Como a traição impacta a saúde emocional

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Preta Gil desabafou sobre traição do ex-marido
Reprodução/Instagram

Preta Gil desabafou sobre traição do ex-marido

Esta semana, a cantora Preta Gil, que se recupera de uma cirurgia para retirada de um câncer no intestino, postou um stories no Instagram no qual comenta a traição de ex-marido. A cantora disse que teve insônia e passou a madrugada no hospital remoendo com dor no peito, pensando em como seu ex-marido e a amante foram cruéis, frios, sujos e maquiavélicos com ela. Preta disse que não consegue aceitar que foi casada por 9 anos e meio com um homem desse e que ajudou tanto essa mulher. A artista disse que ainda não superou tanta baixaria e sujeira que fizeram com ela, que ainda dói muito.

A traição é um tema complexo e emocionalmente intenso, principalmente no Brasil, que é considerado o país mais infiel da América Latina, segundo pesquisa do aplicativo de encontros Gleeden. Cerca de 80% dos brasileiros já foi infiel. Ainda segundo o estudo, 60% dos entrevistados consideram a infidelidade algo comum. A psicóloga mestre em psicologia e saúde, Ana Streit explica que as traições sofridas emocionalmente se assemelham com o Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT). A pessoa pode inclusive ter reações de um pós-trauma, como se tivesse sido assaltado, ou sofrido um grave acidente de carro, por exemplo. Nestes sintomas, estão presentes pensamentos recorrentes e ruminativos sobre o trauma – a traição – gerando a sensação de vulnerabilidade excessiva e perda de controle. Além disso, a pessoa pode experimentar ansiedade e hipervigilância, como problemas de sono, concentração, isolamento, raiva ou desejo de vingança.

Ana Streit diz que há diversos tipos de traição e que cada um machuca de uma forma mais ou menos intensa a quem foi traído. ”Há o comprometimento condicional, que é “estar com a pessoa até que alguém melhor apareça”; um caso sem sexo, ou seja, estar envolvido emocionalmente com outra pessoa, e esconder essa relação do parceiro; manipulações, entre outras atitudes de egoísmo e injustiça, que denunciam a não reciprocidade na relação. Além disso, um aspecto que impacta também é a soma de traições. Ao manter um caso extra conjugal de anos, por exemplo, a pessoa precisa se envolver em uma série de mentiras para sustentar o caso e escondê-lo do parceiro. Essa complexidade aumenta o impacto e dificulta a reconstrução da confiança. O perdão pode acontecer, mas, não quer dizer que seja sinônimo da reconstrução da relação. Pode se perdoar uma traição, mas, optar por nunca mais dar ao outro o benefício da dúvida, afinal, se mostrou alguém não digno de confiança.

As futuras relações de uma pessoa que já foi traída podem ser impactadas negativamente, explica a especialista. “A pessoa que sofreu a dor de uma traição tem medo de confiar e sofrer novamente. Por isso, é tão importante validar os impactos de uma traição na saúde mental. Alguns precisam de tratamento psicológico ou psiquiátrico para conseguirem lidar com a traição sofrida e vivenciar uma relação futura de forma saudável”, pontua.

A psicóloga conta que existe também o estelionato emocional, que nada mais é do que uma forma de violência psicológica, composto de manipulação, de mentiras e da construção de um mundo de ilusão. “O impacto emocional dele é gigantesco, pois usa de aspectos saudáveis do outro, como a confiança, por exemplo, e distorce, fazendo com que a pessoa enganada fique machucada não só nesta relação, mas nas posteriores também. É o que chamamos de ferida de apego, uma ferida emocional complexa de ser tratada, mas que se relaciona diretamente à forma da pessoa se relacionar nas próximas experiências”, orienta Ana Streit, que é especialista em Terapia Cognitivo Comportamental..

Ana ressalta que, historicamente, vemos que os homens traem mais, até mesmo em função do patriarcado e da diferença de gênero, que coloca o homem nessa posição de mais poder. Quanto maior o machismo, mais o homem terá crenças de que pode trair e a mulher, de que precisa aceitar ou tolerar esse tipo de comportamento. “Um dos motivos principais, levando este aspecto do estereótipo de gênero em conta, é o homem sentir-se que tem o direito de trair, afinal, é superior que a mulher, nessa análise contextual”, pontua.

O machismo está infiltrado na nossa sociedade em diferentes camadas, e isso influencia, de certa forma, os relacionamentos. A especialista em relações saudáveis diz que é importante não generalizarmos. “Precisamos abrir um espaço para refletir sobre o comprometimento nos relacionamentos e para a equidade de gêneros, onde empatia e reciprocidade falam mais alto do que nossas raízes machistas e patriarcais”, declara Ana.

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Fonte: Mulher

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