Israel assumirá a “responsabilidade geral pela segurança” na Faixa de Gaza por um período indefinido após o conflito com o Hamas, declarou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na noite dessa segunda-feira (6). Trata-se da sinalização mais clara, até o momento, de que Israel planeja manter o controle sobre o território, um mês após o início do conflito que resultou na morte de mais de 10 mil pessoas na região.
“Acredito que Israel terá, por um período indefinido, a responsabilidade geral pela segurança, porque vimos o que acontece quando não a temos”, afirmou o premiê. “Quando não assumimos essa responsabilidade pela segurança, enfrentamos a expansão do terror do Hamas em uma escala inimaginável”.
Netanyahu também indicou a disposição para que “pequenas pausas táticas” nos combates sejam feitas, a fim de facilitar a entrega de ajuda humanitária em Gaza ou acelerar a libertação de alguns dos mais de 240 reféns capturados pelo grupo terrorista durante o ataque de 7 de outubro em Israel, que desencadeou a nova escalada de conflito.
O premiê, porém, descartou a possibilidade de um cessar-fogo geral sem a libertação de todos os reféns, e a Casa Branca informou que não houve acordo sobre a proposta do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de uma trégua humanitária mais ampla, após conversa entre os líderes.
O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, anunciou na segunda-feira que, dos mais de 10 mil mortos, pelo menos 4.100 são menores de idade. Segundo o Ministério, não há distinção entre civis e combatentes no número de mortos, enquanto Israel alega ter matado milhares de combatentes.
Em Israel, cerca de 1.400 pessoas morreram, a maioria delas civis vitimadas no ataque terrorista do Hamas em 7 de outubro. Israel e seu principal aliado, os Estados Unidos, ainda não tem definições claras do que deve acontecer após a retirada do Hamas – ou sobre quando a guerra pode chegar ao fim. Netanyahu afirmou que Gaza deveria ser governada por “aqueles que não desejam seguir o caminho do Hamas”.
Atualmente, as tropas israelenses estão concentradas no norte de Gaza, incluindo a Cidade de Gaza, que antes do conflito abrigava cerca de 650 mil pessoas. Israel alega que o Hamas mantém uma extensa infraestrutura militar na cidade, incluindo uma vasta rede de túneis, e acusa o grupo palestino de utilizar civis como escudos humanos.
Na ONU, o secretário-geral Antonio Guterres tem indicado o desconforto do órgão em relação às ostensivas terrestres de Israel e o impedimento da chegada de ajuda humanitária em Gaza, ecoando as preocupações do presidente Lula (PT). Guterres afirmou que a situação é “completamente inadequada” para uma chegada de ajuda humanitária.
“Estou profundamente alarmado com a intensificação do conflito entre Israel e o Hamas e outros grupos armados palestinos em Gaza”, afirmou Guterres. “Com demasiadas vidas israelenses e palestinas já perdidas, esta escalada apenas aumenta o imenso sofrimento dos civis”, disse.
Fonte: Internacional