A aparência física é frequentemente valorizada e associada à autoestima, confiança e aceitação social, e os padrões de beleza impostos pela sociedade levam a uma série de questões relacionadas à saúde mental. No entanto, a exposição constante de corpos idealizados nas redes sociais cria uma comparação capaz de levar homens e mulheres a uma sensação de inadequação em relação à própria aparência, tudo isso para se enquadrar em um ideal de beleza muitas vezes inatingível.
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Segundo o coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera, professor Thiago do Reis Hoffmann, a pressão para se adequar a esses padrões pode resultar na baixo autoestima, na insatisfação corporal, ansiedade, depressão e até mesmo transtornos alimentares, exclusão social e preconceito. “É primordial que a beleza tenha uma concepção mais despreocupada e inclusiva por parte da sociedade, respeitando a diversidade de cada indivíduo e promovendo um vínculo mais positivo com a aparência de cada um”, comenta o docente.
A objetificação do corpo feminino leva a uma percepção distorcida da autoimagem e uma busca constante pela aprovação da aparência física, com base em uma banalização da individualidade e uma idealização do que é comercializado. O mesmo acontece com os homens, que são constantemente levados a se adequarem a corpos musculosos, rostos simétricos e a altura, que por muito tempo foi sinônimo do “ser bem-sucedido”.
Segundo Carol Ferrera, Coach De emagrecimento e Especialista em mudança de mentalidade para emagrecimento, a busca pelo corpo perfeito não é algo recente, há anos essa é a meta de muitas mulheres, mas com a rede social essa busca se intensificou e vem fazendo com que o número de pessoas insatisfeitas com sua imagem cresça a cada dia.
“Antes tínhamos como referência corpos que estampavam as capas de revista nas bancas de jornais, repletas de photoshop e edições criando a ideia de corpos proporcionais, sem celulites ou marcas de estrias. Hoje em dia esse padrão aparece a todo momento em nossa timeline, seguimos blogueiras e influencers que usam e abusam de filtros e retoques, fazendo com que a perfeição pareça normal, já que hoje todas fazem uso desses aplicativos”, avalia Carol.
Segundo a especialista, isso acaba criando um sentimento de incapacidade, baixa autoestima e insegurança por se sentir “diferente” e incapaz de conquistar aquele corpo perfeito que se vê de forma tão frequente.
“Enquanto o cuidado com nossa alimentação e corpo for associado ao emagrecimento, beleza ou aceitação, teremos mulheres insatisfeitas com elas mesmas e sem autoestima. Precisamos sim, ensiná-las a cuidar do corpo buscando a sua melhor versão, de acordo com sua realidade e estrutura física. Ensiná-las que nosso corpo é nossa casa, e que, se sentir bem em casa é maravilhoso. Precisamos nos curar, para não mais contaminar”, recomenda.
A distorção de imagem faz com que a pessoa tenha uma visão deturpada em relação à sua imagem corporal, mesmo que essa percepção não seja realista ou objetiva. Vale ressaltar que outro fator de risco são os transtornos alimentares, que afetam a relação de uma pessoa com a comida e seu próprio corpo. Existem diferentes tipos de transtornos alimentares, sendo os mais comuns a anorexia nervosa, a bulimia nervosa e o transtorno da compulsão alimentar.
Para Yuri Busin, psicólogo, mestre e doutor em Neurociência do Comportamento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, as situações de autocobrança excessiva com o corpo pode gerar alguns transtornos, por exemplo a bulimia, anorexia e a vigorexia que são transtornos relacionados muitas vezes à autoimagem e principalmente estimulados hoje pelas redes sociais então há que se ter uma precaução. “Cuidar do próprio corpo não significa que precisa ser obsessivo por ele e essa disformia corporal como a pessoa olhar-se no espelho e não ver a realidade, se ver mais gordinha ou muito menor e coisas do gênero, precisa ser tratada.”
O tratamento padrão é a terapia cognitivo-comportamental então é bem valioso ouvir quem sofre com isso, quem sente sempre cobrado, que não consegue ter um mínimo de liberdade de sentar e fazer uma refeição tranquila, sem uma autocobrança, validar cada vez mais o seu corpo, amá-lo, é importante ser trabalhado estes aspectos em terapia.
É importante também reconhecer os sinais precoces de um transtorno alimentar e buscar ajuda profissional o mais cedo possível. Com um diagnóstico precoce e um tratamento adequado, muitas pessoas podem se recuperar totalmente ou melhorar significativamente sua qualidade de vida. A conscientização e a compreensão da sociedade também desempenham um papel fundamental na prevenção e no apoio às pessoas que sofrem com transtornos alimentares.
Nestes casos, é importante buscar o auxílio de um psicólogo, que irá auxiliar no autoconhecimento e desenvolvimento de uma melhor autoestima, identificando diferentes formas de começar a lidar com aquilo que afeta o amor-próprio, desenvolvendo um senso de autoconfiança e tomando medidas para melhorar o dia a dia do paciente.
Drama no consultório
Wendell Uguetto, cirurgião plastico da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e do Hospital Albert Einstein, relata que essa é uma questão muito comum e tem se tornado cada vez mais frequente nos dias atuais com o acesso desenfreado às tecnologias de transformação tanto do corpo quanto do rosto.
“São os aplicativos, os filtros, a realidade virtual, que transforma a nossa realidade. Na grande maioria das vezes, sempre que existiu a cirurgia plástica, o paciente precisa entender o processo de transformação: o que é possível melhorar com a cirurgia. Por exemplo, uma cirurgia de nariz, onde o paciente fala “eu não gosto da ponta ou não gosto do dorso e quero melhorar isso”, então o cirurgião junto com o paciente detalha o que é possível ou não fazer. Essa busca do que é ou não real a gente vai mudar pela palavra “expectativa”: vamos alcançar ou não a expectativa do paciente?”, relata o médico.
“No consultório, iniciamos um exame clínico e uma anamnese conversando com o paciente para entender o que está desagradando e depois para entender o que ele gostaria de mudar nisto que desagrada e entendermos qual o resultado que este paciente almeja. Quando este resultado almejado é possível de ser feito em um procedimento cirúrgico, perfeito, nós estamos com as expectativas alinhadas, ou seja, é uma expectativa real”, diz Uguetto.
“Quando o paciente deseja algo que não conseguiremos atingir como expectativa, isso é um desejo irreal. Isso estamos falando de procedimentos comuns, como lipoaspiração, rinoplastia, abdominoplastia, etc. Existem situações totalmente irreais, como chegar um paciente que fala “quero ficar com o olho vermelho” ou “quero ter um terceiro seio” aí são transformações extremas do corpo que o paciente precisa até ser investigado se não há alguma questão psicológica por trás, mas isso é extremamente raro. É muito mais comum o primeiro ponto descrito acima das cirurgias convencionais”, conta o médico.
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Realidade, diz ele, é quando conseguimos atingir as expectativas e irreal quando não a atingiremos. “Como cirurgião plástico nós temos que atuar como conselheiros e sermos o mais honesto possível em relação ao resultado que vamos dar e entendermos se o paciente de fato conseguiu compreender, se está bem alinhado e se vai ficar satisfeito com o resultado que conseguimos empregar”, diz.
Na grande maioria das vezes, garante, é posssível conseguir esse tipo de alinhamento, só que existem caso que o paciente não fica totalmente satisfeito com a conversa ou mesmo fazendo a cirurgia há a percepção de que o paciente estará com uma expectativa diferente, então nesses casos é melhor não operar neste momento, é preferível ter outras conversas, outros retornos de consulta, tentar alinhar melhor as expectativas.
“E quando percebemos que de fato não há uma concordância, o médico ele tem não só o direito, mas o dever de se negar a operar e muitas vezes indicar que passe com outros colegas cirurgiões para ouvir outras opiniões e muitas vezes todas estas estão alinhadas, ou seja, é melhor se recusar a fazer um procedimento do que fazê-lo e o paciente não ficar satisfeito”, completa o cirurgião plástico.
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Fonte: Mulher