Diretora de L’Oréal Paris no Brasil desde 2019, Laura Parkinson sempre quis ser uma executiva. “Nem sei de onde veio essa minha vontade, porque eu não tive muitas referências quando pequena”, conta. Quando olha para trás, ela percebe que nunca parou para pensar no caminho que precisou trilhar enquanto mulher para alcançar a liderança da marca número um de cosméticos no mundo: “Hoje a gente fala muito mais sobre isso”.
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Ainda assim, isso nunca impediu que ela se questionasse sobre a sua capacidade para assumir o cargo. “A gente passa sem pensar, sem racionalizar tanto, mas, o tempo inteiro, se autoanalisando, se dando feedback. Eu sou muito dura comigo mesma: ‘Será que eu estou pronta para isso?’, ‘Eu não podia ter cometido esse erro’. A gente fala ‘Poxa, mas eu também acertei tanto’, mas toda vez que a gente erra, a gente se martiriza”, afirma.
“E isso acontece até hoje… Mesmo com tudo que a gente fala sobre a ‘síndrome da impostora’, eu me questiono muito”, completa Laura. O termo “síndrome da impostora” foi usado pela primeira vez em 1978 pelas psicólogas norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Imes. Por meio de um estudo realizado com 150 mulheres que ocupavam posições de destaque, as duas perceberam que quanto mais respeitadas e bem-sucedidas eram, mais essas mulheres se sentiam inseguras e acreditavam ser uma fraude.
“Quando você fala em liderar pessoas, você está falando em todo dia lidar com o emocional, com o coração dessas pessoas. É sobre ter sensibilidade, sobre como você motiva, como você acolhe. Eu tenho várias mulheres no meu time, mas eu tenho vários homens também que têm as suas inseguranças”, diz a executiva de L’Oréal Paris.
Laura Parkinson trabalha na empresa desde 2008, quando assumiu o cargo de Product Manager. Se tivesse que dar uma dica para a Laura de 15 anos atrás, ela diria: “‘Não se intimide, siga em frente, trabalhe e vá vencer as barreiras que existem’. Acho que inconscientemente eu acabei fazendo isso, mas se eu tivesse um pouco mais de informação nesse processo, eu teria sofrido um pouco menos (risos)”.
Questionada sobre que tipo de informações seriam essas, ela responde: “Ter essa consciência muito mais clara da dificuldade feminina de chegar à liderança, ter esse letramento de que a gente é capaz, de que a gente foi criada para ter muitas dúvidas sobre o nosso potencial e de que isso põe dúvidas mesmo no nosso dia a dia. E toda vez que você duvida de você mesma, é muito mais difícil fazer o que você pretende e precisa fazer”.
Mercado de trabalho
Mãe de duas crianças pequenas, uma de quatro e outra de um ano, Laura acredita que conciliar a carreira e a maternidade é um exercício diário. “Eu só vou ser essa mãe que eu quero ser para os meus filhos se eu também me sentir realizada no meu trabalho, porque, senão, eu vou ter uma parte de mim muito frustrada”.
Segundo o relatório Women in Business, realizado pela consultoria Grant Thornton, as mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de liderança no Brasil. Neste mês, o Grupo L’Oréal apareceu em 11º lugar no Gender Equality Global Report and Ranking, que avalia a equidade de gênero em mais de 3.500 empresas listadas em 23 países.
Presente em 130 nacionalidades, a L’Oréal tem no Brasil seu quarto maior mercado de beleza do planeta. O grupo é dono de 19 marcas no país: L’Oréal Paris, Maybelline, Garnier, Niely, Colorama, Kérastase, L’Oréal Professionnel, RedKen, La Roche-Posay, Vichy, SkinCeuticals, CeraVe, Lancôme, Diesel, Ralph Lauren, Giorgio Armani, Yves Saint Laurent, Urban Decay e Cacharel.
“O Brasil tem um papel de protagonismo bastante interessante”, afirma a diretora de L’Oréal Paris. O país foi escolhido para sediar um dos oito centros de pesquisa e inovação do Grupo L’Oréal — situado na Ilha de Bom Jesus, no Rio de Janeiro —, por ser considerado um laboratório a céu aberto: encontramos aqui 55 dos 66 tipos de pele catalogados pela companhia no mundo todo, além dos oito tipos de cabelo.
Essa necessidade de entender as exigências das consumidoras brasileiras tem um motivo especial: “A gente tem a ambição de se construir como a marca número 1 de beleza do Brasil também”, declara Laura Parkinson. “Olhar o mercado local, abraçar a diversidade e entender os caminhos de crescimento são a chave para atingir esse objetivo”.
A pesquisa de campo levou a dois grandes lançamentos recentes da marca no mercado de beleza: um sérum antirrugas noturno com retinol e outro preenchedor facial anti-idade com ácido hialurônico, que entraram para o portfólio internacional de L’Oréal Paris. O último ativo também se tornou queridinho nos cuidados com o cabelo e, por isso, virou protagonista na nova linha de produtos para fios oleosos e com pontas secas de Elseve L’Oréal Paris.
Fonte: IG Mulher