Segundo especialistas, um dos tratamentos mais indicados é a reposição hormonal, ainda rodeado de mitos
Uma fase de vida comum entre as mulheres de 45 a 55 anos é a chamada menopausa, que é caracterizada pelo último ciclo menstrual, ou seja, a última menstruação. Com isso, as mulheres perdem hormônios que são fundamentais para a sua saúde. Segundo especialistas, um dos tratamentos mais indicados é a reposição hormonal, ainda rodeado de mitos. O ginecologista Paulo Gallo responde dúvidas frequentes sobre o tratamento.
De acordo com o médico, o climatério pode ser dividido em três partes: A pré-menopausa, a menopausa e a pós-menopausa. “Durante a pré-menopausa já começam a aparecer alguns sintomas, principalmente irregularidade menstrual. Inicialmente, quando a mulher vai chegando próximo à menopausa, a tendência é os ciclos menstruais ficarem mais curtos e depois começarem a se alongar, até eles começarem a faltar. Geralmente a menopausa não chega de uma única vez. Nesse período, a mulher já poderá sentir alguns sintomas de menopausa, principalmente aqueles calores que a mulher sente, mais comuns à noite”, explica.
Após instalada, a menopausa provoca uma diminuição na produção de estrogênio e progesterona, dois hormônios que são essenciais para o ciclo menstrual e a fertilidade. Essa diminuição hormonal afeta diretamente o humor e o bem-estar das mulheres, resultando em oscilações emocionais, irritabilidade, ansiedade e até depressão.
Quando se fala de reposição hormonal, surgem inúmeras dúvidas, desde quando começar até as consequências. Paulo Gallo respondeu às seguintes perguntas:
1- Quais são os sintomas iniciais no período da menopausa?
Os principais sintomas são calores, geralmente à noite, ressecamento da vagina, ressecamento da pele, distúrbio do sono, podendo haver insônia, entre outras queixas. Esses sintomas descritos acima são sintomas que ocorrem a curto prazo. Logo, quando a menopausa se instala, eles podem ter duração variável e muitas vezes depois de 2 ou 3 anos de menopausa esses sintomas até diminuem.
2- Quais são as consequências a longo prazo da menopausa?
Com a perda dos hormônio, a falta de estrogênio faz com que você perca cálcio nos ossos e evolua para uma osteoporose, com maior risco de fratura, principalmente de ossos longos, como o fêmur, ou fraturas da vértebra, fazendo com que a coluna comece a ficar curvada. Outra alteração que ocorre são as mudanças do perfil lipídico, do colesterol, triglicerídeos, trazendo um perfil mais masculino, mais androgênico, pois a mulher apresentará uma diminuição muito grande nos hormônios femininos. Ela tem uma tendência a ter níveis maiores de alguns hormônios masculinos, levando a deposição de gordura nas artérias, aumentando o risco cardiovascular, principalmente o derrame, infarto, etc. Temos também risco maior de desenvolvimento de alzheimer, porque o cérebro também tem receptor de estrogênio.
3- Porque é indicado fazer reposição hormonal?
Quando a gente fala em reposição hormonal, o hormônio principal a ser reposto é o estrogênio, e é muito comum as pessoas falarem ‘ah mas a menopausa é uma coisa natural, porque repor?’. Primeiro porque o ovário é uma glândula, e como toda glândula que apresenta uma produção insuficiente, deve ser feita a reposição hormonal, como por exemplo a tireoide.
4- Porque fazer reposição hormonal sendo que a menopausa é um processo natural do corpo feminino?
É um pensamento equivocado, porque no início do século XX, a expectativa de vida das mulheres era 45 anos. Com o avanço da medicina, procedimentos cirúrgicos e anestésicos, antibióticos e inúmeros tratamentos que se desenvolveram ao longo século XX, em um século, entre 1900 e 2000, a expectativa de vida das mulheres pulou de 45 para 85 anos. Dessa forma, as mulheres passaram a viver artificialmente quase o dobro do que viviam antes do desenvolvimento da medicina. Então essas mulheres passaram a viver uma grande parte da sua vida na menopausa, com falta de produção de hormônios do ovário, principalmente estrogênio. E o estrogênio é fundamental, não só nos ossos, mas no tecido cardiovascular, no cérebro, tanto que todos esses órgãos têm receptor de estrogênio.
5- Quando deve-se começar a reposição hormonal?
Deve ser iniciado o mais rápido possível. Nós temos o que chamamos de janela de oportunidades, que está nos primeiros 5 anos, de preferência nos primeiros 2 anos, após a instalação da menopausa. Após esse período, iniciar reposição hormonal pode trazer algumas complicações, então o ideal para quem quiser fazer reposição hormonal é iniciar o mais próximo possível da instalação da menopausa.
6- Como é feita a reposição hormonal?
É feita com hormônios similares ao que o ovário produz, tanto o estrogênico quanto a progesterona, exatamente igual ao que o ovário produz.
7- Reposição hormonal causa câncer?
Ele não causa câncer, mas ele pode acelerar alguns tipos de câncer. Antes de fazer a reposição, toda mulher tem que fazer uma série de exames, como mamografia, ultra-sonografia da mama, ultrassom transvaginal e alguns exames de sangue para ver se está tudo bem para começar o tratamento. Após iniciada a reposição hormonal essa mulher tem que ser avaliada anualmente pelo ginecologia para ver se pode continuar realizando o tratamento.
8- Quando a mulher não pode fazer reposição hormonal, como é feito o tratamento?
Temos alguns fitoterápicos que tem uma ação hormonal leve temos alguns antidepressivos tricíclicos que melhoram essas ondas de calor e de fogachos e algumas medicações para induzir o sono… Na verdade, quando alguma mulher tem realmente uma contraindicação para reposição hormonal, que são casos pouco frequentes, a opção de tratamento vai ser através de medicações sintomáticas e medidas paliativas, com remédios para aliviar os principais sintomas, principalmente os fogachos, os ressecamentos da pele e da vagina.
Fonte: Mulher