Se encaixar em um padrão físico é um desafio para aquelas que não se consideram nem gordas, nem magras. Para essa turma, está em alta o conceito de mid size. Só no Tiktok, a hasgtag #midsize tem quase 7 bilhões de visualizações. O termo já era usado no mundo da moda, mas se popularizou em 2016, quando a comediante norte-americana Amy Schumer declarou que não se sentia representada nem por tamanhos considerados convencionais nem pelo “plus size”. Na época, a atriz foi chamada por uma revista de “mulher plus size inspiradora”, mas rebateu o comentário dizendo que se via como “midsize”.
O corpo considerado midsize é aquele que está no meio termo, entre o que se consideram “padrão” e o plus size. O midsize envolve as mulheres que vão do tamanho 44 ao 48. O termo não tem o objetivo de definir ou criar mais uma categoria na qual as mulheres devem se encaixar. É exatamente o movimento oposto: ter um lugar para se sentir representada.
Rodrigo de Aquino, especialista em psicologia positiva, alerta que “os padrões estéticos influenciam diretamente no bem-estar por encaixotarem e limitares corpos, pessoas e identidades, impactando a autoestima, a autoimagem e o jeito único que cada pessoa tem de ser e estar no mundo”.
“Todos os corpos s devem ser respeitados. Achar que só é possível viver bem e ser feliz com corpos extraordinários gera ansiedade e desencaixe social, promovendo isolamento, solidão e murchamento mental e emocional. Está tudo bem viver no midsize ou no ordinário, isto é, dentro da ordem, dentro do comum. A natureza nos ensina que o diverso é o natural, logo é normal não ser padrão”, analisa.
Segundo Aquino, a necessidade que a sociedade tem de classificar os corpos vai na contramão do movimento de empoderamento feminino. “Precisamos abrir cada vez mais espaço para pautas como autocompaixão, autocuidado, autoaceitação e autoconhecimento. Tudo isso pode evitar distorções de imagem, interferência na autoestima e na saúde mental de meninas, adolescentes e mulheres de todas as idades”, diz.
“Podemos incentivar a construção de uma imagem corporal positiva através da apreciação da individualidade de cada corpo e reconhecendo suas particularidades. Essa prática já diminuirá o impacto de possíveis comparações com outros corpos, sejam eles mais novos ou mais velhos, mais magros ou mais gordos”, sugere.
“Os corpos são julgados o tempo inteiro. Participantes de nos realities shows são julgadas e também a atriz e apresentadora que está grávida. A influencers que acabaram de ter neném são julgadas se aparecem magras ou se aparecem com corpos naturais de uma mulher no puerpério. Alguns vídeos nas redes sociais colocam os corpos midsize no limbo. Assim como a flor de lótus floresce acima do pântano, precisamos dar um basta a essa lógica preconceituosa, permitindo com que todos os corpos floresçam acima do lodaçal dos preconceitos.”
“As preocupações com padrões estéticos só são ainda mais enfatizadas ao criarem novos nomes ou tendências. Porém, de certa forma acho importante ter essa representação, pois muitas mulheres sentem a falta dessa identificação ou de pertencer a algum grupo”, avalia Aquino.
A influenciadora Rafaella Ranulfo vê a trend como algo negativo. “Tudo o que mostramos cria grandes proporções e temos uma responsabilidade muito grande com nosso público em trazer preocupações e motivações reais. E inúmeras vezes essas coisas em alta, tocam pontos sensíveis em diversas mulheres”, acredita.
“Então creio que todo esse padrão vem de um lugar onde as pessoas buscam sempre ter algo para definir e mostrar como é necessário ter um padrão, ainda que falem, que não ter um padrão é necessário. E isso impacta diretamente no bem-estar e distúrbio visual. Nós somos pressionadas a manter um padrão estético independente de qualquer situação”, admite.
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Fonte: Mulher