A falta de infraestrutura adequada não é um problema isolado. Lençóis, com pouco mais de 10 mil habitantes, enfrenta sérios desafios em relação à coleta de lixo e ao saneamento básico
Fotos: fatosefotosnews
Lençóis, o coração pulsante da Chapada Diamantina, se prepara para uma das festividades mais esperadas do ano: a louvação ao padroeiro Nosso Senhor dos Passos. Com a tradicional procissão e missa solene marcadas para o próximo domingo, 2 de fevereiro, a cidade já se enche de expectativa. No entanto, uma sombra paira sobre as celebrações: a falta de infraestrutura básica e o alto custo dos cachês pagos aos artistas, que geram questionamentos sobre as prioridades da administração pública.
Neste ano, o cantor de piseiro João Gomes será uma das atrações principais, recebendo nada menos que 450 mil reais por sua apresentação, de acordo com informações de empresários locais.
Enquanto isso, a professora Célia – nome fictício – que acompanha a festa de perto, expressa sua indignação: “A prefeitura não tem dinheiro para pagar os compromissos com os servidores públicos, muitos estão com gratificações em atraso desde 2023 e gasta uma fortuna com shows numa festa que até diverte a população, mas traz muita sujeira para a cidade.” Sua crítica se estende à ausência de banheiros químicos e lixeiras, que resultam em latas e garrafas espalhadas pelas ruas, uma situação que se repete ano após ano. “Eu vim porque, afinal de contas, eu paguei isso com meus impostos. Tudo foi pago com dinheiro público, meu, seu, de todos nós”, conclui.
Outro ponto preocupante é a falta de estacionamentos adequados. Com o aumento do fluxo de turistas e visitantes de cidades vizinhas, os carros se amontoam pelas ruas estreitas, muitas vezes obstruindo o trânsito e comprometendo a circulação nas áreas históricas da cidade. Os casarões, que são parte do patrimônio cultural de Lençóis, ficam cercados por veículos, sem qualquer controle ou planejamento por parte do poder público. Essa desorganização não só afeta a estética da cidade, mas também a segurança dos pedestres e a preservação de sua história.
A falta de infraestrutura adequada não é um problema isolado. Lençóis, com pouco mais de 10 mil habitantes, enfrenta sérios desafios em relação à coleta de lixo e ao saneamento básico. O município, que é considerado a capital do turismo na região, não possui um aterro sanitário, e o acesso à sua sede é comprometido por um trecho de 12 quilômetros de estrada estreita, sem acostamentos e sinalização precária. Isso gera um ciclo vicioso de descaso, onde a beleza natural do Parque Nacional da Chapada Diamantina contrasta com a precariedade dos serviços públicos.
Além disso, as queimadas sazonais que atingem a região colocam em risco não apenas o meio ambiente, mas também a saúde de moradores e turistas que visitam a cidade em busca de suas belezas naturais. Para quem chega de fora, a imagem de Lençóis é de um lugar encantador, mas para os que vivem ali, a realidade é bem diferente, marcada pela insatisfação com a gestão municipal.
A crítica de Célia é um chamado à reflexão: “Sujeira que termina indo para o leito do rio Lençóis, que corta o município e é um dos cartões postais da cidade.” A contradição entre a festa e a manutenção da cidade é evidente. Enquanto a população celebra, as ruas se tornam um retrato da falta de cuidado e respeito pelo espaço público.
Em tempos de celebração, é essencial que as autoridades revejam suas prioridades e busquem um equilíbrio entre a promoção de eventos culturais e a garantia de uma infraestrutura que atenda às necessidades básicas da população e dos visitantes. A beleza de Lençóis merece ser preservada, e isso começa com um compromisso sério com a limpeza, a organização e o planejamento do espaço urbano, para que as festividades não se tornem um fardo, mas sim uma verdadeira celebração da cultura e do patrimônio local.
O espaço está aberto para o posicionamento da prefeitura através dos seus representantes.
redação/fatosefotosnews
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