A ativista iraniana Narges Mohammadi , vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, encerrou sua greve de fome na prisão na última quarta-feira (8). Ela havia iniciado o movimento porque a polícia proibiu que ela fosse ao hospital sem usar o véu islâmico.
Mohammadi tem 51 anos e é conhecida por sua luta há mais de duas décadas contra a pena de morte e a obrigatoriedade de utilização do véu.
As autoridades locais permitiram que ela fosse transferida para o hospital sem cobrir a cabeça, anunciou a família da ativista nesta sexta (10).
“Me transferiram na quarta-feira da prisão ao hospital sem o véu obrigatório”, escreveu em uma mensagem em inglês em sua conta no Instagram, que sua família enviou à AFP.
A ativista sofre de problemas cardíacos e necessitava de uma hospitalização urgente.
“Depois de ter sido hospitalizada sem cobrir-se e ter retornado à prisão, ela encerrou a greve de fome”, acrescenta a nota.
Amigos e familiares que a esperavam na entrada do hospital foram detidos brevemente e interrogados e suas câmeras fotográficas foram confiscadas.
“O governo temia que eu fosse vista sem o véu”, segundo Mohammadi, que expressou sua disposição a seguir caminhando com a cabeça descoberta “até a abolição do hijab”.
Narges Mohammadi está detida desde 2015 devido ao seu trabalho de ativismo. Ela recebeu uma sentença combinada de 16 anos de prisão em maio de 2016. Ela precisará cumprir 10 anos na cadeia, de acordo com a lei iraniana.
No anúncio da premiação, Berit Reiss-Andersen, diretora do Comitê do Prêmio Nobel, disse que a ativista é “uma defensora dos direitos humanos e uma pessoa que luta pela liberdade”.
“Nós queremos apoiar sua luta corajosa e reconhecer milhares de pessoas que se manifestaram contra o regime teocrático de repressão e discriminação que tem como alvo as mulheres no Irã”, afirmou a responsável pelo anúncio da premiação.”
Narges Mohammadi é a 19ª mulher a vencer o Nobel da Paz, e mesmo encarcerada conseguiu publicar um artigo no The New York Times afirmando que “quanto mais nos prendermos, mais forte estaremos”.
Fonte: Internacional