Yevgeny Prigozhin, líder dos mercenários da Wagner, emergiu como uma figura central no cenário político ao desafiar o governo russo neste ano. Natural de São Petersburgo, o comandante da milícia assumiu uma postura mobilizadora com o objetivo de destituir Vladimir Putin do poder.
Prigozhin ficou reconhecido por sua personalidade confrontadora e muitas vezes violenta. Em 1979, aos 18 anos, foi condenado pela primeira vez por roubo. Em 1981, novamente foi condenado pelo mesmo crime, cumprindo uma pena de nove anos de prisão.
Após ser libertado, o líder da milícia russa ingressou no ramo de venda de cachorros-quentes por meio de barracas em São Petersburgo. Seu empreendimento prosperou notavelmente durante os anos 1990, quando o país passava por reformas capitalistas. Esse sucesso permitiu a Prigozhin expandir seus negócios e estabelecer restaurantes de alto padrão na cidade.
Sua imagem de empresário bem-sucedido lhe garantiu conexões influentes em São Petersburgo, o que se estendeu para outros círculos na Rússia. Seu primeiro encontro com Putin aconteceu em um de seus restaurantes, o New Island, um estabelecimento instalado em um barco que navegava pelo rio Neva. O restaurante se tornou um favorito do presidente russo, frequentemente utilizado para receber convidados estrangeiros.
Com o passar do tempo, a empresa de Prigozhin assegurou contratos para o fornecimento de alimentos ao Kremlin, além de estabelecimentos educacionais e entidades estatais em toda a Rússia. Essa trajetória complexa e multifacetada fez com que Prigozhin se tornasse um ator influente, envolvendo-se tanto em empreendimentos comerciais quanto na esfera política do país.
A estreita conexão entre o empresário e Putin se intensificou a partir de 2014. A milícia Wagner, cujo líder é Yevgeny Prigozhin, adquiriu notoriedade na Rússia ao se envolver em confrontos com as forças ucranianas na região oriental de Donbass.
O nome “Wagner” foi atribuído ao grupo em referência ao codinome utilizado por um de seus primeiros líderes. Esse comandante tinha um notável interesse na Alemanha nazista e escolheu o nome devido à associação com o compositor do século XIX, cujas obras eram utilizadas em campanhas de propaganda do período.
Um aspecto intrigante é que os mercenários da milícia Wagner colaboraram com Putin durante o conflito contra a Ucrânia, com o objetivo de “desnazificar” o país liderado por Volodymyr Zelensky. Apesar de ser conhecido por seu comportamento brutal, o grupo também serviu como aliado do governo russo em operações na África, incluindo o apoio ao regime de Bashar al-Assad na Síria.
Diante das ações do grupo Wagner, os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido adotaram medidas de sanções contra essa milícia e passaram a classificá-la como uma organização terrorista. Essa reação internacional reflete a preocupação com suas atividades e influência em diversos contextos geopolíticos.
O grupo também desempenhou um papel significativo no cenário online, promovendo a disseminação de notícias falsas com o objetivo de favorecer narrativas alinhadas ao Kremlin. Um exemplo marcante desse envolvimento é a atuação da empresa Internet Research Agency (IRA), sediada em São Petersburgo, que desempenhou um papel na interferência nas eleições presidenciais dos Estados Unidos em 2016.
Em resposta a essas ações, os Estados Unidos impuseram sanções tanto à IRA quanto a Yevgeny Prigozhin. Inicialmente, o empresário negou vigorosamente as acusações que o ligavam à empresa e até mesmo processou aqueles que o apontaram como proprietário. No entanto, no início deste ano, ele admitiu sua ligação com a Internet Research Agency.
O rompimento
Em junho, Prigozhin tomou a surpreendente decisão de romper com o governo Putin. Essa mudança de postura do líder teve um efeito de mobilização entre os membros da organização, que se colocaram como oposição ao Kremlin.
Após muitas ameaças, Prigozhin voltou atrás, mas nunca mais seu relacionamento com Putin foi igual.
Prigozhin morre em acidente de avião na Rússia, diz agência
Um avião que tinha na lista de passageiros o nome de Prigozhin caiu durante um voo de Moscou para São Petersburgo, de acordo com autoridades russas.
Todas as 10 pessoas a bordo do avião, incluindo três membros da tripulação, morreram no acidente, informou o ministério de emergência da Rússia, segundo a agência de notícias estatal RIA Novosti.
Fonte: Internacional