Chamada de caipira por conta de sua origem, Fabi Seixas não se incomoda com o apelido que nascer em Ituiutaba, no interior de Minas Gerais, gerou. Hoje ela mora em Alphaville, São Paulo, e se orgulha de viver do que mais gosta: o beach tênis. Ela trocou o mundo corporativo pelo sonho de se tornar atleta.
O tênis sempre fez parte de sua história. Ela foi bolsista na escola e se destacava nos esportes. Até conseguir, com uma nova aluna, uma raquete emprestada. “Ficava jogando tênis com os gandulas, fui me destacando no esporte, meu pai conhecia o professor de tênis, fiz vaquinha na família e comprei uma raquete usada. Desde pequenininha, sempre fui muito focada”, conta Fabi.
Era a época de ouro do Guga e ele era patrocinado pelo Banco do Brasil. Fabi foi até a agência da cidade na intenção de conseguir um apoio para ela também. “O gerente me deu 70 reais do bolso dele”, lembra a menina que sempre quis lutar por seus sonhos.
Na escola tinha aula de inglês e ela gostava das aulas, além de continuar jogando tênis. Na adolescência, o tênis a levou pra longe. Ela conseguiu bolsa para estudar nos Estados Unidos. “Fiz a faculdade de Administração e Comércio Exterior, joguei tênis por 4 anos, fiz muitos amigos por lá, um pessoal de alto poder aquisitivo. Terminei a faculdade, estava namorando um francês, era apaixonadinha, queria que eu fosse pra França, mas eu queria construir família, os objetivos mudaram.”
Indecisa se largava tudo e voltava pro Brasil, acabou retornando e indo para São Paulo trabalhar com o pessoal que conheceu na faculdade. “Tudo era caro, o salário era baixo, mas eu queria crescer profissionalmente.” Neste período, Fabi largou o tênis.
“Trabalhei 3 anos e tive convite para virar sócia. Queria muito ter minha empresa, mas ainda tinha o sonho de trabalhar numa multinacional. Consegui emprego na área comercial pós venda exportação da JBS. Fiquei 5 a 6 anos, mas continuava muito sonhadora”, relata.
Na JBS foi promovida, mas em plena crise por causa da lava jato havia incertezas, ninguém sabia se ia ser mandado embora ou não. Fabi acumulou tarefas. Tinha acabadi de se casar e decidiu se mudar para Alphaville. “Senti que chegou o momento de algo melhor, um emprego em perto de casa, com vendas e comércio exterior. Nisso veio a pandemia e entrei no corte. Foi quando fiz as primeiras aulas de beach tênis.”
Fabi ficou amiga do pessoal da arena de beach tênis, pensou até em ficar sócia, mas teria de ficar até tarde e não era o que ela queria. Daí conheceu a sócia de uma empresa de combucha, com quem se associou. “Realizei meu sonho de ter minha empresa, fiquei super feliz, um negócio promissor, quis ser mãe, queria ter flexibilidade. Maternidade, amamentar, no corporativo é tenso”, diz. “Eu queria estar mais jogando beach tênis, mas eu tinha que estar trabalhando, era cobrada pela sociedade.”
Fabi encarou seu momento de maior decisão após o nascimento da filha. Depois de muito pensar, chegou à conclusão de que o que ela queria mesmo era ser atleta de beach tênis. “Vendi minha parte na empresa”, conta. “Ter jogado tênis anteriormente me ajudou muito em algumas partes técnicas, mental, competitivo, me ajudou a me destacar mais rápido.”
Hoje Fabi Seixas está no ranking mundial e tem o emprego dos sonhos. “Além de tudo, fico perto do marido, da minha filha, tudo o que sempre quis.”
Fonte: Mulher