Dia Mundial de Combate ao Estresse: Quando a comida se torna uma válvula de escape é preciso reforçar a atenção

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O problema é que na modernidade, com as sobrecargas de trabalho físico e mental, o estresse vem-se tornando uma doença crônica, provocando alterações físicas e emocionais muitas vezes graves

Por: Simone Dias, nutricionista especialista em comportamento alimentar

Foto: Divulgação

Em 23 de setembro é comemorado o Dia Mundial do Combate ao Estresse. Na literatura, o estresse é uma reação natural do organismo, que ocorre quando vivenciamos situações de perigo ou ameaça. No geral, esse é um mecanismo bastante útil para a nossa vida, já que nos coloca em estado de alerta ou alarme, capaz de nos ajudar a prever alguma situação grave. O problema é que na modernidade, com as sobrecargas de trabalho físico e mental, o estresse vem-se tornando uma doença crônica, provocando alterações físicas e emocionais muitas vezes graves.

Quando pensamos no estresse, não há como separá-lo da alimentação, seja para combatê-lo, seja para compensá-lo. No consultório, sempre trato de tema importante que é o “comer emocional”, ou seja, comer em resposta a estímulos emocionais. Esse é um padrão de comportamento alimentar muito comum, e que afeta inúmeras pessoas ao redor do mundo. Trata-se de um fenômeno no qual as emoções desempenham papel central no consumo de alimentos, não por estarmos fisicamente famintos, mas como uma maneira de lidar com sentimentos desconfortáveis, como o estresse, a ansiedade, a tristeza ou a solidão. Usamos o alimento também como forma de premiação ou punição, sempre buscando um prazer imediato. Como características, o comer emocional surge repentinamente, e precisa supri-lo imediatamente. No entanto, não é saciado com estômago cheio, e normalmente vem carregado de sentimentos de vergonha e falta de controle.

Na prática: o que fazer para minimizar os efeitos maléficos desse comportamento? Bom, como nutricionista, meu objetivo é, inicialmente, ajudá-los a compreender que essa é apenas uma reação instintiva do nosso cérebro. O que vai determinar se esse comportamento é disfuncional, ou não, é a sua frequência. Mas há algumas estratégias práticas que são grandes aliadas para mudar essa dinâmica e promover um relacionamento equilibrado com a comida e com as nossas emoções.

É essencial a autoconsciência. Para entender e abordar de forma eficaz esse comer emocional, é fundamental que você esteja ciente desse padrão em sua vida. Uma boa dica é manter um diário alimentar no qual você registre o que e quando está comendo e quais emoções estão presentes. Isso ajudará a identificar padrões e gatilhos emocionais específicos.

Uma vez que você tenha consciência do comer emocional, é importante identificar quais emoções desencadeiam esse comportamento. Faça a si mesma perguntas como “Por que estou comendo agora?” e “O que estou sentindo neste momento?”. Essa autorreflexão sobre suas emoções pode lançar luz sobre as situações ou estados emocionais que levam ao comer emocional, seja um estresse por conta de uma demanda de trabalho, seja a ansiedade em relação a algum medo.

Sempre explico às minhas pacientes que a chave para superar o comer emocional disfuncional reside em encontrar estratégias para identificar o que está se passando conosco. Praticar a atenção plena, que é também conhecida como mindfulness, pode ajudar nesse processo de reconhecimento das emoções e sensações corporais. Durante as refeições, pratica o mindfulness se conectar ao momento presente, libertando-se de pensamento exaustivos.

Também listo aqui, como uma prioridade no combate ao estresse e ao comer emocional, a prática de atividades que façam com que você se sinta bem: exercícios físicos como boxe, yoga, ballet, ler um livro envolvente ou ouvir uma boa música, por exemplo, podem ser formas poderosas de distrair-se e liberar um pouco da tensão do dia a dia. Encaixar essas atividades na sua rotina é importante para que você consiga aliviar o estresse e a ansiedade, sem recorrer à comida de forma impulsiva, deixando-se levar pelas emoções e turbulências diárias.

Uma outra dica de ouro que reforço no consultório é o estabelecimento de uma rotina de horários e de rituais para realizar refeições/lanches com calma e tranquilidade. Isso ajuda a reduzir a probabilidade de comer impulsivamente quando estiver emocionalmente vulnerável. Evitar a realização de refeições com o pensamento em outras coisas, tais como, os problemas do escritório ou mesmo um simples manuseio celular.

Por fim, reforço aqui que problemas alimentares requerem cuidado especiais. Não hesite em procurar ajuda profissional. O comer emocional é um desafio, mas com autoconhecimento, estratégias adequadas e apoio multidisciplinar é possível reverter. Como nutricionista, encorajo você a abraçar essas estratégias e trabalhar em direção a um relacionamento mais equilibrado com a comida e as emoções, sem deixar que o estresse do dia a dia o consuma. Lembre-se de que é um processo contínuo, em que é superimportante celebrar cada pequena conquista!

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