A Alemanha determinou nesta sexta-feira (24) a suspensão da exportação de blindados brasileiros para as Filipinas. O governo alemão justificou haver componentes do país no veículo e que a venda para o Exército filipino precisava passar pela autorização de Berlim.
O contrato prevê a exportação de 24 blindados brasileiros para as Filipinas, sendo que cinco já estavam prontos para serem entregues. Os veículos, fabricados em Sete Lagoas (MG) em parceria entre o Exército brasileiro e a Iveco, contam com poucas peças alemães, segundo o governo.
No Planalto, a notícia foi recebida com espanto. Interlocutores acreditam que a ação da Alemanha é uma retaliação a decisão do governo brasileiro em manter a neutralidade na Guerra da Ucrânia.
Em encontro em Brasília, o chanceler alemão, Olaf Scholz, pediu para que o Brasil cedesse R$ 25 milhões em munições para os taques Leopard, que serão enviados à Ucrânia. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) negou o pedido e disse que manterá a imparcialidade no conflito.
O Brasil já adota a imparcialidade tradicionalmente e quer evitar pressão política da China e Rússia caso passe a apoiar os ucranianos. Lula chegou a pedir a criação de um grupo para negociar um cessar-fogo entre os dois países.
Negociação
Interlocutores informaram que o governo brasileiro já prepara uma negociação com os alemães para liberar os veículos para as Filipinas. Se o contrato for suspenso, o Brasil poderá perder US$ 47 milhões.
O Itamaraty quer montar uma ofensiva para convencer o governo alemão de que ação poderá prejudicar os dois países. A ideia é mostrar para os articuladores de Olaf Scholz que o Brasil quer colocar um fim no conflito e não causar mais mortes.
Caso a negociação falhe, o Planalto deverá repatriar os veículos para retirar as peças alemãs e trocar por equipamentos de outra origem. O Exército já informou que não haverá forte impacto em equipamentos de defesa dos blindados, já que a maioria dos materiais são israelenses.
Fonte: IG Política