Método Billings pode ser usado para engravidar ou evitar gravidez

Entretenimento

Método Billings se baseia na observação da cor, elasticidade e temperatura do muco cervical
FreePik

Método Billings se baseia na observação da cor, elasticidade e temperatura do muco cervical

Você não precisa tentar adivinhar quando está no período fértil, o seu próprio corpo diz isso para você. Isso porque uma das formas de mapear esse período é a partir da observação da cor, elasticidade e temperatura do muco cervical , uma secreção que é produzida pelo colo do útero e ajuda no “transporte” dos espermatozóides até as tubas uterinas durante o processo de fecundação. É nessa observação que se baseia o chamado Método de Ovulação Billings (MOB) , um dos métodos naturais que podem ser usados por quem deseja engravidar ou evitar uma gravidez.

mãos quebrando um ovo
FreePik

Muco cervical é transparente e elástico, similar à clara do ovo

Essa técnica foi estudada pela primeira vez pelo casal de médicos australianos John e Evelyn Billings nas décadas de 1950 e 1960. Em linhas gerais, o muco cervical anuncia a proximidade da ovulação. Começa em pequena quantidade, espesso, de tonalidade mais esbranquiçada e sem elasticidade; ao progredir, surge um muco de transição, em maior quantidade, que passa a afinar, tornando-se mais translúcido e levemente elástico. No ápice da fertilidade, esse muco é brilhante, transparente e muito elástico, semelhante à clara do ovo. Como teste, experimente fazer uma “puxa” com os dedos.

“Pode-se falar que esse dia é o dia em que a gente está ovulando, ou no máximo, no dia seguinte estaria ovulando”, pontua a Dra. Camille Risegato, ginecologista e obstetra da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR). A médica explica que o muco cervical funciona como uma película protetora para o útero, “tampando” o colo uterino. “Ele costuma ser claro, mas também pode vir amarelado, acinzentado… Tem paciente que fala: ‘Quando eu estou no período fértil, sangra um pouquinho’. É porque ele literalmente sai do colo do útero, ele se desprende”, acrescenta ela.

No entanto, tem pacientes que podem não conseguir pegar o muco na ponta do dedo, porque produzem uma secreção um pouco menor. Então, a Dra. recomenda: “Ela tem que olhar o fundo da calcinha, tem que observar a umidade vaginal. Às vezes, eu pergunto para a paciente: ‘Passou o papel higiênico para se secar e ele escorregou?’, então é sinal de que o muco está bem filante [com a consistência gosmenta]”. Ou seja, há grandes chances de a mulher engravidar.

As chances de uma relação sexual resultar em gravidez variam de acordo com a ovulação: 4% de chance se a relação acontecer cinco dias antes da ovulação; de 25% a 28% se ocorrer nos dois dias antes da ovulação; de 8% a 10% nas 24 horas após a ovulação; e praticamente nula nos demais dias do ciclo menstrual. Mas, nessas variáveis, é preciso que se inclua a idade da mulher como um fator preponderante.

Entenda a ideia por trás do Método Billings

Todos os meses, o nosso corpo se prepara para receber um bebê, e isso inclui oferecer condições favoráveis para que uma fecundação aconteça. É nesse momento em que há um aumento na produção de estrogênio e progesterona, dois hormônios que têm papel fundamental nesse processo. Quando não há a fecundação, os níveis de estrogênio e progesterona diminuem e o endométrio, tecido que reveste a parte interna do útero, se descama, dando início à menstruação.

Confira: 4 jeitos de monitorar sua menstruação e saber mais sobre o ciclo menstrual

O ciclo menstrual, isto é, o intervalo entre uma menstruação e outra, pode durar até 35 dias. O início dele é justamente no primeiro dia em que a mulher menstrua. Durante o período menstrual, ela normalmente não corre o risco de engravidar. Passada a menstruação, que, em média, dura cinco dias, acontece o que chamamos de “período seco”. Nele, a presença de secreção é deficiente. Isso porque os níveis de estrogênio ainda são baixos, e é o estradiol, um hormônio da classe dos estrogênios, quem estimula a produção do muco cervical.

Conforme o tempo passa, há um aumento gradual de estrogênio, que chega a seu nível máximo antes da ovulação. O estrogênio estimula a produção do muco transparente nas glândulas do colo do útero, que facilita a passagem de espermatozóides para a cavidade uterina. Nota-se também um aumento da umidade e da lubrificação da vagina. Esta etapa é chamada de “fase folicular” e dura, em torno, de 14 dias.

Quando ela termina, começa a próxima fase: a ovulação. Vamos supor que uma mulher tenha um ciclo menstrual regular de 28 dias: 28 – 14 (tempo que dura a fase folicular) = 14. Portanto, a ovulação deve ocorrer no 14º dia. O óvulo liberado sobrevive por 24 horas após a ovulação e, se não for fecundado, a menstruação começará novamente, marcando o início do próximo ciclo menstrual.

Geralmente, o período fértil dura em torno de cinco ou seis dias (do 12º ao 16º dia). Nesse momento, também há aumento da temperatura corporal. Vale lembrar que se a relação sexual acontecer pouco antes desse período, há grandes chances de gravidez, uma vez que o espermatozóide pode durar em torno de 72 horas no corpo da mulher.

O que é preciso observar para adotar o Método Billings? Quais as diferenças entre muco cervical, corrimento e lubrificação natural da vagina?

De acordo com a Dra. Camille, é comum que as pacientes confundam o muco cervical com corrimento, lubrificação natural da vagina ou até mesmo com o esperma do parceiro. A lubrificação vaginal é uma resposta aos estímulos sexuais (excitação), já que a região recebe mais fluxo sanguíneo. Ela é projetada para facilitar a penetração e reduzir o atrito durante o sexo. Já o corrimento, a depender da coloração e odor, pode ser um indicativo de desequilíbrio do pH ou alguma infecção.

A recomendação é de que as mulheres observem o próprio ciclo menstrual e ainda, para evitar confundir secreções com esperma, evite fazer sexo ou utilize um método contraceptivo de barreira, como a camisinha, durante, pelo menos, um ciclo.

O Método Billings é eficaz?

O Método Billings tem eficácia de 97% reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ainda assim, é um método contraceptivo pouco conhecido pela população em geral. Uma de suas vantagens, segundo Camille Risegato, é que se trata de um método natural, que não utiliza hormônios nem tem efeitos colaterais. Por fim, o MOB prioriza o conhecimento da mulher sobre o próprio corpo.

Por ser um método natural, ele é, inclusive, aceito pela Igreja Católica para o planejamento familiar. Contudo, vale lembrar que esse método não previne Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), por isso, o ideal é usar preservativo.

Fatores externos como o estresse podem afetar a precisão do Método Billings, uma vez que essa condição é capaz de provocar alterações no ciclo menstrual e na produção e consistência do muco cervical. Além disso, mulheres com ciclos irregulares costumam ter mais dificuldade para calcular o período fértil, já que ele varia bastante.

Em comparação com outros métodos contraceptivos naturais, como a tabelinha, o Billings se mostra mais eficaz, quando usado de forma correta. “No caso da tabelinha, é necessário que a paciente tenha um ciclo regular. Ela tem uma taxa de eficácia muito menor do que o Método Billings. O que a gente vê bastante na prática são as mulheres usando um pouquinho de cada: a observação do muco, associada à tabelinha e algumas também utilizam camisinha naquele período fértil…”, encerra a ginecologista.

Saiba mais sobre moda, beleza e relacionamento. Confira as notícias do iG Delas!

Fonte: Mulher

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *