Segundo a Human Fertilisation and Embryology Authority (HFWA), aumentou em 60% o congelamento de óvulos, principalmente pela geração Z. No Reino Unido a média da idade materna no nascimento do primeiro filho é de quase 31 anos. No TikTok, a #EggFreezing tem uma extrema visibilidade, com 124 milhões de visualizações. Mas o que leva cada vez mais mulheres a congelarem seus óvulos?
Segundo Geraldo Caldeira, ginecologista e obstetra membro da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia); membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH) e médico do Serviço de Reprodução Humana do Hospital e Maternidade Santa Joana, o que tem levado as mulheres a congelar óvulos é para poder protelar a maternidade, para escolher o momento certo de ter o filho ou de gestar.
“Muitas vezes, por motivos pessoais e profissionais, a mulher ainda não deseja uma maternidade nos próximos anos. Às vezes ela quer fazer MBA, ela quer viajar, está sem parceiro definido ou assumiu algum cargo importante e que não pode gestar nos próximos anos. Então isso leva a maior parte das pacientes a congelar óvulos”, avalia Caldeira.
Algumas pacientes, diz o médico, fazem este procedimento também porque estão com baixa reserva ovariana, ou seja, estão com uma quantidade baixa de óvulos para a idade dela. E ai vale a pena congelar para que no futuro consigam engravidar.
“Qualquer mulher pode congelar óvulos. Além das indicações específicas, como baixa reserva ovariana, endometriose que vai necessitar de cirurgia, alguns casos específicos. Mas o congelamento de óvulos, basicamente, é a preservação da fertilidade para que essa paciente possa, no futuro, quando ela desejar, engravidar”, explica o médico.
O ideal é que o congelamento seja feito até os 35 anos de idade. “Depois, nós começamos a perder quantidade. Mas o mais importante, a gente começa a perder qualidade dos óvulos. O procedimento pode ser feito após os 35, 37, até 39 anos sem problema nenhum. Mas quanto mais precoce for, maior a quantidade e, mais importante que isso, melhor a qualidade dos óvulos que vão ser congelados. Para quando estes forem usados a gente ter mais embriões de boa qualidade.
Os óvulos podem ficar o tempo que for necessário congelados: 10 anos, 9 anos, 8 anos”, diz Caldeira.
O procedimento é como se fosse fazer uma fertilização in vitro. A paciente menstrua, é feito um ultrassom, dosagem de hormônio e usadas injeções subcutâneas de hormônio em média 9 a 10 dias. “Daí ela toma uma sedação e a gente colhe os óvulos via transvaginal. Ela não leva ponto, corte, nem nada. Os óvulos são analisados e os que estão bons, maduros, são congelados em nitrogênio líquido”, explica.
O ideal é que a paciente deixe no mínimo 10, 12 óvulos congelados. Porque depois, quando ela for utilizar esses óvulos para fertilizar, vai haver uma perda de dois terços. Ou seja, se ela tinha 12 óvulos, ela vai ficar com os quatro embriões. Se ela tinha 10, uns três embriões. Esta perda é normal para toda paciente, do número de óvulos para o número de blastocistos, que são os embriões que são transferidos para o útero. E se ela tiver mais do que 37 anos, ainda ela tem que fazer o estudo genético do embrião que é o PGTA – para ter certeza que o embrião geneticamente é saudável.
Segundo Caldeira, a taxa de gravidez de uma fertilização in vitro é diretamente proporcional à idade da paciente e quantidade de óvulos que ela deixou fertilizado. Então, uma paciente jovem que deixou bastante óvulos congelados, tem uma taxa de gravidez muito boa ao redor de 70%. Se ela é uma paciente de mais idade e deixou número pequeno de óvulos, essa taxa vai cair.
Saiba mais sobre moda, beleza e relacionamento. Confira as notícias do iG Delas!
Fonte: Mulher