A onda de calor que atinge o Brasil nos últimos dias deve piorar na segunda-feira (13) . Isso ocorre por conta dos efeitos do fenômeno climático El Niño, o principal responsável por elevar a temperatura no país.
De acordo com os meteorologistas, o ápice do fenômeno deve ocorrer no verão, entre o fim de 2023 e o início de 2024. Ou seja, a previsão é de que o Brasil continue batendo recordes de temperaturas.
Os cientistas do Copernicus, sistema de observação da Terra da União Europeia, também alertaram que 2023 deve ser o ano mais quente já registrado — o mês de outubro já foi o mais quente da história , com temperatura média da superfície do ar de 15,30ºC, sendo 0,40ºC mais alta em relação ao recorde anterior, ocorrido em 2019.
A expectativa, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), é que o El Niño perca intensidade somente no outono de 2024 .
O que é o El Niño?
“O El Niño é o aquecimento das águas do Oceano Pacífico na região do Equador, então quando essas águas estão mais aquecidas, a gente tem o fenômeno”, explica a meteorologista da Climatempo, Maria Clara Sassaki.
“Como consequência das águas aquecidas, nós temos também o aumento de temperaturas na vertical da atmosfera, potencializando o calor que já é comum na primavera, mas levando ao extremo”, completa a especialista.
Maria Clara destaca que as ondas de calor podem provocar novos recordes de temperatura decorrentes de outros fatores além do El Niño.
“O El Niño é uma boa quantidade de energia, ele tem uma área bem grande do oceano com temperaturas acima da média e nós temos também outras áreas do globo também com temperaturas acima do normal. Quanto mais calor no oceano, mais energia a gente tem na atmosfera. Então temos as águas dos outros oceanos mais aquecidas do que o normal, temos ainda, nessas condições de energia, o aumento do número de focos de incêndio de grandes proporções, como é o caso da Amazônia, que tem registrado muitas queimadas e está com a temperatura muito acima do normal. Os gases do efeito estufa que também contribuem para elevação das temperaturas de uma forma global. Tudo isso acaba influenciando”, diz a especialista da Climatempo.
Onda de calor
Na quinta-feira (9), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de perigo para cinco estados devido à onda de calor. O aviso vale para São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. De acordo com o Inmet, as temperaturas nesses estados devem ficar até 5ºC acima da média. Em algumas cidades do Centro-Oeste, os termômetros devem ultrapassar os 42ºC.
Segundo a MetSul Meteorologia, as ondas de calor duram entre quatro e sete dias, mas esta deve se estender por dez dias e pode chegar até duas semanas. As máximas são incomuns para a época. Mesmo em cidades com calor muito intenso, os termômetros devem alcançar de 10ºC a 15ºC acima da climatologia histórica.
De acordo com a meteorologista Maria Clara Sassaki, os dias 16 e 17 desse mês serão os mais quentes e só depois a onda deve diminuir.
“O ápice deve acontecer por volta do dia 16, 17, mas ela não deve encerrar nesses dias, depois ela tem é uma queda, uma diminuição na magnitude das temperaturas”, diz a especialista.
Sassaki ressalta ainda que, apesar do calor, devem ocorrer chuvas isoladas e preocupantes, por haver uma umidade característica da primavera.
“São chuvas muito pontuais, o que predomina mesmo é o tempo mais firme. A tendência para essa onda de calor é que haja algumas instabilidades, porque é normal dessa época do ano”, afirma.
“Isso é um perigo, porque você tem uma condição de temperaturas muitíssimo elevadas, passando de 40 graus e uma unidade que consegue formar uma nuvem de chuva que se desenvolve muito rápido, provocando as tempestades de fim de tarde. Essa combinação de chuva e de calorão é extremamente preocupante, porque essa chuva pode ser com granizo, pode vir com trovoadas e até com rajadas de vento de moderada até forte intensidade, mesmo que seja uma chuva localizada pontual”, acrescenta a meteorologista.
Fonte: Nacional