Saúde alerta sobre riscos da doença
Foto: Breno Esaki
No Dia Mundial contra a Raiva, instituído como 28 de setembro, o DF reforça a conscientização sobre o combate à doença, cujo vírus, que pode ser transmitido para humanos por meio de mordidas, arranhões e lambidas, tem letalidade de quase 100%. Até o dia 30, o DF está em campanha pela vacinação antirrábica.
Desde maio, além de oferecer a imunização em postos fixos em dias úteis, a Secretaria de Saúde do DF (SES) tem levado o serviço a locais públicos aos sábados, para aumentar a comodidade e a adesão dos tutores de animais.
“Se a pessoa for mordida, é necessário que lave o ferimento com água e sabão e procure imediatamente os serviços de saúde, porque não existe um tratamento, mas um protocolo de pós-exposição”Isaías Chianca, gerente de Zoonoses da Secretaria de Saúde do DF
Há quatro meses, ao sair da casa de uma amiga, o jornalista Helder Felipe Souza Ferreira, 28, foi seguido por dois cachorros na rua e mordido por um deles. Imediatamente, ele procurou um atendimento médico. “Fui orientado a tomar a vacina [antirrábica humana] em uma unidade básica de saúde [UBS]”, lembra.
Sabendo dos riscos de contrair a doença, ele seguiu todas as recomendações. “Foi meio desesperador, porque me contaram que é muito perigoso mesmo, mas deu tudo certo”, explica. Helder recebeu orientações sobre o protocolo da profilaxia pós-exposição. Após ser avaliado por profissionais da saúde, tomou quatro doses da vacina antirrábica em datas diferentes. Como foi mordido por um animal de rua, não era possível saber se o cachorro havia sido exposto ao vírus da raiva.
“Se a pessoa for mordida, é necessário que lave o ferimento com água e sabão e procure imediatamente os serviços de saúde, porque não existe um tratamento, mas um protocolo de pós-exposição”, reforça o gerente de Vigilância Ambiental de Zoonoses, Isaías Chianca. “Quando o animal é conhecido, não há necessidade de fazer a aplicação da vacina, pois você já sabe se ele está vacinado.”
Por isso, a SES ressalta que é importante evitar o contato com animais de rua e com os silvestres, como macacos e morcegos, que são os principais causadores de acidentes.
Vacinação
Vacinar os cães e gatos é a medida mais importante para evitar a contaminação de seres humanos com o vírus da raiva. “Embora a gente tenha eliminado as variantes do vírus mais comuns nos cães e gatos, existe o risco deles se contaminarem ao morderem um morcego”, exemplifica o gerente de Zoonose.
14.438Número de casos de atendimento antirrábico notificados no DF em 2022
Até o momento, a campanha no DF soma mais de 121 mil cães e gatos vacinados. Um dos animais que está protegido graças à iniciativa é a vira-lata Mia. A cadela foi levada por sua tutora, Nidia Serafini, para ser vacinada logo no início da campanha, em maio.
“A campanha é muito importante para um maior alcance, porque, assim, mais pessoas podem ter acesso à vacinação; se não tivesse a campanha do GDF, acho que muitos deixariam de vacinar os cachorros e os gatos por causa do custo”, afirma.
Sobre a raiva
A doença é caracterizada por sintomas neurológicos em animais e seres humanos. O vírus multiplica-se no local da lesão, migra para o sistema nervoso e, a partir daí, para diferentes órgãos, gerando uma encefalite aguda capaz de levar as vítimas ao óbito em praticamente todos os casos.
Em nível global, estima-se que, a cada ano, cerca 60 mil pessoas, das quais 40% são crianças, morram devido à infecção causada pelo vírus da raiva. A eliminação da raiva humana é possível, mas, para isso, é necessário manter os gatos e cachorros domésticos vacinados, além de evitar o contato com animais silvestres.
No Distrito Federal, de acordo com dados da SES, foram notificados 14.438 casos de atendimento antirrábico humano em 2022, sendo a maioria das agressões causadas por cães (74,4%) e gatos (18,9%). Já entre os animais silvestres, Já entre os animais silvestres, o morcego foi o principal agente causador dos acidentes.
Até a primeira semana deste mês, foram notificados 9.935 casos de atendimento antirrábico. Desse total, 6.883 das agressões foram causadas por cães e 1.758 por gatos. Esses dados reforçam a importância de manter a vacinação anual dos animais para o controle da raiva no ciclo urbano e, consequentemente, a prevenção da raiva humana.
Instituído pela Aliança Global para o Controle da Raiva (Garc) e reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o Dia Mundial contra a Raiva evidencia a necessidade de uma abordagem multidisciplinar com a intervenção e colaboração de equipes profissionais dos setores da saúde humana, animal e ambiental.
O site da Secretaria de Saúde possui informações sobre a raiva e sobre o protocolo pós-exposição. Acesse também a lista com todos os postos de vacinação para cães e gatos e os horários de funcionamento.
*Com informações da Secretaria de Saúde