Columbine: após 25 anos, como o massacre ainda circula nas redes?

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Columbine, um dos piores massacres da história americana
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Columbine, um dos piores massacres da história americana

O trágico episódio conhecido como massacre de Columbine completa 25 anos neste sábado (20). No dia 20 de abril de 1999, Dylan Klebold e Eric Harris, dois adolescentes de 18 e 17 anos da Columbine High School, entraram no colégio, localizado em Littleton, no estado do Colorado (EUA), e concretizaram o primeiro massacre em ambiente escolar amplamente televisionado.

O caso repercutiu ao redor do mundo e gerou comoção, pois a dupla planejou o ataque por um ano, demonstrando uma frieza que resultou no assassinato de 13 pessoas. Depois do ato, Eric e Dylan tiraram a própria vida.

Importação da violência

Mais de duas décadas depois, o caso segue como um marco dentro das histórias de true crime e foi tido como uma espécie de “inspiração” para diversos outros crimes similares registrados nos Estados Unidos e ao redor do mundo.

No Brasil, casos como o de Columbine eram vistos com certo distanciamento, mas, há alguns anos, massacres em escolas se tornaram uma pauta importante dentro das discussões de educação e segurança pública do país.

Segundo pesquisa do Instituto Sou da Paz, até maio de 2023 foram 137 vítimas de massacres nas escolas brasileiras, sendo 45 fatais. Casos como o de Realengo, em 2011, e o de Suzano, em 2019, são alguns dos mais emblemáticos.

Culto à violência

Levando em consideração essa guinada de violência, pesquisadores da comunicação passaram a estudar como os admiradores desse tipo de crime se comportam na internet e como o ambiente das redes sociais se tornou propício para a disseminação de discursos de ódio sem a moderação adequada das plataformas.

Pesquisas apontam que esse discurso de ódio saiu da deep web e da dark web , onde se concentravam nos fóruns conhecidos como chans , porque encontrou espaço para se propagar na surface web, que seria a internet usada no dia a dia.

Em redes como o Twitter e o TikTok, autores de massacres são colocados no mesmo patamar que ícones da cultura pop.

“Esses comportamentos, ao duplicar as ações de fandoms , visam camuflar tais discursos e colocá-los em uma posição de normalidade entre as comunidades digitais, criando um ruído de moderação de conteúdo e capturando o interesse de usuários que já consomem esse tipo de material na internet”, explica o artigo “Nem acima, nem abaixo do radar: uma análise da produção de conteúdo sobre massacres em escolas brasileiras no Twitter e no TikTok”, publicado no Intercom 2023.

Nele, as autoras analisaram 20 postagens, sendo 10 do X (antigo Twitter) e outras 10 do TikTok. Com isso, elas notaram “a difusão massificada das mensagens, com dezenas de retuítes e milhares de impressões, métrica utilizada para medir o número de vezes que usuários viram, abriram ou interagiram de alguma forma com um conteúdo”.

Em metade do conteúdo analisado pelas pesquisadoras Gabriela Rodrigues Almeida e Daniela Osvald Ramos, da Universidade de São Paulo (USP), no X (antigo Twitter) há acenos ao que elas chamam de “terrorismo branco” por conta da menção à data 20 de abril, seja pelo aniversário de Adolf Hitler, pelo atentado de Columbine ou por outros símbolos amplamente conhecidos como parte da extrema-direita.

Elas concluíram que diversos conteúdos são criados por indivíduos que manifestam uma perspectiva favorável a esses crimes.

Criação de um ídolo

No artigo, as pesquisadoras apontam como um dos autores do massacre de Suzano é tratado como ídolo nesse ambiente. “Taucci [sobrenome de um dos responsáveis pelo ataque] é citado, enquanto hashtag, termo ou nome de usuário das redes, em 8 das vinte postagens analisadas, sendo um dos vídeos um deep fake de seu rosto dando sua versão dos fatos. Esta postagem, em especial, já foi tirada do ar várias vezes e republicada por outros usuários do TikTok, tanto contrários, quanto apoiadores do massacre em Suzano”, descreve o texto.

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Fonte: Internacional

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