Repercutiu nesta quinta-feira (16) um vídeo em que a influenciadora Kéfera incentivou as pessoas a comerem pepino com pó de gelatina diet quando tiverem vontade de comer doce, como estratégia para tratar a compulsão. As reações foram, em sua maioria, contrárias à “dica” de Kéfera.
Segundo a nutróloga Fernanda Cortez, cada pessoa é única, e suas necessidades nutricionais variam com base em fatores como idade, sexo, nível de atividade, metabolismo e metas pessoais. “Adotar uma abordagem equilibrada e flexível em relação à alimentação, incorporando uma variedade de alimentos nutritivos e permitindo indulgências ocasionais, tende a ser mais sustentável e benéfico para a saúde a longo prazo”, diz a profissional.
Evitar declarações exageradas e inflexíveis é crucial, pois podem ter impactos negativos consideráveis na saúde física e mental das pessoas. “Restrições excessivas não promovem a saúde. O segredo para uma vida equilibrada está na busca constante do equilíbrio. É possível desfrutar de uma ampla variedade de alimentos, desde que seja feito com moderação. Cada pessoa é única, com genética e hábitos distintos, sendo vital considerar o contexto geral”, ressalva.
A reeducação alimentar enfatiza compreender a importância do equilíbrio e da moderação, em vez de estigmatizar certos alimentos ou grupos de nutrientes. “Dietas extremas e restritivas podem resultar em carências nutricionais, pois o corpo necessita de diversos nutrientes para funcionar corretamente. O extremismo na alimentação também pode afetar a relação emocional das pessoas com a comida, levando a comportamentos como a compulsão alimentar”, alerta Fernanda.
Desfrutar de uma ampla variedade de alimentos, com moderação, é fundamental. Consultar um profissional de saúde, como um nutricionista ou médico, é essencial para obter orientação personalizada sobre alimentação e nutrição, especialmente ao buscar mudanças significativas na dieta.
Para o psicólogo Alexander Bez, as compulsões alimentares, são um transtorno muito sério — a etiologia é fundamentalmente psicológica – emocional. “Contudo como envolve padrões de repetição, atinge também a área neurológica do cérebro, principalmente quando envolve doces e fundamentalmente os chocolates, migrando da conotação psicológica de compulsão para vício”, explica.
Essa conduta repetitiva alimentar tem a função de sanar alguma lacuna mental que exista — ainda nesse primeiro momento ainda estamos falando de compulsão alimentar. “A partir do momento em que há a adição de açúcar, e essencialmente chocolate, se migra para o estado do vício alimentar que se difere da compulsão alimentar por comer.”
De qualquer maneira, diz Bez, tanto a compulsão alimentar, quanto o vício causado pelo chocolate, são patologias e psicopatologias sérias, devendo ser tratados com atenção e com responsabilidade.
“Entendo a mensagem que ela quis passar — entretanto esse não é o caminho, pois a dica de pepino com gelatina, é completamente ineficaz. Ao contrário do que o resultado esperado, a condição mental a ser alcançada é outra, pois como não é eficaz essa dica, não há um nível de eficácia de supressão da compulsão alimentar. Dicas sem fundamentação podem piorar essa condição mental-orgânica da necessidade em ter a sua compulsão alimentar sanada e assim, aumentar as condutas alimentares compulsivas”, alerta o psicólogo.
Principalmente porque não está tratando as causas dessa compulsão, e consequentemente piorando essa sintomatologia obsessiva-compulsiva, que habitualmente se desenvolve pelo mecanismo de defesa do ego da “compensação”.
“Essa receita não trata as neuroses, nem tão como as questões conflituosas internas — os quais as originaram, devendo ser desconsiderada”, finaliza Bez.
Fonte: Mulher