Conforto físico e emocional são fundamentais para a boa amamentação

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Conforto físico e emocional são fundamentais para a boa amamentação
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Conforto físico e emocional são fundamentais para a boa amamentação

O mês de agosto foi designado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como Agosto Dourado, simbolizando a luta pelo incentivo à amamentação. A cor dourada está relacionada ao padrão ouro de qualidade do leite materno. E no Brasil, desde 2017, o agosto também foi adotado como “Mês do Aleitamento Materno ”.

De acordo com dados do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil 2019 (ENANI), encomendado pelo Ministério da Saúde, o aleitamento materno exclusivo em menores de 6 meses é de 45,8% no país. Um aumento de 8,6 vezes em comparação ao último dado de 2006 da Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS). Trata-se de um bom sinal, mas a porcentagem ainda está distante da meta da OMS para 2030, de 70% nos primeiros seis meses, de forma exclusiva.

A recomendação do Ministério da Saúde é que o aleitamento materno continue de forma complementar até os dois anos ou mais. Entre as vantagens desse tipo de aleitamento estão a prevenção de infecções respiratórias, diarreias e alergias; redução, em até 13%, da mortalidade infantil por causas evitáveis; redução das chances de a mãe desenvolver câncer de mama e de ovário; e a redução com gastos no sistema de saúde.

A amamentação também fortalece o vínculo entre a mãe e o bebê . É uma fase de aprendizados, desafios e mudanças que podem refletir na saúde mental da mulher, causando estresse e exaustão. Essa fadiga emocional é capaz de interferir em diversos fatores, inclusive na produção de leite.

Ana Streit, psicóloga, mestre em psicologia e saúde pela Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), falou sobre esses fatores e sobre a importância de contorná-los para a boa qualidade da amamentação.

Como a ansiedade e o estresse podem afetar a produção de leite e, consequentemente, o momento da amamentação?

Podem impactar diretamente, pois diante do estresse o corpo reduz o máximo as atividades e se concentra no mecanismo de luta e fuga. Ou seja, não há espaço para preocupações com uma segunda pessoa, mesmo ela sendo o seu bebê. É um processo automático do corpo, de defesa e sobrevivência.

Pressões externas afetam a experiência e autoestima da mulher?

Afetam e muito, inclusive a própria pressão por amamentar. Claro que sabemos a importância desse momento. Mas quando se torna uma pressão e preocupação, ele pode ser afetado. Ser mulher é lidar com pressões constantes, com o seu corpo, com o seu papel de mãe e com o equilíbrio entre todas as demandas da vida. Por isso é fundamental silenciar a voz da autocobrança interna e externa, focar no que realmente importa e priorizar o que merece mais foco e investimento a cada momento.

Quais as principais dúvidas das mulheres quanto a amamentação?

As dúvidas desse momento são muitas, especialmente focadas na qualidade da alimentação do bebê e no desempenho da mãe. Será que estou fazendo certo? Será que meu leite é suficiente? Será que estou amamentando o tempo adequado? E mesmo para as futuras mamães as dúvidas já se fazem presentes: será que vou conseguir amamentar? Será que vai doer? Será que vou conseguir lidar com este momento? Será que serei boa o suficiente? Só com esses exemplos podemos compreender as tantas preocupações que rondam a cabeça da mãe, tanto antes quanto durante a amamentação.

Qual é a importância do aleitamento materno?

O aleitamento materno é de fundamental importância. Ele é um alimento completo, capaz de proteger a criança de muitas doenças como diarreia, infecções respiratórias, alergias. E estudos apontam que ele ainda diminui o risco de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade nas crianças que foram amamentadas. Tamanha importância justifica a pressão que surge para que a amamentação aconteça, ainda que seja crucial lidar de forma saudável com essa pressão e com a situação e o contexto como ele for, com suas imperfeições e dificuldades possíveis.

Como tornar esse momento mais leve para os dois lados?

O antídoto para tornar esse momento mais leve é a conexão emocional. Sabemos que o aleitamento é importantíssimo, mas, ainda é mais a conexão mãe/bebê. E para que a conexão aconteça, é preciso deixar o foco no desempenho e as pressões de lado. Para isso, a mamãe tem a tarefa de olhar no olho do bebê, cultivar sentimentos de amor e interesse genuíno por aquele serzinho que tem em seus braços e buscar estar em sintonia com o bebê, não em um cenário perfeito e “de filme”, mas, em um cenário real com pessoas dedicadas em fazer funcionar e estarem ali uma pela outra.

Como você enxerga a importância do vínculo emocional mãe e bebê durante a amamentação?

Eu entendo o vínculo como de total importância. Mesmo que a amamentação não seja no peito, e que se dê por meio da mamadeira, o vínculo mãe/bebê precisa ser cultivado com todo zelo e empenho. Para a construção de um vínculo fortalecido e saudável, precisamos investimento, tempo e bem-estar. É preciso que a mãe queira e esteja confortável para a construção desse laço tão fundamental para o desenvolvimento do bebê. Para isso, é essencial dar foco total no bebê durante as mamadas, sem mexer no celular, ou conversar com outras pessoas. O olhar da mãe precisa estar voltado para o bebê, em um momento de privacidade e conexão. É preciso que o momento da amamentação seja preservado e priorizado diante dos outros afazeres.

A amamentação impacta a independência e liberdade da mulher? De que forma pode-se trabalhar essa questão?

De certa forma impacta sim, pois exige que seja feito de tempos em tempos e de forma a atender as necessidades do bebê, que é um ser que depende integralmente dos adultos, especialmente da mãe. Nenhum bebê mama eternamente. A amamentação ocorre por apenas um único período da vida, e nele, a tarefa é se conectar emocionalmente um com o outro. Este laço é tão importante que é capaz de gerar à criança um fortalecimento emocional para toda a vida. Para lidar com essa privação da mãe é fundamental contar com uma boa rede de apoio, de pessoas que irão facilitar as outras áreas da vida da mãe enquanto ela se dedica mais para o bebê, e, estabelecer limites com a pressão interna de “dar conta de tudo”. O bebê precisa ser a prioridade, e saber lidar com a frustração de deixar algumas coisas para depois é uma habilidade que precisa ser exercitada, com muita autocompaixão e respeito por si mesma.

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Fonte: Mulher

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