Terminou neste domingo (2) o 26° encontro do Foro de São Paulo. Com a participação do presidente Lula, o encontro em Brasília teve início na quinta-feira passada e contou com a presença de 270 representantes de 57 organizações sociais.
Fundado em 1990 por meio de um convite do Partido dos Trabalhadores (PT) a partidos da América Latina e do Caribe para discutir a situação internacional após a queda do Muro de Berlim, na Alemanha, as ditaduras militares no mundo e o colapso da União Soviética, o fórum tem mais efeito simbólico do que ações concretas. Entretanto, a cúpula é usada por conservadores e militantes de extrema-direita para a disseminação de teorias da conspiração.
O Foro foi constituído em uma articulação política entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o então líder de Cuba, Fidel Castro. O nome “Foro de São Paulo” foi dado após a primeira reunião ter sido sediada na capital paulista.
Objetivos do Foro
Segundo o primeiro texto da cúpula, feito na década de 90, os objetivos do Foro de São Paulo são “avançar com propostas de unidade de ação consensuais na luta anti-imperialista e popular”, e “promover intercâmbios especializados em torno dos problemas econômicos, políticos, sociais e culturais” da região.
Em documento de 2017, o Foro atualizou seus valores e princípios, colocando os seguintes aspectos como guia:
- Democracia e autodeterminação
- Anti-imperialista e antineoliberal
- Integração regional e soberania
- Unidade e solidariedade
Segundo o cientista político e professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper), Leandro Consentino, “o Foro de São Paulo é um espaço muito mais de interlocução do que de ação, mas ele é tido como um bicho papão pela oposição atual, como se tivesse poder para organizar alguma medida comunista ou radical da esquerda”.
Lula no Foro de São Paulo
Durante o 26° encontro da cúpula na última semana, Lula disse que América do Sul viveu o melhor momento em 500 anos entre 2002 e 2010, quando somente políticos da esquerda estavam no poder. O chefe do Executivo disse ainda que ser chamado de “comunista” e de “socialista” muitas vezes é motivo de “orgulho”.
“Foi a vitória na Argentina, no Chile, no Brasil, na Venezuela, no Equador. Foi a vitória, inclusive, de pessoas mais progressistas nos outros países que estiveram do nosso lado. Além da vitória do nosso companheiro [Hugo] Chávez na Venezuela. Nós vivemos um período de muita expansão, de conquista social e de participação política no nosso continente”, disse Lula.
“Eu não creio que tenha havido um outro momento histórico em que a sociedade da América do Sul e da América Latina teve tantas conquistas e tantas políticas de inclusão social como tiverem nesse período de 2000 a 2010, 2012, até 2015, quando fizeram o impeachment da Dilma”, acrescentou o presidente.
De acordo com Leandro Consentino, ao participar do evento e dar esse tipo de declaração, Lula endossa o discurso da oposição, que fala que essa organização pode ser de fato poderosa e que teria capacidade de implementar uma ditadura comunista.
“O Lula dar essas declarações é um recibo e dá forças para a oposição, por mais que a organização não tenha esse objetivo”, acrescenta Consentino ao iG.
Participantes
No Brasil, as legendas que fazem parte do Foro são: o Partido dos Trabalhadores; o Partido Democrático Trabalhista (PDT); o Partido Comunista do Brasil (PCdoB); e o Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Na América do Sul e na América Latina são: o Partido Comunista de Cuba, que tem como filiado o presidente Miguel Díaz-Canel; a Frente Sandinista de Liberação Nacional, do presidente da Nicarágua, Daniel Ortega; o Partido Socialista Unido de Venezuela, que tem como integrante o presidente Nicolás Maduro; e o Movimento ao Socialismo, do presidente da Bolívia, Luis Arce.
Fonte: Nacional