A Marinha do Brasil é uma das Forças Armadas que estão auxiliando no socorro aos sobreviventes das trágicas chuvas que se abateram sobre o Litoral Norte de São Paulo. Mais cedo, foi anunciado que o navio NAM (Navio Aeródromo Multipropósito) Atlântico (A-140) será empregado na missão de auxílio humanitário. É a maior embarcação da Marinha brasileira.
Devido à sua versatilidade, o Atlântico pode ser aplicado em missões variadas: operações de controle de áreas marítimas, ações anfíbias (junto com os Fuzileiros Navais), de caráter de paz, humanitárias e de logística. Não muito diferente das tarefas que o Ocean cumpriu. Outra missão citada é a de auxílio em caso de desastres naturais.
Segundo a Marinha, o navio aportará em São Sebastião – a cidade mais atingida pela tragédia – na quinta-feira (23). Ele levará seis helicópteros e três Embarcações de Desembarque de Viatura e Pessoal (EDVP) – originalmente, elas têm capacidade para levar 45 pessoas, além da tripulação. Indagada sobre a capacidade dos veículos empregados na ação de auxílio, a Marinha do Brasil se limitou a mandar um release de imprensa.
E conta ainda com hospital de campanha equipado com UTI completa; ortopedista; cirurgião geral; anestesista; clínico geral; cirurgião dentista; farmacêutico e profissionais de enfermagem e saúde bucal. De acordo com comunicado da Marinha, a capacidade é de mais de 200 leitos . Anteriormente, o governo estadual afirmou que eram 300 leitos .
O navio também trará um grupamento de 180 Fuzileiros Navais com maquinário de mini carregadeiras, ambulâncias e pás carregadeiras, tudo voltado para ajudar na desobstrução da via e outras tarefas.
História do Atlântico
Nascido como HMS Ocean, o navio foi construído na Escócia e comissionado em 1998. Considerado na época a nau mais importante da força, o Ocean se tornou um símbolo da Marinha Real Britânica – o HMS se refere ao termo Her Majesty Ship, ou navio da sua majestade.
No Brasil, sua história começou bem depois. A embarcação foi adquirida pela Marinha em dezembro de 2017, e batizada tecnicamente como PHM Atlântico , sigla que significa Porta-Helicópteros Multipropósito. A incorporação só foi finalizada em meados do ano seguinte. Por que mudou a sigla de PHM para NAM? O navio passou a operar drones, aeronaves não tripuladas de asa fixa, o que não o limita mais aos helicópteros. Daí a classificação Navio Aeródromo Multipropósito (NAM).
Ao contrário do recém afundado porta-aviões São Paulo , o Atlântico foi uma excelente compra. Os ingleses pagaram 154 milhões de libras esterlinas pela construção do projeto, o que dá mais de 300 milhões em valores atuais . Além disso, o Ocean passou por uma reforma de 65 milhões de libras, uma obra que foi encomendada em 2012 e lançada ao mar em 2014 – o que o deixou em excelente estado.
O processo de reforma abrangeu novos radares, armas, sistema de comando e alojamentos, segundo informou a Marinha Real Britânica. Em adição a isso, foram instalados 1,2 quilômetro de canos e 100 mil litros de tinta.
Com retirada de serviço planejada para 2018, o navio foi vendido para o Brasil por 84 milhões de libras . O negócio foi motivado por problemas orçamentários da Marinha local e também pela insatisfação dos contribuintes, uma vez que a força naval do país já tinha embarcações de grande porte em serviço ou em construção.
Porém, a polêmica foi lançada logo depois da venda, afinal, a reforma parecia que tinha sido encomendada para favorecer o comprador. Embora tenha custado um valor muito elevado, na prática, foi um bom negócio para o Brasil . Isso significa que o navio foi atualizado e, com isso, ganhou uma longa sobrevida em serviço.
Como é o navio
O Atlântico tem 203 metros de comprimento (o equivalente a um prédio de 40 andares) e desloca respeitáveis 21 mil toneladas, sendo capaz de atingir 18 nós, velocidade que equivale a 33 km/h , menos do que os 22 nós e 41 km/h marcados pela classe Wasp americana – talvez os mais emblemáticos porta-helicópteros do mundo. De qualquer forma, o navio da Marinha do Brasil é não menos do que impressionante.
O convés de voo tem capacidade para vários helicópteros, aeronaves que também podem ser guardadas no hangar do andar inferior. O deslocamento do convoo para baixo é feito por meio de dois elevadores do tipo plataforma.
Com capacidade para até 18 aeronaves em seu hangar e convés (convoo), o Atlântico pode operar variados tipos de helicópteros: Esquilo (UH-12), JetRanger (IH-6B), além dos maiores Super Cougar (UH-15 e AH-15B), Seahawk (SH-16) e Super Lynx (AH-11B) .
Vamos pegar o Super Cougar como exemplo: a capacidade de passageiros dele chega a quase 30 pessoas, o que abre espaço para macas e uma boa quantidade de resgatados – levando-se em consideração os dados do fabricante. Veloz e espaçoso, o helicóptero pode cumprir missões de transporte de maneira ágil. Outro fator que pode acelerar o ritmo de ajuda às vítimas da tragédia é o fato do Atlântico pode operar simultaneamente sete aeronaves .
São cerca de 430 tripulantes (entre marinheiros, pilotos e outros) e a nau capitânia pode comportar até 1.400 militares, efetivo maior que muitas cidades brasileiras. A capacidade de abrigar aproximadamente 800 fuzileiros reforça a sua capacidade de desembarque e combate anfíbio.
Fonte: IG Nacional