultraprocessados, como biscoitos, salgadinhos, refrigerantes, balas, pirulitos, etc e também a falta de atividade física com as crianças brincando menos e ficando mais em casa de frente das telas.
“De certa forma existe uma responsabilidade dos pais com relação a isso, pois os cuidadores são exemplos para as crianças e é este que compra, que prepara, que oferece, então a criança só vai receber, só vai querer na verdade o que o cuidador ofertar”, analisa.
Considerando que os cuidadores muitas vezes não tem muito tempo, passam muito de seu dia no trabalho, automaticamente muitos deles acabam comprando alimentos ultraprocessados e este é um problema, pois são alimentos práticos, rápidos mas que possuem uma grande quantidade de açúcares, sódio, gordura saturada, sendo estes muito calóricos, que não são nutritivos fazendo um acúmulo de gordura que favorece ao ganho de peso.
“O primeiro ponto para conseguirmos alterar esse quadro é realmente estar ali para conscientizar tanto os responsáveis , quanto a escola, trabalhando com políticas públicas que reforcem a importância de uma alimentação saudável, a importância da atividade física, que estas práticas sejam estimuladas. Dentro de casa é importante que os pais mudem o estilo de vida da família inteira: inserir mais frutas, legumes e alimentos mais nutritivos, que “venham da terra” e evitar o consumo de ultraprocessados – salgadinhos, biscoitos recheados, refrigerantes, etc”, recomenda a nutricionista.
Caroline alerta que a família inteira precisa mudar de hábitos alimentares, o seu estilo de vida, colocar na alimentação mais frutas, mais verduras, mais legumes e usar o lúdico com a criança é muito importante, pois às vezes a criança não gosta de banana pois esta fruta é sempre oferecida da mesma forma, mas se ofertamos com uma preparação diferente, às vezes a criança não gosta da banana in natura mas se fizermos grelhada com um pouco de canela ela passa a gostar.
“Se fizermos uma panqueca de banana muitas vezes esta a aceita, se fizermos um corte diferente, enfim, vários exemplos, então precisamos variar as formas de oferecer o mesmo alimento. Levar também a criança para a feira, hortifruti, para que esta possa estar envolvida no processo de escolher, pegar o alimento, levar também a criança para a cozinha, fazer preparações com elas ao lado, que ela interaja com o alimento, não necessariamente para ela comer num primeiro momento mas que aconteça uma reaproximação. Por exemplo, a criança não gosta de abóbora, chame esta para fazer um purê com este alimento, só na intenção dela participar deste processo, ou seja, aproximar a criança de alimentos saudáveis é muito importante. Com relação às atividades físicas, é muito importante que elas saiam de frente das telas, trazer as crianças para as brincadeiras, como jogar bola, pega-pega, pular corda, etc”, ensina.
Para o caso da criança com obesidade, Caroline diz que o recomendado é um tratamento multidisciplinar, com médico, nutricionista, psicólogo, por ser uma doença multifatorial e complexa. “Precisamos trabalhar com especialistas em conjunto para tratarmos da criança da melhor forma possível, mudando questões de comportamento, hábitos alimentares e estimulando atividade física.”
Fonte: Mulher