O que é ‘red pill’, termo usado por influenciador acusado de misoginia

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O que é 'red pill', termo usado por influenciador acusado de misoginia
Reprodução/Instagram

O que é ‘red pill’, termo usado por influenciador acusado de misoginia

Desde que a atriz e humorista Livia La Gatto contou estar sendo ameaçada pelo ‘coach de masculinidade’ Thiago Schutz após uma sátira, mais conteúdos com teor misógino publicados por ele estão circulando pelas redes sociais. Na internet, Thiago é conhecido por ser dono de uma página de “red pill” , um movimento com o objetivo de ajudar os homens a reafirmar a suposta superioridade masculina e propagar ódio contra outros grupos, em especial, às mulheres. Em seu Instagram, o influenciador publica vídeos em que ensina os seus mais de 330 mil seguidores sobre como encontrar e tratar a “mulher ideal”.

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Para ensinar suas táticas de como exaltar a vaidade masculina e “pegar” mulheres, o tal do coach chega a cobrar até R$ 2,5 mil pelas consultas, a depender do nível de exclusividade exigido pelo cliente.

Totalmente retirado do contexto e apropriado por apoiadores da direita e da extrema-direita, o conceito das “red pills”  (ou “pílulas vermelhas”, em tradução livre) tem origem na trilogia Matrix. Na franquia, o protagonista Neo, vivido por Keanu Reeves, ganha duas pílulas e deve escolher qual delas tomar: a azul, que fará com que ele esqueça tudo o que aconteceu e continue vivendo na realidade virtual da Matrix; ou a vermelha, que o libertará e permitirá que ele tenha consciência sobre o mundo real.

O movimento  “red pills”  é uma forte e violenta oposição ao feminismo, por achar que as mulheres devem ser submissas e que o mundo é dividido entre os “machos alfa” (dominantes) e “machos beta” — estes, por sua vez, representados pelas “blue pills” , ou seja, vivem num mundo de ilusões, são ingênuos, “gados” corrompidos pelo sistema. Dentro dessa visão masculinista, as mulheres são sempre aproveitadoras, infiéis e também só servem para “pegar” ou transar quando têm menos de 30 anos, são antifeministas e não têm filhos.

Nos últimos dias, Thiago Schutz ficou famoso na web pelos codinomes “Coach do Campari” e “Calvo do Campari”, tudo por causa de uma entrevista a um podcast. Na ocasião, ele narra uma história envolvendo uma mulher que oferece uma “breja” a um homem que toma Campari. “‘— Ah, mas se eu pegar uma breja pra você, você toma comigo?’ / ‘— Mano, eu não tomo. Entendeu?’. A mulher tem muito essa coisa de tentar moldar o cara, tentar colocar o cara debaixo dela. Mas não é maldade, é como se fosse um teste realmente: ‘Deixa eu ver o quanto esse cara segura a opinião dele. Será que ele vai pegar essa breja só pra me agradar?”, declarou.

A repercussão foi tanta que levou o Grupo Campari a se pronunciar dizendo que “não tem, e nem nunca teve, nenhum tipo de relação, vínculo ou contato com Thiago Schutz”. Em nota divulgada à imprensa, a marca de destilados ainda afirmou que “se solidariza com todas as mulheres que foram envolvidas nesse caso de misoginia e ameaças, e rechaça veementemente toda atitude preconceituosa e violenta manifestada por este influenciador”.

Origem

Recentemente, a influenciadora e tiktoker Bruna Volpi descobriu e expôs de onde veio a fama de Thiago Schutz, o ‘coach da masculinidade’. Em um vídeo, ela conta que, em 2020, ele participou de um reality show da Netflix chamado O Crush Perfeito, no qual ele e outros candidatos disputavam o amor de Joelma Handziuk, uma mulher cinquentona, divorciada duas vezes e mãe de dois filhos. Sim, totalmente o oposto do perfil de “mulher ideal” que ele prega. Na época, ele ainda se apresentava com o seu sobrenome de registro, Schoba. E ao final da temporada, acaba não sendo escolhido por Joelma.

Depois da publicação, Bruna revelou que Thiago Schutz entrou em contato com ela pelo direct do Instagram. “Para de falar m*rda”, disse ele, antes ligar várias vezes para a conta.

Pouco antes, ele havia coagido outra mulher, Livia La Gatto, mencionada no início desta matéria. Depois de a atriz publicar uma sátira da fatídica entrevista, ela contou que recebeu uma mensagem do influenciador dizendo: “Você tem 24 horas para retirar o conteúdo sobre mim. Depois disso, é processo ou bala. Você escolhe”. Diante da ameaça, não só de processo, como também de morte, a atriz afirmou ter registrado um Boletim de Ocorrência contra o coach.


Acusação de golpe

Coach do Campari já foi ameaçado de golpe por usuária do Twitter
Reprodução

Coach do Campari já foi ameaçado de golpe por usuária do Twitter

Antes do reality show da Netflix estrear, Thiago foi acusado por uma usuária do Twitter de “roubar” seu livro e ficar com os lucros das vendas. O influenciador seria dono da editora Nova Editorial.

“Quando eu tinha 15 anos, fui roubada por esse cara, que é dono dessa editora (Nova Editorial). Ele publicou meu livro, e além de não me mandar o lucro, não enviou a obra para as pessoas que compraram. Agora, ele tá em uma série da Netflix”, dizia o post.

A internauta ainda acusava a Nova Editorial de não existir e apontava que Schoba (como era conhecido até então) usava a empresa para lesar escritores e ficar com o dinheiro das publicações. Os advogados dele diziam que iriam processar a jovem. O tweet original foi apagado.

Fonte: IG Mulher

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