Mais de 21 milhões de brasileiras sofreram violência em 12 meses

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De acordo com o FBSP, 91,8% das agressões ocorreram na presença de terceiros.

Foto: Cleverson Nunes/CMSJC

Um levantamento encomendado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) ao Datafolha revelou que 21,4 milhões de mulheres (37,4% do total) sofreram algum tipo de violência nos últimos 12 meses no Brasil. O número, o mais alto da série histórica da pesquisa “Visível e Invisível: a Vitimização de Mulheres no Brasil”, iniciada em 2017, representa um aumento de 8,6 pontos percentuais em relação ao último estudo, de 2023.

De acordo com o FBSP, 91,8% das agressões ocorreram na presença de terceiros. Em 47,3% dos casos, as testemunhas eram amigos ou conhecidos; em 27%, os filhos das vítimas; e em 12,4%, outros parentes. Além disso, **10,7% das mulheres brasileiras (5,3 milhões)** relataram ter sofrido abuso sexual ou sido forçadas a manter relações sexuais contra a vontade no mesmo período — o equivalente a uma em cada dez.

O Brasil registra índices de violência contra mulheres por parceiros ou ex-parceiros acima da média mundial: 32,4% contra 27%, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Para  Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os dados reforçam a falta de segurança enfrentada pelas mulheres no país. “O Brasil é um dos países mais violentos do mundo, e isso se reflete no cotidiano feminino. A pesquisa mostra que elas estão desprotegidas até mesmo em casa, onde os agressores geralmente fazem parte de seu círculo íntimo”*, afirmou.

Bueno destacou ainda o impacto das agressões testemunhadas: “Chocou-nos que nove em cada dez vítimas sofreram violência na frente de alguém, muitas vezes conhecidos. Apenas 7% dos casos ocorreram diante de desconhecidos”.

O estudo aponta que iniciativas para conter a violência têm sido insuficientes, mesmo com avanços pontuais. A afirmação ganha eco em episódios como o de São Paulo, onde um jovem de 22 anos morreu ao defender uma mulher agredida no transporte público na semana anterior à divulgação dos dados.

O FBSP reforça a urgência de políticas públicas eficazes e a necessidade de conscientização social para romper o ciclo de violência, que segue alarmante.

 

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