Fungo zumbi transforma cigarras em ‘saleiro da morte’

Mundo

Cigarra - Seu som estridente atinge 120 decibéis e é tão persistente que, quando uma cigarra está na área, o barulho incomoda as pessoas. A
Reprodução: Flipar

Cigarra – Seu som estridente atinge 120 decibéis e é tão persistente que, quando uma cigarra está na área, o barulho incomoda as pessoas. A “cantoria” é emitida apenas pelos machos, para a reprodução e para afastar predadores. E o som parte do abdômen, que possui membranas formando um saco de ar, que funciona como caixa de ressonância.

A primavera é o período em que costuma-se ouvir mais os “gritos” das cigarras, pois estes insetos emergem do solo para as árvores neste período, após mais de uma década de vida subterrânea. No entanto, uma pesquisa revelou um fenômeno sinistro que está tomando conta de algumas dessas criaturas.

Pesquisadores descobriram que um fungo “zumbi” misterioso, conhecido como Massospora cicadina, está controlando esses insetos, transformando-os em portadores de esporos mortais, como se fossem “saleiros da morte”.

Os detalhes dessa bizarra relação entre fungo e inseto foram revelados pelo Dr. John Cooley, professor associado de ecologia e biologia evolutiva da Universidade de Connecticut, Hartford.

À CNN americana, Cooley descreveu como o Massospora cicadina ataca as cigarras, destruindo seus genitais e substituindo seus abdômens por uma cavidade cheia de esporos fúngicos. Esses insetos infectados são então manipulados pelo fungo para um comportamento hipersexual, visando espalhar ainda mais o parasita entre seus semelhantes.

O Dr. Matt Kasson, professor associado de micologia e patologia florestal da Universidade da Virgínia Ocidental, descreveu ao jornal o aspecto visual desses insetos como tendo “uma bala de goma que foi deixada cair em pó de giz, colada na parte traseira dessas cigarras”.

Após a infecção a parte traseira da cigarra – incluindo seus genitais – cai. Em seu lugar, é exposto um tampão fúngico branco, “um aglomerado de esporos que estão irrompendo de onde estavam os genitais e o abdômen”, disse o Dr. Matt Kasson.

Cooley explica ainda que o ciclo de vida das cigarras é periódico, após passarem anos no subsolo se alimentando de seiva de árvores, são expostas aos esporos do fungo, mas ainda não está claro quando ou como essa exposição ocorre.

“Cigarras periódicas têm genitália entrelaçada. Então, quando se separam, adivinha o que acontece? Rasgam. E então há uma cigarra andando por aí com os genitais de outra pessoa grudados neles”, disse Cooley. “E agora a cigarra infectada está aberta.”

Além de manipular o comportamento sexual das cigarras, o fungo também as utiliza como dispersores de esporos. Cooley descreve como as cigarras, durante tentativas de acasalamento, podem acabar com os genitais de outros insetos grudados nelas, espalhando os esporos fúngicos enquanto voam.

Os pesquisadores também estão investigando a presença de uma anfetamina nos esporos fúngicos, sugerindo um possível estímulo para o comportamento frenético das cigarras. “Estamos diante desse problema, de que está produzindo uma substância química psicoativa poderosa, mas a substância química psicoativa poderosa pode não fazer nada para os insetos”, disse Cooley.

Com a emergência simultânea de duas ninhadas de cigarras de 17 e 13 anos em diferentes regiões, os cientistas esperam estudar as diferenças genéticas do fungo entre essas populações.

Enquanto algumas pessoas consideram as cigarras como fonte de alimento, os especialistas alertam para os perigos de consumir insetos infectados. Embora a humanidade esteja protegida contra a zombificação, como nos filmes de ficção científica, a complexa relação entre fungo e inseto continua a intrigar cientistas e entusiastas da natureza.

Fonte: Internacional

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *