Ao todo, sete blocos da cultura afro da cidade vão se apresentar, divididos entre os dois dias
Foto: Denise dos Santos
O Palco Oficial do Carnaval de Belo Horizonte recebe nesta sexta-feira (17) as apresentações artísticas do Kandandu, encontro de blocos afro da cidade. Abrindo oficialmente a folia, a manifestação artística é construída coletivamente pela sociedade civil, Associação dos Blocos Afro de Minas Gerais (Abafro) e Belotur. O evento acontece a partir das 18h. No sábado (18), o Kandandu continua no palco, com atrações a partir das 16h. Confira a programação completa no Portal Belo Horizonte.
Ao todo, sete blocos da cultura afro da cidade vão se apresentar, divididos entre os dois dias: Bloco Oficina Tambolelê, Afoxé Bandarerê, Magia Negra, Swing Safado, Arrasta Favela, Odum Orixás e Samba da Meia Noite. Os blocos Seu Vizinho e Tapa de Mina também farão participações especiais. Entre uma atração e outra, o som ficará por conta do DJ Camis.
“É com grande alegria que a gente recebe a realização do Kandandu em 2023. O potente movimento afro irá abraçar a cidade, trazendo nossas cores, nossas pautas e nossa felicidade, tudo transformado em festa no Carnaval de Belo Horizonte”, afirma Luci de Nanã, vice-presidente da Abafro e integrante do Bloco Oficina Tambolelê.
O evento, que acontece desde 2017, terá nesta edição o tema ‘O Poder da Ancestralidade: Memórias e Histórias’, abordando a reparação por reconhecimento das referências afro e glorificando Nanã, a primeira orixá feminina. Na ocasião, serão homenageados o sambista belo-horizontino Mandruvá, figura histórica do carnaval da cidade que faleceu no início do ano, e Diva Moreira, jornalista e ativista social.
“O Kandandu é um evento extremamente significativo para a cultura carnavalesca de Belo Horizonte e abre alas para o feriado de folia. É uma referência na promoção da igualdade racial dentro da festa mais popular de Minas Gerais. Temos certeza que neste ano teremos mais um potente encontro desses blocos que simbolizam a origem do nosso carnaval”, comenta Gilberto Castro, presidente da Belotur.
O Carnaval está inseparavelmente ligado à cultura negra e esse encontro, que simboliza a abertura da folia na capital mineira, foi reconhecido pelo Ministério dos Direitos Humanos, em 2018, como uma das principais ações de promoção da igualdade racial do país. Os blocos afro realizam, durante todo o ano, trabalhos socioculturais, tornando-se polos de promoção, manutenção e compartilhamento de cultura afro-brasileira, por meio de suas práticas e projetos. A palavra Kandandu, que na língua africana kimbundu significa “abraço”, também expressa a união de filosofias, ideais, conhecimentos e vivências por meio da ancestralidade africana. E é essa história que sobe ao palco da Praça da Estação nos dias 17 e 18 de fevereiro, por meio dos tambores, da música e da dança.
Saiba mais sobre os blocos afros de Belo Horizonte:
Oficina Tambolelê
O Bloco Oficina Tambolelê foi criado no final do ano de 1999 pelos integrantes do Grupo musical Tambolelê, no bairro Novo Glória, periferia de Belo Horizonte. O objetivo inicial deste trabalho era preparar a participação no carnaval do ano 2000 na cidade, que por sua vez esteve desativado durante muitos anos. Tendo como referência os ritmos afro-mineiros, do Reinado, foram feitas releituras que são executadas utilizando instrumentos de percussão convencionais, como surdo, tamborim, repinique e surdinho. Usa-se também o patangome que é específico das guardas tradicionais. Com a sua musicalidade peculiar, o Bloco Oficina Tambolelê segue resistindo às barreiras, valorizando a cultura do Reinado de Minas Gerais e contribuindo na realização de novos carnavais.
Afoxé Bandarerê
O Afoxé Bandarerê nasceu em Belo Horizonte, com o intuito de abraçar a comunidade afro-cultural e para tomar as ruas com a alegria dos terreiros. Este projeto visa não só a divulgação e valorização da cultura negra, mas também a quebra de preconceitos religiosos e maior integração entre os membros de religiões de matriz africana.
Magia Negra
O Magia Negra bloco afro foi criado em 2013 por Camilo Gan, mineiro, artista plural, atuante como: dançarino, Músico, Compositor, Educador, Produtor, Liderança Cultural. Com o objetivo primordial de reunir pessoas comprometidas no enfrentamento ao preconceito étnico-racial relacionado ao povo de pele negra. O principal objetivo do bloco é promover a afrobetização, por meio da arte e cultura negra, com o intuito de desfazer feitiços racistas. Mesmo sendo um bloco que vem com o ideal de exaltar o povo afro-brasileiro, o mesmo não devolverá as práticas discriminatórias reforçadas por padrões fenotípicos. Sendo assim, o bloco é aberto a pessoas de todas as etnias e nacionalidades, que se interessarem em participar, não excluindo ninguém pela cor e muito menos pelo status econômico ou social.
Swing Safado
O Bloco Swing Safado surgiu das ladeiras da comunidade do Conjunto Santa Maria para fazer a alegria de um carnaval que já existia, porém dormia. Um bairro que conta com a história presente do legado vivo da Escola de Samba da Cidade Jardim, o que faz deste, um lugar de encontro de poetas, malandros, intelectuais e, principalmente, de muitas rodas de música cercada de amigos. Com os ritmos mais swingantes do carnaval, para fazer todo mundo cantar e dançar até o chão, o bloco possui 9 integrantes e brinca com as músicas populares brasileiras que vêm das periferias e suas letras de duplo sentido. Proporcionando uma apresentação animada e divertida, fazendo com que todos aqueles que amam o pagode, funk e axé do nosso Brasil, se identifiquem.
Arrasta Favela
O Bloco Arrasta Favela tem como característica preponderante a implementação regular e efetiva de projetos; a troca de saberes, proporcionada no contato do/a educador/a com os/as participantes da oficina; e no processo de busca na comunidade dos elementos que se integram a determinados conhecimentos. Desta forma, as atividades da Escola Arrasta Favela promovem um contato direto com a realidade dos/as educandos: sua vida cultural, a cultura popular local e sua escola.
Odum Orixás
Uma história de meio século de existência que foi completada em novembro de 2022, a Associação Cultural Odum Orixás, foi fundada como núcleo das danças negras no Brasil.O coletivo surge em 1972, idealizado pelo sociólogo Paulo Cesar Valle, na mesma década de 1970, o grupo foi emancipado. O Coletivo Odum, ao longo de sua história, coleciona mais de 300 artistas que passaram pelo grupo trabalhando e tendo experiências em prol da conscientização racial, resgate da cidadania e autoestima.
Samba da Meia Noite
O Samba da Meia Noite nasceu no dia 10 de Março de 2012, tendo sua primeira expressão cultural no viaduto Santa Tereza-BH. O grupo de cultura popular é formado por percussão, sambadores e sambadeiras que trazem em seus corpos e musicalidades, as heranças, lembranças e vivências ancestrais de uma cultura singular, tendo suas expressões nos batuques, pisadas, chulas e requebrados. Por intermédio do samba de roda, uma manifestação popular brasileira com origem no Recôncavo Baiano, busca afirmar, sustentar, divulgar e manter viva a riqueza cultural brasileira.
Carnaval 2023
A edição deste ano do Carnaval de Belo Horizonte está confirmada e já tem o período oficial divulgado: 4 a 26 de fevereiro. O evento momesco é um dos principais produtos turísticos da cidade e do estado. Para além da importância cultural e de entretenimento, a festa gera emprego e renda para vários setores da sociedade. A folia na cidade é organizada de maneira espontânea e um dos principais atrativos é a essência democrática e plural. Na última edição, realizada em 2020, a festa teve 4,45 milhões de foliões circulando na cidade. A expectativa para esta edição é que 5 milhões de foliões encham as ruas da capital mineira de cores, diversidade e alegria.
O Carnaval de Belo Horizonte 2023 tem o patrocínio do Sistema Fecomércio-MG, Sesc e Senac em Minas e Sindicatos Empresariais e colaboração da Rede de Supermercados BH. A folia conta ainda com a parceria das cervejarias 040, Verace, Laut Beer e Albanos; da bebida destilada Gingibre; do hotel Ouro Minas; da plataforma digital Sympla; da empresa de cosméticos O Boticário e da marca de produtos de limpeza Limpão Mercados.