A maternidade é uma experiência multifacetada na vida de toda mulher. Ela traz muitos aprendizados e desafios, principalmente o de conciliar, entre os diversos papéis da mulher moderna, a carreira com o convívio e a criação dos filhos. Muito tem se falado sobre os dilemas enfrentados pelas mães que almejam se desenvolver profissionalmente e ter tempo em quantidade e qualidade com a família – e se continuamos falando é que ainda não encontramos o ponto ótimo ou pelo menos o equilíbrio entre estes dois mundos.
Não importa a função que a mulher exerce, é perceptível que a grande maioria passa pelo mesmo dilema do quanto priorizar e como se dividir entre a maternidade e a própria carreira. São muitas as reflexões neste período e, várias vezes, a sensação de culpa e cansaço. É o que destaca o relatório “Esgotadas: empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres”, publicado pela ONG Think Olga em maio de 2023. Segundo o relatório, 86% das entrevistadas consideram que têm uma carga de responsabilidade muito grande. O levantamento aponta também que as mães-solo são as mais sobrecarregadas. Insegurança financeira e as duplas ou triplas jornadas são os dois principais fatores de pressão sobre a saúde mental feminina.
Famílias que passam pelos mesmos dilemas – não só mães, mas pais, as próprias crianças/adolescentes, são importantes redes de apoio. Elas proporcionam, em diferentes esferas da nossa sociedade, escuta ativa, conforto (de ver outros exemplos como o seu, “não estou sozinha”, “deu tudo certo no final, as crianças cresceram bem e independentes”) assim como provocações (ideias diferentes) e inspiração.
As empresas, na figura dos gestores, colegas de trabalho e da cultura organizacional, são fundamentais nesta jornada. Sempre fazem a diferença ações práticas, como flexibilidade, auxílio creche, licença maternidade estendida, e reintegração após licença-maternidade. Mas igualmente estratégico é investir na segurança psicológica para as mães e suas famílias, num ambiente profissional acolhedor e inclusivo, que fala sobre o tema.
Como mãe e executiva à frente dos debates que fomentam a representatividade feminina no mercado editorial, afirmo que é preciso promover trocas baseadas no diálogo transparente e propositivo. Entender a decisão, as consequências e o que podemos fazer a respeito do fato de tantas mulheres saírem do mercado corporativo, evitarem determinados cargos, em especial os de liderança.
Os desafios da maternidade trazem junto muitas oportunidades, como autoconhecimento, revisão de valores, prioridades e hábitos, maturidade. Todos ganham quando ampliamos nossos pontos de vista: a empresa, a sociedade e, especialmente, a mãe que se desenvolve em sua carreira assim como a profissional que se desenvolve com a experiência da maternidade.
Fonte: Mulher