O 4 mitos campeões sobre parto normal, amamentação e puerpério

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Os quatro mitos campeões quando o assunto é parto normal, amamentação e puerpério
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Os quatro mitos campeões quando o assunto é parto normal, amamentação e puerpério

A Theia, plataforma de cuidados online, focada em preconcepção, pré-natal, parto e pós-parto, mapeou os principais erros que são compartilhados sem nenhum critério, filtro ou informações médicas, levando a gestante a um quadro de desinformação, ansiedade e traumas desnecessários. Mitos que são perpetuados por gerações e, que de tanto serem ditos, acabam ganhando uma conotação de ‘verdade’ que mais atrapalham a jornada da gestação e depois dela.

Para sanar as principais dúvidas que ainda insistem em rondar o universo da maternidade, a obstetra e ginecologista, Dra. Larissa Flosi, que atua a Theia, esclarece os mitos campeões. Esses são muito comuns e trazidos pelas pacientes durante as consultas de pré-natal.

Mito 1: Uma vez cesariana, sempre cesariana?

Esse é um dos mitos mais bem difundidos na Obstetrícia. A frase foi dita pela primeira vez em 1916. De lá para cá, as técnicas cirúrgicas e o conhecimento médico foram aprimorados e a medicina baseada em evidências, porém, a fala é ainda um mito e que, na maioria dos cenários, um parto normal, depois de uma cesariana, não só é possível, como deve ser encorajado. Embora uma cesariana possa afetar a capacidade de uma mulher de ter um parto normal no futuro (as possibilidades de indução de parto ficam mais escassas numa gestação depois de uma cesariana, já que a técnica cirúrgica utilizada anteriormente também pode interferir), a maioria das mulheres podem ter partos normais sim.

É importante que as mulheres discutam suas opções de parto com seus médicos e tomem uma decisão informada com base em sua situação individual. Existem várias vantagens em ter um parto normal em relação à cesariana, especialmente em gestações subsequentes. Aqui estão algumas delas:

– Recuperação mais rápida: o período de recuperação após um parto normal é, geralmente, mais curto do que após uma cesariana. As mulheres que têm um parto normal geralmente são capazes de retornar às atividades diárias normais mais rapidamente do que as que têm uma cesariana.

– Menor risco de complicações: o parto normal é geralmente considerado mais seguro do que a cesariana em gestações subsequentes, pois o risco de algumas complicações (como hemorragia pós-parto) é menor.

– Menor risco de infecção: a cesariana é uma cirurgia, o que significa que há um risco maior de infecção em comparação com o parto normal. Isso ocorre porque envolve uma incisão na pele e nos tecidos do corpo, o que pode permitir a entrada de bactérias.

– Maior possibilidade de amamentação: As mulheres que têm um parto normal geralmente têm uma recuperação mais rápida e são capazes de começar a amamentar seus bebês mais cedo do que as mulheres que têm uma cesariana.

– Maior satisfação: algumas mulheres relatam que ter um parto normal é uma experiência mais satisfatória do que ter uma cesariana. Isso pode ser devido à sensação de empoderamento e controle que muitas mulheres sentem durante um parto normal.

A FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) também recomenda que as mulheres que desejam um parto vaginal após a experiência da cesárea, sejam informadas dos riscos e benefícios dessa opção, recebam aconselhamento sobre os possíveis desfechos, riscos de complicações uterinas, a necessidade de uma cesariana de emergência e a possibilidade de parto vaginal instrumental (com uso de fórceps ou vácuo extrator).

No entanto, é importante lembrar que cada parto e cada mulher são únicos, e a decisão sobre o tipo de parto deve ser tomada em consulta com um profissional de saúde, levando em consideração a saúde e o bem-estar tanto da mãe quanto do bebê.

Parto natural o cesárea
Pexels/Letticia Massari

Parto natural o cesárea

Mito 2: Se o bebê estiver com o cordão umbilical enrolado no pescoço, adeus parto natural!

Existem muitas crenças populares sobre isso, a mais conhecida é que o bebê que nasce com o cordão umbilical enrolado no pescoço teria dificuldades de respirar, e isso levaria a algum tipo de sofrimento durante o parto normal. No entanto, essa afirmação não é verdadeira. Durante a gestação, o feto não respira como os bebês após o nascimento. Isso porque a traqueia, que é o tubo que conduz o ar para os pulmões, ainda não está funcionando.

Na verdade, os pulmões do feto estão cheios de líquido amniótico e as trocas gasosas ocorrem principalmente por meio da placenta. O feto recebe oxigênio e nutrientes da mãe pela placenta e do cordão umbilical, e o oxigênio é transportado por meio do sangue e da circulação fetal, que inclui a artéria umbilical e as veias umbilicais. Após o nascimento e o corte do cordão umbilical, o recém-nascido começa a respirar pela traqueia e os pulmões se expandem, permitindo que o ar entre e saia dos pulmões.

O cordão umbilical é um órgão temporário que conecta o feto à placenta durante a gestação. Ele é composto por duas artérias e uma veia, que são revestidas por uma substância gelatinosa chamada geléia de Wharton. Essa substância atua como um amortecedor, protegendo os vasos sanguíneos do cordão de lesões e rupturas que poderiam ocorrer em caso de compressão ou torção do cordão umbilical durante a gestação.

Além disso, a geléia de Wharton tem propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras, o que pode ajudar a prevenir reações imunológicas indesejadas que possam afetar o fluxo sanguíneo para o feto. Além disso, o cordão umbilical é protegido pelo líquido amniótico que envolve o feto na bolsa amniótica, e funciona como um amortecedor, absorvendo impactos e prevenindo lesões no cordão umbilical.

Cerca de 1/3 dos bebês nascidos vivos apresenta circulares cervicais de cordão. Outras estatísticas mostram que, até 60% dos bebês, têm o cordão enrolado em alguma parte do corpo, no final da gestação, e também, durante o trabalho de parto. Durante o parto, o cordão umbilical pode ficar comprimido ou torcido, sem que isso de fato represente um risco de afetar o fluxo sanguíneo e oxigenação do feto na maioria dos cenários.

Os profissionais de saúde podem monitorar cuidadosamente o bebê e os sinais de vitalidade fetal durante o trabalho de parto para determinar se um parto vaginal é seguro ou se uma cesariana é necessária. Portanto, a decisão sobre o tipo de parto dependerá das circunstâncias individuais de cada caso e do julgamento dos profissionais, levando sempre em conta o desejo de cada gestante.

Amamentar não impede a gestação
Tamilles Esposito/Pexels

Amamentar não impede a gestação

Mito 3 – Risco de engravidar no puerpério é zero, pois a mulher ainda está amamentando

Essa afirmação é falsa e pode representar até um risco em certos contextos. Embora, a amamentação possa ter um efeito contraceptivo em algumas mulheres, ela não garante uma proteção completa contra a gravidez. É possível que uma mulher engravide durante o puerpério (período após o parto), mesmo que esteja amamentando . Além disso, o momento em que a ovulação volta a ocorrer pode variar bastante entre as mulheres, então não é possível determinar com certeza quando é seguro ter relações sexuais sem usar outro método contraceptivo.

A amenorreia da lactação é um fenômeno que ocorre durante o período pós-parto em mulheres que estão amamentando. Durante a amamentação, a prolactina (hormônio responsável pela produção de leite) inibe a produção de outros hormônios, como o estrogênio e a progesterona, que são necessários para o ciclo menstrual. Isso pode levar à suspensão temporária da menstruação em algumas mulheres, o que é conhecido como amenorreia da lactação.

A duração da amenorreia da lactação varia de mulher para mulher e pode depender de vários fatores, como a frequência e a duração da amamentação, a idade da mãe e a resposta individual dos hormônios da mulher. A amamentação exclusiva e frequente pode prolongar a amenorreia da lactação, enquanto a introdução de alimentos sólidos ou a diminuição da amamentação podem levar ao retorno da menstruação.

A amenorreia da lactação pode ser uma forma eficaz de contracepção para algumas mulheres, mas não é um método contraceptivo confiável para todas as mulheres. É importante lembrar que a ovulação pode ocorrer mesmo na ausência de menstruação, o que significa que a amamentação exclusiva não deve ser considerada um método contraceptivo confiável para todas as mulheres.

O índice de Pearl (medida que indica a eficácia dos métodos contraceptivos) da amenorreia da lactação é de cerca de 2% a 5%, o que significa que, cerca de 2 a 5 mulheres em cada 100 que usam a amamentação exclusiva como método contraceptivo, engravidam durante o primeiro ano após o parto. É importante ressaltar que esse método contraceptivo é mais eficaz quando a amamentação é exclusiva, ou seja, o bebê é alimentado apenas com leite materno, e ocorre com frequência regular e frequente, o que suprime a ovulação. Quando a amamentação não é exclusiva, ou quando a amamentação se torna menos frequente, a eficácia contraceptiva da amamentação diminui significativamente.

Mito 4 – Se a mama está fabricando pouco leite é porque você não tem condições de produzir mais

Essa frase é falsa, e é interessante rebatê-la com outra que vem circulando nos círculos de estímulo e acolhimento a mães/pessoas lactantes: “peito não é estoque, é fábrica!”A quantidade de leite que uma mãe é capaz de produzir é determinada pela demanda do bebê e pela eficiência da sucção.

A capacidade média de produção de leite materno de uma mulher, após a apojadura pode variar, mas geralmente está na faixa de 750-1000 ml por dia. Esse volume pode ser influenciado por vários fatores, incluindo a demanda do bebê, a eficiência da sucção, a nutrição materna e a saúde geral. Alguns estudos indicam que as mães podem produzir entre 600 e 1200 ml de leite por dia, enquanto outros estudos sugerem uma produção média de cerca de 800 ml por dia.

No entanto, é importante ressaltar que a quantidade de leite produzida não é o único fator importante para a amamentação bem-sucedida, e que a qualidade do leite, a pega correta do bebê, o tempo e a frequência das mamadas também são importantes. A produção de leite é estimulada pela sucção do bebê na mama, que ativa as terminações nervosas na aréola. Essa sucção envia um sinal ao hipotálamo, uma região do cérebro, que libera o hormônio prolactina na corrente sanguínea. A prolactina, por sua vez, estimula as células secretoras do leite, chamadas de células alveolares, a produzir e secretar leite.

Além da prolactina, outro hormônio importante para a produção de leite é a ocitocina. A ocitocina é liberada quando o bebê suga a mama, o que provoca a contração das células musculares ao redor dos alvéolos, permitindo que o leite seja expelido pelos ductos lactíferos. A sucção do bebê é, portanto, fundamental para a produção de leite, pois quanto mais o bebê suga a mama, mais prolactina e ocitocina são liberados, aumentando a produção e a ejeção do leite. Uma má pega, ou uma sucção inadequada, pode dificultar a produção de leite, mesmo que a mãe esteja produzindo hormônios em quantidades adequadas.

A saúde materna também pode afetar a produção de leite. Uma boa nutrição, hidratação adequada e descanso são fundamentais para a produção de leite. Problemas de saúde, como infecções, podem interferir na produção de leite e precisam ser tratados adequadamente. Além disso, o estresse emocional também pode afetar a produção de leite, já que pode inibir a liberação de prolactina. A avaliação contínua e multidisciplinar do binômio lactante-lactente é imprescindível para que as dúvidas sejam sanadas e para que os parâmetros subjetivos de sucesso da amamentação sejam reforçados (como a pesagem do bebê), bem como mudanças de estratégia possam ser traçadas e acordadas entre a mulher e os profissionais.

Fonte: Mulher

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